Saudades
Florbela Espanca
Saudades!
Sim... Talvez...
E por que não?
Se o nosso sonho
foi tão alto e forte.
Que bem pensara
vê-lo até à morte.
Deslumbrar-me de
luz o coração!
Esquecer! Para quê?
Ah! Como é vão!
Que tudo isso,
amor, nos não importe.
Se ele deixou
beleza que conforte.
Deve-nos ser
sagrado como o pão!
Quantas vezes,
amor, já te esqueci,
Para mais
doidamente me lembrar
Mais doidamente me
lembrar de ti!
E quem dera que
fosse sempre assim:
Quanto menos
quisesse recordar
Mais a saudade
andasse presa a mim!
Lembranças
José Carlos Camapum Barroso
Naquela latada, tem
Velhas vasilhas vazias,
Mãos
escorregadias,
Brancas
de Branca,
Negras
de Generosa...
Amadas
e Amélias.
Vasilhas luzidias
Entre dedos brilhantes
E
lágrimas cortantes.
Águas
que jorram...
Naquela latada, tem
Um mar doce de água
Por
onde Maria se foi...
Quantos
baldes,
Tantas
Abadias...
Tripa
de porco,
Buchada
de bode
E
sangue de boi.
Naquela latada, tem
Um espelho d’água,
Rosto
de meninos,
Sonhos
e mágoas...
Boca de cisterna,
Beirada de jirau,
Maxixe
no monturo
E
laranja no quintal.
Naquela latada, tem
Gotas de orvalho,
Rio
de lágrimas, suor,
Sorrisos
de crianças,
Segredos
em dor maior...
Tantas
lembranças.
Naquela latada, tinha
Uma casa, uma história,
Réstias
de saudades
E
uma foto na memória...
Mas
como dói.
Lindo e emotivo! Parabéns! Saudades e boas lembranças nos trás.
ResponderExcluirMeu café da manhã de sábado, poesia com lembranças. Obrigado Zé!
ResponderExcluirParabéns Zezão! Jamais vou esquecer sua " Lembranças" com seu "segredo em dor maior".
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