Alguém
se lembra do Massacre de Realengo? A chacina ocorrida no dia 7 de abril de 2011, por volta das
8h30 da manhã, na Escola Municipal Tasso da Silveira, localizada no bairro
de Realengo, na cidade do Rio de Janeiro. Um rapaz de 23 anos, Wellington Menezes
de Oliveira, invadiu a escola armado com dois revólveres
calibre 38 e começou a disparar
contra os alunos presentes, matando doze deles, com idade entre 13 e 16 anos, e
deixando mais de treze feridos. O rapaz, ao ser interceptado por policiais,
cometeu suicídio.
As grandes tragédias
acontecem no Brasil, mas, rapidamente, caem no esquecimento. O crime causou
comoção nacional e teve ampla repercussão internacional. Na época, chocado com
a dimensão desse acontecimento, escrevi os versos abaixo, como uma forma de
homenagear principalmente as mães daqueles garotos e garotas.
Resgato aqui para ajudar a
refrescar nossa memória e não deixar que essas tragédias simplesmente caiam no
esquecimento. São cinco anos e meio apenas, e, tenho certeza, muitos já
esqueceram.
Rio de sangue
José Carlos Camapum
Barroso
O
sangue viscoso,
Que
desce escadas,
Sobe
pelas paredes
Até o
quadro-negro...
Borra
janelas,
Transpõe
muros,
Atravessa
ruas,
Fere
montanhas,
Arranha
encostas.
Expõe-se
ao mundo,
Nos
braços abertos
Do
Cristo, redentor...
Do
pão, de açúcar,
Das
praias, abertas,
Da
cidade, maravilhosa.
O
sangue é jovem.
Não
para de jorrar
Por
veias abertas
De um
país, livre...
De um
mundo, novo,
De uma
Terra, global,
Do
Universo, infinito.
O
sangue é forte.
Lágrimas
apenas
Não o
contem.
O
sangue é jovem,
Viscoso
e vivo,
Afia e
desafia
Dores
de mães
Do
Realengo.
O Rio
é um mar,
Tinto
de lágrimas.
O Rio
é salgado...
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