A
querida cidade de Uruaçu, incrustada no centro do Brasil e do mundo (há também
estudos de que ela estaria no centro do Universo), é – e sempre foi – uma região
muito rica culturalmente. Sua produção literária e musical é relevante no
cenário do Centro Oeste brasileiro.
Temos
um grupo de amigos no WhatsApp, sob o nome de Amigos do Zé Sobrinho, voltado para manter acesa a chama desse viés
cultural da terrinha. Recentemente, foi organizada a edição de um livro de
poesias que já está na gráfica sendo editado e virá com o título de As Tranças
de Ana.
Nas
duas últimas semanas, por termos sidos provocados, melhor, instigados, quatro
poesias foram elaboradas e lançadas lá no grupo, de forma bem espontânea e
descompromissada. Uma de minha autoria e outra de minha irmã Juracema Camapum
Barros, e duas poesias dos irmãos Ítalo Campos e Itaney Campos. Dois pares de
irmãos.
Publico-as
para avaliação dos leitores do blog. Também serve como uma pitada do que vem
aí, em breve, em forma de livros de poemas de uruaçuenses.
Esperamos
que gostem. Beijos no coração e viva a Cultura tão desprestigiada e atacada nesses últimos quatro anos.
Ocaso
Juracema Camapum Barroso
Tenho
o olhar fixo
Diante
do sol do ocaso.
Não
há como ignorar o belo entardecer.
Ou
não alegrar com as estrelas surgindo...
Amarelo,
rosado partindo
Como
uma tristeza pálida
O
final do dia tem algo
de
perde-se no encontro da
noite.
A
luz docemente esvaindo entre os transeuntes,
exalta o colorido das vestimentas.
Esta
é a arte do céu: morrer o dia e nascer a noite.
O
fluxo dos destinos mudam.
Apressados,
lentos, perdidos.
Há
os que nem sabem o que fazer de si.
Terra em Trans
Ítalo Campos
Transporta
o trem do futuro
novos
gêneros transfigurados
em
velocidade vertiginosa
transcorrendo
do futuro ao futuro.
Neste
imenso transatlântico
dependurado
no universo
Tudo
é transitório!
Tudo
múltiplo e concentrado
transcurado!
Transeunte,
na avenida de mão única.
Sem
nome, um número, um transviado,
em
constante transformação.
Não
há rastro, traço, a transmitir.
Todos
em trânsito. Transparente!
O
sol se pôs pelo lado do oriente.
Nenhuma
transcendência é possível,
nenhum
transbordamento com a poesia,
apenas
um transamazônico ruído
é
repetido.
Todos
somos trans.
Transfixados
pela espada da ciência.
Transitórios!
Não há dor. Nada a transpor.
Nada
a transgredir, nada a transbordar.
Tudo
vazio transfundido.
Trans
torno,
Transtorno!
E agora, José?
José Carlos Camapum Barroso
(Para Lastênia)
Sei
lá agora o que farei nesta hora
Em
dias tão difíceis, em noite escura
Minha
alma implora por doçura
Quando
a amargura já não demora
Sei
lá o que farei neste momento
De
nobre sentimento tão aviltado
Pela
dor de que houvera retirado
Do
fundo da alma todo sofrimento...
Mergulhar
o coração no leito do rio?
Afogar
as mágoas na noite, madrugada
Seria
então apenas mais um desafio
Que
não acalmaria esta dor passada
À
beira de uma estrada, em desvario,
Indo
também embora para Parságada
Soneto Antigo
Itaney Campos
Ah, estranho mal de amor, tão decantado,
Tanto
espinhoso quanto bem querido,
Em
vão procuro tê-lo resumido
No
peito ainda cedo magoado.
Aumentá-lo é aumentar a dor, um fado
Que
me domina o peito malferido,
Se
o busco restringir, vejo crescido
O
mal que em mim pressinto arraigado.
Filho da liberdade, me aprisiona,
Pródigo
de cuidados, me abandona,
Fazendo
da razão mesmo, cegueira.
De uma gentil senhora carecente,
Amor
é chama, corvo persistente
que
a alma me dilacera a vida inteira.
Muito bom, José! Essa turma é demais! Valeu!
ResponderExcluirValeu! Obrigado pela participação.
ExcluirMuito boas as poesias, lindas o "Ocaso" é muito sensivel... no aguardo do livro as tranças de Ana.
ResponderExcluirObrigado, Rodrigo, pelas palavras carinhosas e pela participação no blog.
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