A
cidade de São Paulo faz hoje 469 anos. Nos anos de 2021 e 2022, as comemorações
não existiram ou foram limitadas pela pandemia da Covid-19. Este ano,
felizmente, está sendo diferente. As atividades comemorativas começaram no
sábado (21) e só terminam no domingo (29). Sob o tema “São Paulo, o mundo se
encontra aqui”, a megalópole para nesta quarta-feira com a realização de shows,
inaugurações e atividades culturais diversas. A cidade merece.
São
Paulo tem quase a idade do descobrimento do Brasil e sua história se confunde
com a do país. Tem tudo no âmbito da indústria, comércio, diversão, artes e
cultura. Os problemas também são muitos e com a dimensão de um país. Mas, seus
atrativos são grandiosos e nos deixam entusiasmados.
Estar
em São Paulo é se sentir amplo, realizado. As possibilidades são tantas que nos
consideramos parte delas. Nossos sonhos crescem junto com a dimensão da cidade
e tudo o que ela nos oferece.
Senti
isso de forma mais relevante quando conheci a Vila Madalena e suas opções de
boemia tão tradicionais e admiradas. A começar pelos nomes poéticos das ruas:
Paulistânia, Harmonia, Purpurina, Girassol, Original, entre outros. De repente,
você se encontra na esquina da Harmonia com a Purpurina. Nomes que foram
sugeridos por estudantes anarquistas que frequentavam o bairro.
Hoje,
pela manhã, tive a oportunidade de assistir uma bela matéria no Bom Dia Brasil
da TV Globo. Entre outras atrações, mostrou o mercado de São Paulo, que
comemora 90 anos, com suas frutas deliciosas e maravilhosas, lanches apetitosos
e petiscos convidativos.
O
que não tenho visto ser ostentado por aí, com grandeza e orgulho, é a cultura
caipira, que Som Paulo fez nascer e cultivou por tantos anos. No campo da música,
a cidade viu brotar a música caipira de qualidade, mas também presenciou,
assiste até hoje, o sucesso dos sertanejos oportunistas, como um tal de
Daniel, que fez dupla com João Paulo, e outros do mesmo nível, de uma pobreza
artística impressionante.
O
universo caipira foi desbravado pelo paulista Cornélio Pires, que, se ainda
estivesse vivo, não permitiria esse vácuo na cultura secular de São Paulo. Tudo
isso está muito claro nos belos versos de Nhô Bento, resgatados por Rolando
Boldrin, como abertura da música Paulistinha, composição de Barreto, que
reproduzo no vídeo abaixo.
Tenho
admiração pela São Paulo dos tempos de Alvarenga e Ranchinho, Raul Torres, Zé
Fortuna, Nhô Bento, Barreto, Tonico e Tinoco e tantos outros que fizeram
estrada na música verdadeiramente sertaneja – ainda existe? Faço essa pergunta
pelo fato de o São Paulo de agora fazer 469 anos e ter se transformado num
verdadeiro país dentro do Brasil. Tem um mundo dentro de si e carrega, como
consequência, problemas que são inimagináveis para essa cabecinha, aqui, lá do
interior goiano...
São
Paulo continua a desafiar qualquer raciocínio lógico, abrigando gente de
todas as partes do país e do mundo. Caetano Veloso teve uma sensibilidade
extraordinária ao compor Sampa, que fala da beleza impressionante e assustadora
da cidade, de sua Rita Lee e de tantas outras realidades.
Viva
São Paulo e Som Paulo! O de agora e o de sempre! Dos tempos dos caipiras até os
dias de hoje, passando por Paulo Vanzolini, Adoniran Barbosa e tantos outros de
saudosa memória! A cidade é rica culturalmente e não apenas financeiramente."
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