A Organização das Nações
Unidas (ONU) está lançando hoje o Dia Internacional pelo Fim da Impunidade dos
Crimes contra Jornalistas. Parece uma decisão meramente burocrática e formal,
mas não é, por uma razão muito simples e universal. Todos sabem que é uma
verdade incontestável a de que impunidade gera impunidade. E, por consequência,
injustiça para todos.
Martin Luther King foi
preciso ao afirmar que “a injustiça
que ocorre em qualquer lugar é uma ameaça para a justiça em todos os lugares.
Nós estamos presos em uma rede inescapável de mutualidade, amarrados em um
único tecido do destino. O que afeta uma pessoa diretamente afeta todos
indiretamente”.
Os
crimes contra a liberdade de expressão e o direito dos jornalistas
de denunciarem as desigualdades, a exploração e a violência são verdadeiros atentados
contra a humanidade, e a impunidade representa a perpetuação e ampliação
das injustiças.
Só
para se ter uma ideia parcial desse problema, basta lembrarmos que a Unesco
condenou, desde 2006, o assassinato de mais de 800 jornalistas em todo o mundo.
Menos de 7% desses crimes foram solucionados. A Federação Nacional dos
Jornalistas do Brasil registrou, no início deste ano, que os crimes contra os
profissionais da comunicação cresceram em 2015 na comparação com o ano
anterior. Os principais responsáveis pela violência contra jornalistas são a
polícia, políticos ou assessores de políticos e manifestantes.
Não
restam dúvidas que a impunidade gera impunidade e espalha injustiças. É mais do
que salutar essa decisão da ONU de criar um dia no calendário para que as
Nações, os estados-membro da organização e todos os segmentos mais diversos das
sociedades se empenhem neste compromisso: acabar com a impunidade nos crimes
contra jornalistas em todo o mundo.
Eu apelo à mídia, à
sociedade civil, à polícia e
ao sistema judiciário para
que aprofundem os esforços
para prevenir a violência contra jornalistas,
para aumentar a proteção
de jornalistas em perigo e para processar os
autores dos ataques.
Encorajo todos para que se posicionem junto à UNESCO
para condenar todos os ataques fatais contra
jornalistas, para pedir a investigação completa de tais crimes, e para exigir a
punição
adequada para os que
cometeram tais violações.
(Mensagem de Irina Bokova –
Unesco)
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