Lavrar
a terra é atividade antiga da humanidade. Surgiu no período neolítico, entre 10
a 6 mil anos Antes de Cristo. Esse período, da nova pedra ou da pedra polida,
termina com o surgimento da escrita. Dizem que brotou aí o sedentarismo, pois
os homens e mulheres começaram a se agrupar em locais de terras férteis, e
neles se fixavam, abandonando as práticas nômades.
A
arte de lavrar a terra tem as mesmas características de toda e qualquer
atividade do homem que visa o bem comum. É feita com carinho, zelo, dedicação e
muito trabalho. Em termos de produção, evoluiu através dos tempos graças a mecanização,
novas tecnologias. Mas, nunca perdeu o glamour da associação das mãos do homem
à terra, da família e também das lutas que estão associadas a posse, a distribuição
e usufruto de riquezas.
Haicai
Suor que lavra
dor lava a alma
De quem sonhou
José Carlos Camapum Barroso
As
artes – pinturas, teatro, cinema, música, poesia e prosa – todas, sem exceção,
sempre navegaram pelos mares de tão vasta cultura.
Hoje
é Dia do Lavrador. Justa homenagem àqueles que fazem parte desse universo tão
significativo para nossa existência. Nada melhor do que essas belas e sábias
palavras de Cora Coralina. E a canção antológica de Chico Buarque para Funeral
de um Lavrador.
O cântico da
terra
Cora Coralina
Eu sou a terra, eu sou a vida.
Do meu barro primeiro veio o homem.
De mim veio a mulher e veio o amor.
Veio a árvore, veio a fonte.
Vem o fruto e vem a flor.
Do meu barro primeiro veio o homem.
De mim veio a mulher e veio o amor.
Veio a árvore, veio a fonte.
Vem o fruto e vem a flor.
Eu sou a fonte original de toda vida.
Sou o chão que se prende à tua casa.
Sou a telha da coberta de teu lar.
A mina constante de teu poço.
Sou a espiga generosa de teu gado
e certeza tranquila ao teu esforço.
Sou o chão que se prende à tua casa.
Sou a telha da coberta de teu lar.
A mina constante de teu poço.
Sou a espiga generosa de teu gado
e certeza tranquila ao teu esforço.
Sou a razão de tua vida.
De mim vieste pela mão do Criador,
e a mim tu voltarás no fim da lida.
Só em mim acharás descanso e Paz.
De mim vieste pela mão do Criador,
e a mim tu voltarás no fim da lida.
Só em mim acharás descanso e Paz.
Eu sou a grande Mãe Universal.
Tua filha, tua noiva e desposada.
A mulher e o ventre que fecundas.
Sou a gleba, a gestação, eu sou o amor.
Tua filha, tua noiva e desposada.
A mulher e o ventre que fecundas.
Sou a gleba, a gestação, eu sou o amor.
A ti, ó lavrador, tudo quanto é meu.
Teu arado, tua foice, teu machado.
O berço pequenino de teu filho.
O algodão de tua veste
e o pão de tua casa.
Teu arado, tua foice, teu machado.
O berço pequenino de teu filho.
O algodão de tua veste
e o pão de tua casa.
E um dia bem distante
a mim tu voltarás.
E no canteiro materno de meu seio
tranquilo dormirás.
a mim tu voltarás.
E no canteiro materno de meu seio
tranquilo dormirás.
Plantemos a roça.
Lavremos a gleba.
Cuidemos do ninho,
do gado e da tulha.
Fartura teremos
e donos de sítio
felizes seremos.
Lavremos a gleba.
Cuidemos do ninho,
do gado e da tulha.
Fartura teremos
e donos de sítio
felizes seremos.
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