sexta-feira, 10 de fevereiro de 2023

Quando o corpo descansa e a alma vira encanto

 

Para onde vão os animais quando morrem? Viram pó ou passam a ocupar, também, um lugar no céu pela vida eterna? Pergunto isso por que gostaria de saber para onde terá ido, ou para onde ainda irá o nosso Kant (cachorro que tinha nome de filósofo), depois de ter dado seu último suspiro, quarta-feira, 8 de fevereiro.

No plano material, suas cinzas serão espalhadas aos pés de pequi do quintal da nossa casa e juntar-se-ão aos restos mortais do gato Freddy, de saudosa lembrança. Os dois conviveram, em nossa casa, por alguns anos, mais ou menos harmonicamente. Agora, retornam ao pó e estarão, finalmente, unidos e em paz, graças às propriedades inerentes à matéria.

O plano espiritual é mais complexo. Nem o Livro Sagrado traduz bem o que está reservado ao animais depois dessa passagem. O que se depreende do Eclesiastes é que os filhos dos homens e os animais têm o mesmo destino. “Todos caminham para um mesmo lugar. Todos saem do pó e para o pó voltam” (Ecl. 3.20).

São Francisco dedicou aos animais o mesmo carinho, dedicação, devoção, admiração e cuidados que aos homens. Andou pelo mundo e levou seus préstimos a todos, sem distinção entre seres. Além de santo, era um poeta, filósofo, dono de uma coração capaz de abrigar uma arca de Noé a fugir de tempestades mundanas.


Se assim sempre foi, segundo a palavra divina, se assim parece ser nesses tempos de tantas modernidades, assim deverá ser ao longo dos séculos que virão, enquanto houver almas (inferiores ou superiores, não importam), e elas estiverem por aqui ou, quem sabe, para além do nosso entendimento e para além da infinita luz que compõe a imensidão do Universo.

Em algum desses pontos estará a alma do Kant, a nos olhar (é possível?) com aqueles mesmo olhinhos condescendentes, vigilantes, amigáveis e acolhedores. Uma alma sem o corpo, que restou apenas em nossas memórias. Antes de voltar ao pó, estava ali, sempre disponível para ajudar, proteger, vigiar e fazer companhia, mesmo quando os fogos, em artifícios, avisavam, de forma estrondosa, que quem carecia de aconchego era o animal.

Siga em paz, nosso eterno e sempre fiel amigo. R.I.P Kant!


Cinzas e Alma

José Carlos Camapum Barroso

 

Vamos espalhar as cinzas

Dos animais pelo quintal

Como se espalha o bem

Para que combata o mal

 

E a alma possa, em paz,

Alcançar a luz infinda.

Nela, o amor, seja capaz

De ser palavra bem-vinda,

 

Resgatada pela existência

De um ser tão superior,

Que na sua benevolência

Foi o bálsamo da dor...

 

Cinzas e natureza, unidas,

Vão guardar uma certeza:

Todos somos nesta vida

Uma parte da Natureza,

 

Sopro de Deus a guiar...

Dias, noites da existência,

A capacidade de sonhar

E o gosto pela Ciência.


13 comentários:

  1. Chorei aqui Zé. Recebemos a morte do Kant com muito pesar. Doendo ainda.

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    1. Muito triste, Carlos. Vamos guardar a memória dele. Obrigado.

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    2. Grande Zé, sabes o tanto que gostava do Kant. Fiquei sabendo agora. Muito triste.

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  2. Que texto lindo, Zé!!!! ♥️🙏🏼🐶

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  3. Ele era amor, amizade, para todos que se aproximava. Sabia amar como jamais tinha sentido tão forte em um animal. Ficam as eternas lembranças.

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  4. Emocionante, sinto muito por sua perda... Foi uma bela despedida.

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  5. Deixou saudade, lembre das alegrias q. Ele proporcionou amigo de todas as horas seu cãozinho 🐶 abraço da sua amiga Lastênia.

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    1. Obrigado, amiga, pelas palavras carinhosas e pela participação aqui no blog.

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  6. Chorei wuandoubeu soube do Kant. E agora lendo está homenagem não consegui conter as lágrimas . Só quem ama os animais sabe a dor que sentimos quando eles partem .

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