quarta-feira, 31 de agosto de 2011

O sonoro e ritmado Jackson do Pandeiro

  Alguém conhece José Gomes Filho? Sabe que ele foi famoso? Provavelmente, muitos dirão que nunca ouviram falar nesse “artista”. Mas se dissermos que é o nome de batismo de Jackson do Pandeiro, o Rei do Ritmo, todos saberão de quem estamos falando. Uma figura ímpar da música popular brasileira, dono de um suingue impressionante, capaz de colocar a voz com precisão invejável e com recursos infinitos.
Jackson do Pandeiro é paraibano da cidade de Alagoa Grande, onde nasceu em 31 de agosto de 1919. Se estivesse vivo, estaria hoje fazendo 92 anos de idade e de muito ritmo na voz e no pé. Sua paixão na infância era a sanfona, mas por ser um instrumento muito caro, optou pelo pandeiro que recebeu de presente de sua mãe, Flora Mourão, a quem desde pequeno o menino ouvia cantar coco, tocando zabumba e ganzá.
Transferiu seu amor pela sanfona para a voz, que manuseava com extrema facilidade, imitando os requebros do instrumento de sua paixão. Dominguinhos dizia que ele era um verdadeiro “sanfoneiro de boca”. Como cantava muito em cabarés, pode também desenvolver seus dotes jazzísticos.
Jackson era inimitável, inigualável. Fazia malabarismo com a voz, dividindo a frase musical de várias maneiras.  Às vezes, esticava o verso ou uma palavra e compensava tudo lá na frente, dando brilho e entusiasmo à interpretação. Isso fica muito claro no vídeo postado aqui, no qual ele interpreta Sebastiana, de Rosil Cavalcanti, a primeira música que gravou em sua carreira.
Ficou órfão de pai muito cedo. Sua família mudou-se para Campina Grande, onde morou por cerca de seis anos, trabalhou como engraxate, entregador de pão e fazia pequenos serviços. Em 1948, mudou-se para Recife, onde foi trabalhar na Rádio Jornal do Comércio, período em que, por sugestão do diretor, trocou o apelido de infância de Jack do Pandeiro, para Jackson do Pandeiro, por ser mais sonoro e para causar mais efeito quando fosse anunciado no microfone.
Trocando em miúdos, José Gomes Filho sempre teve a história de seu nome, sua voz, as mãos, os pés e o corpo ligados diretamente ao ritmo. Casou-se com Almira Castilho de Albuquerque, que durante muitos anos dançou ao seu lado, inclusive aparecendo em várias cenas de filmes nacionais.
Depois, Jackson do Pandeiro mudou-se para o Rio de Janeiro, onde trabalhou na Rádio Nacional, fazendo grande sucesso com músicas como O Canto da Ema, Chiclete com Banana - de autoria do genial compositor baiano Gordurinha, que reproduzimos no vídeo abaixo -, Um a Um e Xote de Copacabana.
Jackson do Pandeiro é orgulho nacional. Adorado em todo o país, principalmente no Nordeste. Em Campina Grande, recebeu até estátua (foto ao lado), com seu tradicional chapéu de coco, o pandeiro e muita ginga no pé.
Sua discografia compreende mais de 30 álbuns no formato Long Play, o tradicional LP, que gravou durante os seus 29 anos de carreira. Fez escolas entre cantores que têm facilidades com o ritmo, como Alceu Valença, Xangai, Gilberto Gil e tantos outros.
Nós brasileiros, podemos gritar bem alto e forte, com sonoridade e ritmo: Viva Jackson do Pandeiro! O paraibano merece.
    

2 comentários:

  1. Esqueci de citar o compositor de Chiclete com Banana, que é o extraordinário Gordurinha, baiano da gema, aquele que disse "baiano burro, garanto que nasce morto". O amigo jornalista e advogado Josafá Dantas, "baiano macho", mandou-me um e-mail corretivo. Corri lá e postei a informação. Baiano, assim, como os paraibanos, são bons de briga.

    ResponderExcluir
  2. Do amigo e colega de trabalho José Lopes, recebi o seguinte comentário, por e-mail:
    "Amigo José Carlos esta matéria tem tudo a ver com o senhor Luiz Lopes ,cearense que por orgulho é meu pai e fã do grande ritmista Jackson do Pandeiro..Legal."

    ResponderExcluir