O Rio de
Janeiro faz hoje 453 anos. Ironicamente, sob intervenção federal. Justamente a
cidade brasileira mais aberta a todos os cidadãos e cidadãs do mundo. Com seu
Cristo Redentor de braços abertos para a baia de Guanabara, o Rio, mas
especificamente o carioca, sempre recebe de forma acolhedora, deixando-nos à
vontade para curtir e apreciar suas belezas e atrações, que são muitas.
Vejo o
Rio de Janeiro não apenas como uma cidade. É também um estado de espírito. O
astral, o humor e a disposição do visitante começam a melhorar quando se avista
a cidade pela primeira vez. Aquela aproximação do Rio de Janeiro já compensa a
viagem. Se chegamos de carro, então, melhor ainda. O sobe e desce da Serra do
Mar, as curvas da estrada, o espalhar da vista em direção à Cidade Maravilhosa,
tudo isso nos enche de contentamento. Imagino ser fantástica, também, a
aproximação da cidade maravilhosa pelo mar.
Mesmo com o fantasma da intervenção e os índices altos de violência, não podemos esquecer
que essa cidade, aos 453 anos, continua à disposição dos cariocas, brasileiros,
estrangeiros, indígenas e alienígenas, com sua Baía de Guanabara a nos receber
plenamente, o Cristo sempre redentor, e suas montanhas íngremes e ondas do mar
o tempo todo a nos advertir: deixar esse cantinho não é fácil, meu irmão!
Cantado em versos e prosas, músicas, estampado em fotografias, cinemas, pinturas... o Rio é fonte inesgotável de inspiração. Suas belezas são naturais e opõem o azul do mar ao verde das matas, a imensidão do céu à limitação das serras, do concreto e das construções que desconstruíram os morros.
O Rio é
tudo isso junto, amalgamado por uma energia sem precedentes e sem limites,
embalado pelo ritmo do samba, o balanço da bossa-nova, a melodia do chorinho e
os versos de Bandeira, Drummond e Vinícius. A musicalidade salta pelas
bochechas de Pixinguinha, o queixo de Noel, o nariz de Cartola, os olhos de
Chico e as orelhas de Ary Barroso. No peito, a batida forte de sambistas como
Beth Carvalho, Luiz Carlos da Vila, Candeia, Cartola, Monsueto, Silas de
Oliveira, Martinho da Vila, Moacir Luz e tantos outros... E as belíssimas
escolas de samba.
O Rio a
ser lembrado e homenageado não é o da violência e da intervenção federal. Isso
é passageiro e em breve será página virada da nossa história.
O Rio que está lá, hoje, a comemorar seus 453 aninhos de existência, sob o calor do Verão, o sol, a frescura das ondas e a ternura da brisa, que sopra pelo calçadão de Copacabana, os restaurantes, os bares e as ruas cheias de garotas de Ipanema, do Meier, do Leblon... esse é o Rio que habita nossas mentes e pulsa forte em nossos corações.
Infelizmente,
estamos aqui, pobres mortais, a enfrentar mais um dia de trabalho, a torcer para
que a sexta-feira chegue rapidamente e o fim de semana não seja tão quente.
Vamos continuar a embalar o sonho de rever o Rio de Janeiro logo, antes que o
Verão termine. Se não for possível, depois que ele passar e chegar o Outono, o
Inverno, a Primavera...
Enquanto
isso, vamos ouvir um pouco de música que traduza a grandeza do Rio. Tom Jobim e
Frank Sinatra, e na sequência Chico Buarque, João Gilberto e Stan Getz.
Mais do
que nunca é preciso cantar: Viva o Rio de Janeiro!
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