Alguém se lembra do Massacre de Realengo? Neste mês de abril, essa tragédia está completando seis anos. A chacina ocorreu no dia 7 de abril de 2011, por volta das 8h30 da manhã, na Escola Municipal Tasso da Silveira, localizada no bairro de Realengo, na cidade do Rio de Janeiro. Um rapaz de 23 anos, Wellington Menezes de Oliveira, invadiu a escola armado com dois revólveres calibre 38 e começou a disparar contra os alunos presentes, matando doze deles, com idade entre 13 e 16 anos, e deixando mais de treze feridos. O rapaz, ao ser interceptado e baleado por policiais, cometeu suicídio.
Amigos e familiares das vítimas não se conseguem se livrar da
dor e do trauma deixado pela chacina.
No ano de 2015, um monumento em homenagem às doze crianças e adolescentes foi inaugurada numa praça, nos fundos do colégio. São 11 estátuas com o rosto de onze vítimas e uma estátua de uma borboleta, que representa a 12ª vítima (os pais pediram para não ser moldado o rosto da filha).
No ano de 2015, um monumento em homenagem às doze crianças e adolescentes foi inaugurada numa praça, nos fundos do colégio. São 11 estátuas com o rosto de onze vítimas e uma estátua de uma borboleta, que representa a 12ª vítima (os pais pediram para não ser moldado o rosto da filha).
As grandes tragédias acontecem no Brasil, mas, rapidamente, caem
no esquecimento. O crime causou comoção nacional e teve ampla repercussão
internacional. Na época, chocado com a dimensão desse acontecimento, escrevi os
versos abaixo, como uma forma de homenagear principalmente as mães daqueles
garotos e garotas.
Resgato o texto com a esperança de ajudar a refrescar nossa memória, e não deixar que essas tragédias simplesmente caiam no esquecimento. São seis anos apenas, mas, tenho certeza, muitos já esqueceram.
Resgato o texto com a esperança de ajudar a refrescar nossa memória, e não deixar que essas tragédias simplesmente caiam no esquecimento. São seis anos apenas, mas, tenho certeza, muitos já esqueceram.
Rio de sangue
José
Carlos Camapum Barroso
O
sangue viscoso,
Que
desce escadas,
Sobe
pelas paredes
Até
o quadro-negro...
Borra
janelas,
Transpõe
muros,
Atravessa
ruas,
E
escala morros...
Fere
montanhas,
Arranha
encostas.
Expõe-se
ao mundo,
Nos
braços abertos
Do
Cristo, redentor...
Do
pão, de açúcar,
Das
praias, abertas,
Da
cidade, maravilhosa.
O
sangue é jovem.
Não
para de jorrar
Por
veias abertas
De
um país, livre...
De
um mundo, novo,
De
uma Terra, global,
Do
Universo, infinito.
O
sangue é forte.
Lágrimas
apenas
Não
o contém.
O
sangue é jovem,
Viscoso
e vivo,
Afia
e desafia
Dores
de mães
Do
Realengo.
O
Rio é um mar,
Tinto
de lágrimas.
O
Rio é salgado...
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