A Música Popular Brasileira
ganhou a data de hoje, em 17 de outubro de 2012, há exatamente quatro anos,
para que seja comemorada, reverenciada e valorizada. Na verdade, um dia para
tentarmos resgatar a beleza da MPB, tão ameaçada nas últimas décadas pela
indústria do consumo, principalmente no rádio e na televisão. O investimento é
no sucesso fácil, de baixa qualidade musical, letras ruins e apelativas,
principalmente no quesito da sexualidade.
A valorosa música popular
brasileira, que teve sua bela trajetória iniciada com Chiquinha Gonzaga (foto) e
outros mestres do choro, da polca e do maxixe, lá pelos meados do século XIX, mergulhou
numa crise sem precedentes, insultada pelo sertanejo brega, pelo funk de mau
gosto e por um forró-eletrônico de baixíssima qualidade musical.
Todo esse quadro ainda foi
agravado, nos últimos anos, pela pirataria de CDs e DVDs, ao ponto de desestimular
por completo o trabalho artístico de quem tem talento e não se submete aos
ditames das gravadoras, programas de auditórios na TV e outras chorumelas da
comunicação.
O samba, com muita raça e
talento, tem resistido a essa crise de qualidade que se abateu sobre a nossa
música brasileira. Desde suas origens, na sequência e influenciado pelo
ambiente criativo do chorinho, polca e maxixe, passando pelo fortalecimento na
virada do século XIX para o século XX, o samba tem conseguido se impor pela
qualidade e pelo talento de seus compositores.
O cenário obscuro da MPB
está marcado pela falta de criatividade, principalmente nas letras, que sempre foram o nosso forte. Caímos na mediocridade de temas fáceis e exploradores de uma
sexualidade, que nada tem de sensualidade. Um dos sucessos carnavalesco, para
ficar apenas num exemplo, “A Muriçoca Soca-Soca”, diz na letra que “o cachorro
lambe, o gato mia, a muriçoca pica”, para desaguar no refrão “lambe, minha pica”.
É muita mediocridade.
Vamos nos agarrar, então, ao samba e lutar com unhas e dentes para superarmos essa falta de talento, regada a muita apelação. Aproveitemos a data de hoje para não deixar morrer a chama dessa que é, sem sombra de dúvidas, olhando no contexto geral, uma das mais belas músicas populares do mundo.
Chiquinha Gonzaga nasceu no
dia de hoje, no ano de 1847. Mas, seu legado, de puro talento e inspiração, não
morreu 170 anos depois. A luz no fim do túnel não se apagou, e a nossa
esperança é a de que ela possa ganhar em vivacidade, o suficiente para nos tirar
dessa fase tão ruim, obscurantista e reducionista da nossa cultura.
Salve o Dia Nacional da
Música Popular Brasileira!
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