Dia
triste para a cultura brasileira. Pela manhã, saiu a notícia da morte da
cantora Gal Costa. No final da tarde, o Brasil ficou sabendo da morte do
apresentador, músico e ator Rolando Boldrin, aos 86 anos, de causa não divulgada
pela família. Ele estava internado Hospital Albert Einstein, em São Paulo. O
corpo do artista será velado na Assembleia Legislativa de SP, em data e horário
que ainda serão definidos.
Rolando
Boldrin foi importantíssimo para a cultura brasileira, em vários aspectos. Ele
costumava dizer que era apenas “um ator que canta, compõe e escreve”. Mas, foi muito mais que isso. Divulgou, valorizou e estimulou a música regional
brasileira. Sempre foi considerado o herdeiro direto do trabalho pioneiro de
Cornélio Pires, que ele conheceu ainda criança.
Neto de imigrantes do norte da Itália, Boldrin
nasceu em 22 de outubro de 1936 na cidade de São Joaquim da Barra, em São
Paulo, mas na infância mudou-se com a família para Guaíra, a poucos quilômetros
dali. Com o irmão Leili, o Formiga, formou a dupla caipira infantil Boy &
Formiga (cartaz, abaixo).
Após
várias tentativas, a primeira aos 16 anos, transferiu-se para São Paulo e
exerceu profissões diversas, como a de frentista e garçom, antes de ser
aprovado em um teste na Rádio e TV Tupi para ator e figurante, em
1958. Logo começou a fazer papéis maiores no canal, em programas como Teatro de
Novelas, TV de Comédia e Grande Teatro Tupi.
Boldrin participou de gravações musicais com sua primeira
mulher, a cantora e produtora Lurdinha Pereira, a partir de 1961. Compunha
então mais sambas que outros ritmos, como "Onde Anda Iolanda", que
concorreu ao terceiro Festival Internacional da Canção, de 1968.
Em paralelo, a carreira como ator de telenovelas deslanchava.
Atuou em 25 ao todo. Na Tupi, em dois momentos, até 1966 e entre 1973 1978; na Excelsior,
em 1968; na Record, entre 1969 e 1972; no SBT, em 1977, e na Bandeirantes,
entre 1979 e 1981. Canções de sua autoria integraram a trilha sonora de algumas
produções, inclusive novelas da Globo, como "Paraíso" e
"Cabocla".
A fase teatral de Rolando Boldrin passou pela experimentação
dos grupos Arena e Oficina, em período de tensão política. Sua estreia
foi em janeiro de 1966, na peça "Os Inimigos", de Górki, com direção
de José Celso Martinez Corrêa. Em 1968, atuou na "Feira Paulista de
Opinião", dirigida por Augusto Boal, sob ameaças do CCC, o Comando de Caça
aos Comunistas. O interesse na coleta
de tradições regionais brasileiras se refletiu na produção de seus discos, que
passaram a ter viés cada vez mais caipira, a partir de "O Cantadô",
de 1974. Gravou cerca de 250 músicas, entre composições próprias e de outros
autores.
Em 1976, com "Palavrão", surgiu o formato que veio
consagrar Boldrin —a mistura de conversa mansa, música regional e poesia
declamada em um show próprio, com Antonio Abujamra na direção e acompanhamento
da Banda de Pau e Corda.
O roteiro foi
seguido com sucesso na televisão cinco anos depois, na criação do programa Som
Brasil, na TV Globo, sob sua batuta até 1983. E funcionou nas versões similares
que produziu em outras emissoras —Empório Brasileiro, na Band, em 1984, Empório
Brasil, no SBT, em 1989, Estação Brasil, na CNT, em 1997, e Sr. Brasil, na TV
Cultura, desde 2005.
Foram
ocasiões em que Boldrin deu visibilidade a artistas brasileiros das mais
variadas tendências musicais, unidos pelo elo comum da sonoridade acústica.
Não surpreende que Boldrin, um agente de difusão cultural, tenha se tornado também objeto de manifestação popular —sua vida virou tema do enredo da escola Pérola Negra no Carnaval paulistano de 2010. Foi mais um causo que ele pôde contar.
Minha paixão pela arte de Boldrin começou em meados dos anos 1970 e nunca mais parou. Tem interpretações belíssimas de canções verdadeiramente populares e era um contador de causos primoroso.
RIP, Rolando Boldrin! Agora, vai cantar e contar suas histórias no reino do céu.
(PS – Pesquisa realizada nas redes sociais, principalmente no site da Folha de São Paulo e no UOL)
Um perda inestimável para a verdadeira nação brasileira!brasileira
ResponderExcluirGrande artista... com um bela vida construida.
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