Que
saudades da professorinha que me ensinou o bê-á-bá! Dona Ditosa, com sua voz
levemente grave, um pouco rouca, mas, de alta sonoridade, a deixar em nossas
mentes, também em nossos corações, os primeiros e sublimes passos na caminhada
pelo conhecimento da língua portuguesa. Depois vieram outras e outros:
Artulina, Julieta e a tabuada, Vilanir e as noções preliminares de ciência,
doutor Cristovam e o bê-á-bá de línguas estrangeiras –, e tantos mais a
transmitir conhecimentos que iriam nos permitir andar com as próprias pernas.
Professor
é isso, e toda a gratidão do mundo ainda é pouca para homenageá-lo neste 15 de
outubro, reservado aos mestres. O que fazer então? Talvez uma oração singela,
mais de coração, pedindo ao bom Deus que os proteja e guarde de todos os males
que assolam este mundo. Ou, melhor ainda, que lhes dê a vida eterna. Só os
professores merecem a grandeza do infinito.
Lembro
bem do professor Irani, funcionário do Banco do Brasil, que nos ensinava
Geografia. Foi o primeiro mestre liberal na nossa trajetória. Permitia que os
alunos ficassem à vontade nas suas aulas, inclusive podendo fumar em sala. Isso
foi revolucionário no final nos anos 1960. Hoje, ele seria execrado em praça
pública. Com o passar do tempo, mudam-se alguns valores...
Vi professor ser humilhado e ameaçado por aluno em sala de aula, mas isso era raro e nem por isso menos deprimente. Nesse sentido, parece que as coisas pioraram. É comum professor ser agredido por aluno nas escolas da sociedade moderna. Também é muito triste perceber que o dia de hoje tem sido marcado mais por protestos do que por homenagens aos professores.
Um pouco de História
Tudo
começou no dia 15 de outubro de 1827, quando D. Pedro I baixou o decreto
imperial que criou o ensino elementar no Brasil. No documento, foi determinado
que “todas as cidades, vilas e lugarejos tivessem suas escolas de primeiras
letras”.
Também
foram regulamentados no texto a descentralização do ensino, o salário dos
professores, as matérias básicas que deveriam ser aprendidas por todos os
alunos e a forma com que os docentes deveriam ser contratados.
Em
1947, mais de um século após o decreto imperial ter sido baixado, aconteceu a
primeira comemoração dedicada ao professor. Foi o professor Salomão Becker que
teve a ideia de fazer do dia um feriado, propondo uma reunião com toda a equipe
da escola em que trabalhava para que fossem discutidos os problemas da
profissão, planejamento das aulas e trocas de experiências. Segundo o discurso
de Becker, “professor é profissão; educador é missão”.
A
celebração foi oficializada nacionalmente como feriado escolar pelo Decreto
Federal nº 52.682, de 14 de outubro de 1963, que tinha por objetivo “promover
solenidades em que se enalteça a função do mestre na sociedade moderna, fazendo
delas participar os alunos e as famílias”. Assinado pelo presidente João
Goulart, instituiu essa data há
exatamente 50 anos.
A
Educação não seria matéria tão grandiosa e essencial se fosse o talento, a
humildade, a paciência, a grandeza, o conhecimento, a dedicação e a honradez dos
professores. Desejar a eles um salário digno, melhores condições de trabalho e
uma aposentadoria decente, tudo isso é muito pouco. Mas, para tanto, ainda falta muito...
Aos mestres, com carinho, um beijo e a frase lapidar da poetisa goiana Cora Coralina: “Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina.”
Um aluno dorme,
Cansado das canseiras desta vida.
O professor vai sacudí-lo?
Vai repreendê-lo?
Não.
O professor baixa a voz,
Com medo de acordá-lo."
(Carlos Drummond de Andrade)
Amei primo como sempre um primos suas postagens. 🥰
ResponderExcluirObrigado, Rô. Meus agradecimentos pelas palavras carinhosas e pela participação aqui no blog.
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