A madruga é sagrada. É ali que o mundo se cala, o silêncio da noite toma conta e as cores dão sentido à vida. Os sons são diferentes, repercutem com maior intensidade, e ninguém passa despercebido. A noite é dos homens e das mulheres, dos prazeres. A madrugada é dos boêmios e seresteiros. O alvorecer é divino e supera todas as belezas que a Natureza nos oferece. É assim que aprendi a ver a madrugada, naquela Uruaçu distante, de tantos cantores e violeiros dedicados à arte das serenatas.
Olhos da noite
José Carlos Camapum
Barroso
Teus
olhos são de prata
Por
onde escorre a lua,
No
luar da serenata,
Madrugada
pela rua...
Esses
olhos tão verdes
Trazem
o brilho da mata
E
espalham prazeres
Onde
nasce a alvorada
Se
tão azuis e fieis,
São
os açaís da noite
A
brilhar pelos anéis,
Recortados
pelo açoite
Dos
frios ventos Alísios
A
inspirar os cantores,
Em
seus maiores delírios:
Os
soluços de amores.
Madrugada
é violeta
Tão
densa e espiritual...
E
a paixão secreta
Do
vermelho-laranjal
Enche
a rua de prazer!
Na
voz dos seus cantores,
A
noite a resplandecer,
De
gemidos e tremores.
Teus
olhos são Índigos
E
uma voz celestial
De
belos tons e signos
Traz
uma aurora boreal.
Quando
então o astro-rei
Salpica
os seus raios...
Madrugada
pede arreio:
Olha
o cantor de soslaio
E
pede à mãe-natureza,
Que
tão sábia lhe diz:
Tirei
da noite a beleza
Mas
dou-te o arco-íris!
Responde
então a Lua
Àqueles
olhos do luar:
Vamos
dar adeus à rua
Logo,
a noite irá voltar...
Quanta inspiração Sr Poeta!!! Linda poesia, maravilhosa Maria Betânia.
ResponderExcluirObrigado, Monica, pela sua participação aqui no blog. Abraço.
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