Neste
último dia 16 de fevereiro, este blog completou onze anos de existência e
resistência para continuar sobrevivendo e lutando pela cultura. De lá pra cá,
foram publicados 759 posts, que receberam 1.175 comentários. Chegamos a quase
429 mil leituras, sendo o texto sobre o “Violão apreendido é salvo pelos versos
do poeta”, com 35,5 mil acessos.
O
surgimento do blog e as primeiras dicas sobre como postar, editar e manter o
funcionamento, devo ao colega, amigo, jornalista e poeta Maranhão Viegas, que
também tem o seu Blog do Viegas.
O
amigo, poeta, escritor, desembargador Itaney Campos foi o escolhido para abrir
o blog naquele 16 de fevereiro de 2011, com a sua bela poesia Áspera Flor. De
lá pra cá, foram muitos textos, poesias, contos, crônicas, fotografias, músicas
relacionados de alguma forma ao mundo da cultura, nacional e mundial.
Desde
Áspera Flor, dezenas de poemas foram publicados nestas páginas. Vários artigos,
crônicas, contos, ensaios, em sua maioria do próprio autor do blog, mas,
também, de outros artistas, jornalistas, poetas, cronistas e contistas. O espaço
sempre esteve aberto para todos e todas. E continuará com suas portas escancaradas
para o mundo da cultura.
Cidades
– como a nossa querida Uruaçu –, estados, países, pontos turísticos, culturais
e históricos foram sempre abordados por aqui. E continuarão sendo.
Para homenagear essa data em que comemoramos onze anos de existência, publicamos abaixo poemas de uruaçuenses, tendo como tema o córrego Machombombo – ou será um rio? Ou Machambombo? Ou Maxambombo? –, que atravessa a cidade, deságua no Passa Três, depois no Maranhão, no Tocantins, que desagua no bolsão Marajoara, ou Baía do Marajó, e, por fim, no imenso Oceano Atlântico. Os poetas, pelo menos, enxergam tudo isso e muito mais...
PS
– O blog segue aberto para os colaboradores que transitam pelo mundo da
cultura.
Machombombo vive
Luiz Ricardo Oliveira
da Silva
O
Machombombo é para Uruaçu,
Como
o sangue é para o corpo;
Num
passado não distante
Matava
a sede desse povo.
Hoje
vive bem desprezado
E
por nós abandonado...
Mas
é resistente, é frondoso.
Ainda
resta uma esperança
De
ver esse córrego brilhar,
Ainda
tenho na lembrança
Quando
nele podíamos banhar;
Éramos
felizes e realizados,
São
memórias do passado
Que
dá vontade de chorar.
Machombombo
é patrimônio
Da
nossa história ambiental;
Era
fonte que alimentava
Nossa
essência cultural.
Ainda
vive nessa peleja,
Lutando
contra a sujeira
Nesse
enorme lamaçal
No
meu sonho ele é límpido
De
águas claras, transparente.
Voltava
então a alimentar
E
matando a sede dessa gente!
Nosso
Machombombo viverá,
Nós
voltaremos a brincar
Em
suas águas correntes”.
Machombombo
Ítalo Campos
O
Rio da minha vila não é Vermelho, nem das Almas
é
Machombombo.
É
o maior rio do mundo, o mais bonito.
Nele
cabem piabas, papa-terra e jaú,
cabem
canoas e jangadas
no
tempo dos meus avós.
Meu
rio é o maior rio do mundo
e
me leva ao Passa Três, Maranhão,
ao
Tocantins e Araguaia.
Meu
rio desagua no céu.
Meu
rio me banha,
(e
aos meus amigos)
me
afaga, me refresca
e
me esconde.
Sobre
ele a ponte, a vila.
Ele,
a marca, a vala, o limite,
o
nome majestoso,
o
mergulho gostoso
no
fundo do quintal.
Meu
rio é lindo
e
proparoxítona.
E
fio d'agua na minha
velhice.
Rio do meu coração
Itaney Campos
O
Machambombo não tem a largura do Tejo.
Nem
a formosura do Tejo. Muito menos a majestade do Tejo.
O
Machambombo,
que
também se escreve Maxambombo,
não
tem sequer a limpidez do Tejo,
garboso
rio de Portugal
espelho da vetusta, heráldica,
heróica
cidade de Lisboa.
O
Maxambombo é um riozinho obscuro,
nem
os peixes costumam frequentá-lo.
Esse
riacho sequer consegue banhar
os
barrancos da
modesta
vila de Santana,
minha
terna cidade natal.
O
Maxambombo é humilde, tal qual o povo da minha terra,
mas
é o Ribeirão que atravessa a minha longínqua
infância
a
reter os seus segredos palpitar suas venturas
no
fundo dos seus poços remansosos.
Nos
murmúrios desse riacho
a
história da nossa gente,
a
melancolia do nosso povo
e
suas cantigas
e
suas rezas de antigamente.
Nas
águas desse Ribeirão
fluem
as vozes dos nossos avós,
as
velhas mangueiras que desabaram,
os
casarões que se apagaram,
os
longos vestidos, os colares, as porcelanas,
os
véus e os chapéus de palha de nossos avós.
Nas
espumas desse riacho
se
infiltram nossas mortes, nossos cantos, nossos filhos,
o
futuro como esgotado veio.
O
Maxambombo, a escorregar
por
entre as pedras,
se
desmancha sem remorsos,
nas
águas rasas do rio Passa três.
O
Maxambombo parece às vezes
derramar-se,
em
gotas,
dos
meus olhos mais antigos.
E
correr por entre os dias, não pro rio Maranhão,
mas
para as vias venosas
que
fazem deslizar disparado
o arroio do meu coração.
Rio da Alma
José Carlos Camapum
Barroso
O
rio que corta minha cidade
Corta
antes meu coração,
Desperta
nossa memória,
Faz
soar sinos das Igrejas,
Abre
as portas do armazém,
Das
lojas e bares dispersos
Pelas
avenidas da ilusão.
O
rio que corta a minha cidade
É
um pedaço da nossa alma
Perdida
na imensidão
De
tantos anos distantes
Das
suas águas, corredeiras...
Poços,
pedras, seixos, pecados,
Pensamentos,
versos, canção...
Tudo
brota da nossa mente,
Transita
pelas nossas veias
Impulsionado
pelo coração
Mambembe,
descompassado
De
tanta saudade do que se foi,
Ansiedade
por tudo que virá.
O
rio Machombombo corta
A
nossa cidade, apara as arestas
Dos
novos tempos, sem deixar
Que
os velhos tempos morram
Afogados
pelas águas turvas
E
revoltas da indiferença.
O Machombombo corta Uruaçu,
Corta também
o estado de Goiás,
Um
país chamado Brasil,
A
Terra e, quiçá, o Universo.
Mansamente...
como se fosse
Morrer
ali na curva do rio.
Parabéns Zecablog! Foram 759 maravilhosas e ricas postagens! 16 anos é a flor da idade! Siga nos acalentando a alma! Vamos rumo às bodas de prata!
ResponderExcluirObrigado, Solange, pelas palavras carinhosas. Você sempre atenta às coisas do blog. Valeu!
ResponderExcluirParabéns ao Blog pelos 11 pela cultura que promove, pelo destaque que dá aos artistas de Uruaçu-GO... Parabéns!!
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