Se
há um lugar no serviço público brasileiro que tem muitas histórias engraçadas,
interessantes e curiosas, é em cartório de registro civil.
Quase
todo mundo conhece alguma história ocorrida em cartório quando os pais vão para
registrar seus filhos. Seja pelo inusitado dos nomes escolhidos, ou por causa
de erros, propositais ou não, cometidos pelos escrivães. Em alguns casos,
também é divertido o comportamento adotado pelos servidores.
Registro,
neste espaço, duas histórias ocorridas no interior brasileiro. Uma foi contada
por um colega de Banco do Brasil, nos tempos em que eu e a minha mulher Stela trabalhávamos
por lá. A outra foi contada no Facebook pelo amigo Rodrigo Kramer, morador e
músico em Uruaçu, Goiás. Uma situação que ele mesmo presenciou em um cartório,
a qual reproduzo mantendo a sua narrativa.
Entendimento errado
No
interior de Goiás, lá pelos idos de 1950, o pai e a mãe foram levar duas
crianças para realizar o registro de nascimento. Naquela época, era muito comum
o casal deixar para registrar a criança junto com o segundo filho, ou mesmo com
o terceiro, todos de uma vez só para resolver tudo na cidade em uma viagem só.
Os
pais se sentaram, humildemente, à frente do escrivão, com as crianças no colo.
O atendente, do alto de sua autoridade, perguntou com determinação:
– Quais os nomes das crianças, mamãe?
– Ela é
Neide e ele é Nelson – disse a mãe, com voz suave e carinhosa que só as mães
conseguem emitir.
Saíram
do cartório com a ilusão do dever cívico cumprido, em um país em que exercer
tal direito nunca foi fácil. Pouco anos depois, descobriram que as crianças
estavam registradas com os nomes de Eleneide e Elenelson. E assim
ficaram e estão por aí com esses nomes, devidamente registrados e conscientes de
que papai e mamãe fizeram sua parte no cumprimento do dever cívico. A Stela
conheceu o Elenelson, em Goiânia.
Nome apropriado
São tantas as pessoas com nomes estranhos.
Ou que não encontram seu correspondente no feminino ou no masculino. Meu nome,
por exemplo, é Rodrigo, mas, nunca vi nenhuma Rodriga por aí. No máximo, o
gênero neutro Rodrigues...
Quando
estava em um cartório, um casal, à minha frente, pediu para que fosse
registrada sua pequena filha. Ouvi o nome: Leide Max. A mulher do cartório, na
hora, arregalou o olho e disse pro casal:
– Esse nome é masculino!
– Qual? Leide?! – ironizou a mãe.
– Não... Max!
– Mas, é esse o nome que desejamos e vamos
colocar na nossa filha, queira você ou não!
A
regulamentadora de nomes, achou muita petulância da mãe, e retrucou:
–
Aqui neste cartório, não vai, não!
O
pai, calado, até então, pergunta:
– Qual é mesmo o seu nome minha senhora?
Ela
na maior displicência, responde:
– Maria José.
Neste
momento, fez-se um silêncio sepulcral no cartório. Ao fundo, dava pra ouvir um
pequeno zunido de quem segura uma risada prestes a explodir. Mas, foi
impossível contê-la. A gargalhada brutal contagiou a todos e a atendente
percebeu o grau da sua paranoia.
Leide
Max saiu do cartório com seu nome devidamente registrado.
Que legal, obrigado mais uma vez pelo apoio Zeca. Adoro histórias de cartório.
ResponderExcluirDe nada, imagina. É uma satisafação publicar aqui suas histórias (im)pessoais.
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