O
Dia Internacional da Mulher é muito mais de luta do que de comemorações.
Principalmente no Brasil que ocupa a 80ª colocação num levantamento que analisa
a qualidade de vida para as mulheres, ficando ao lado de Fiji e Suriname. Enquanto
o orçamento do governo federal para o combate à violência contra mulheres é o
menor em quatro anos, a cada 10 minutos uma mulher é vítima de estupro e a cada
7 horas uma mulher é vítima de feminicídio no país. Nada a comemorar.
Muitas
razões para se ampliar a luta em defesa das mulheres, seu direitos e aspirações em uma sociedade terrivelmente machista. Elas, ao lado das
crianças e dos idosos, foram as vítimas mais atingidas por uma nova realidade
imposta pela pandemia da covid-19. Como se não bastasse, também o crescimento das redes
sociais e o maior acesso à internet trouxeram um aumento da violência política
contra as mulheres, intensificando os ataques virtuais.
A
luta pelos direitos das mulheres vem de longa data. O 8 de março foi
escolhido para homenagear 129 mulheres que foram mortas pela repressão ao
movimento grevista de uma fábrica, em Nova Iorque. Lutavam pela redução da jornada
de trabalho, então de 16 horas, para 10 horas diárias, equiparação de salários
com os homens, que chegavam a ganhar três vezes mais do que as mulheres, e
tratamento digno no ambiente de trabalho.
O
ano era o de 1857. Durante uma manifestação, a companhia Triangle Shirtwaist
foi fechada. Um incêndio começou e se alastrou tão rapidamente que foi
impossível evitar a morte de 146 pessoas (129 operárias e 17 operários, que
estavam na fábrica na hora do protesto), apesar dos esforços dos bombeiros.
Muitas vítimas morreram queimadas e algumas, sufocadas pela ingestão de fumaça.
Somente
no ano de 1910, a data foi declarada como o Dia Internacional da Mulher,
durante uma conferência realizada na Dinamarca. No ano de 1975, a Organização
das Nações Unidas (ONU) declarou a data como dia oficial da luta das mulheres
pelos direitos sociais. Daquele longínquo ano de 1857 até os dias de hoje,
foram duras e muitas as lutas das mulheres pelos seus direitos. De lá pra cá, as
conquistas foram se sucedendo, mas ainda há muito a ser conquistado. E muitas
injustiças a serem combatidas.
Precisava
passar tantos anos e acontecer tantas tragédias para que a sociedade
reconhecesse os direitos da mulher? Direitos óbvios: remuneração digna,
compatível com a dos homens, tratamento justo nos locais de trabalho, direito
de votar, direito à licença maternidade e tantos outros que foram sendo
conquistados ao longo dos anos...
Talvez,
por todas essas injustiças acumuladas e mantidas para com as mulheres através
dos tempos e dos espaços, os homens buscam recompensá-las, enchendo-as de
flores, presentes, versos, canções e monólogos de amor...
Eu também fiz esses meus versos, postados abaixo, numa tentativa de ajudar a aplacar um pouco das minhas dívidas para com as amigas, companheiras, colegas de trabalho e de profissão e, principalmente, para com aquela que sofre ao meu lado, no dia a dia, todas as pequenas, médias e grandes injustiças. Publico, também, os versos do jornalista, poeta e amigo Maranhão Viegas, um artista no manuseio das palavras.
No campo musical, uma Nova Ilusão, de Pedro Caetano e Claudionor Cruz é uma bela homenagem às mulheres, elegantemente apresentada na voz suave e macia de Paulinho da Viola.
Passada
a euforia das comemorações, não podemos nos esquecer de que o dia da mulher não
se encerra à meia-noite deste 08 de março de 2022. Pelo contrário, continua
pelos dias, meses e anos afora, assim como a luta delas pelos direitos iguais.
A
luta continua, companheiras!
Mulher
José Carlos Camapum Barroso
Nem com uma
flor
Se bate
numa mulher.
Ela é fonte
de amor,
Pétala do
bem-me-quer.
Nem com um
buquê
De rosas
deve apanhar...
Se não
sabes por quê?
Logo, logo
saberás.
Ponhas num
vaso
O buquê de
flores.
Em cima,
por acaso,
Um cartão
de amores.
Em volta,
espalhes
Rosa,
lírio, jasmim...
Como a
lembrares
Um canto do
jardim.
Verás,
então, surgir
Nos lábios
da mulher
Um sorriso,
elixir
Para dor
qualquer...
No rosto,
corado,
Verás a
expressão
De um ser
amado
A revelar
gratidão.
E olhos...
brilhantes,
Marejados
de prazer,
Desejos
cintilantes
Estarão a
oferecer
Abraços e
beijos
Regados de
emoção...
Revelam
desejos
Que brotam
do coração.
Saberás que
mulher
Não é para
apanhar.
Mas, sim,
para ser
Objeto do verbo amar.
Mulher
Maranhão Viegas
Substantivo
feminino, singular.
Dissílabo
que guarda a nossa origem humana.
Viemos
de seu ventre.
Ela
é o eixo de onde fomos gerados.
E
ainda assim, há quem desmereça sua essência.
Entretanto,
mesmo às vezes não lhe restando mais que a margem,
é
ao feminino que sempre recorremos.
Quando
se faz a dor.
Quando
o medo nos alcança.
Quando
a assombração dos tempos devassa nossa alma.
Para
todo coração dilacerado
Haverá
sempre algo capaz de juntar, unir os cacos,
Resignificar
o sofrimento, transformando dor em amor.
Mulher. Substantivo feminino, singular.
"Dia Internacional da Mulher é mais um dia de luta": Bela homenagem! Ótimo histórico...bom relembrar e aprender.
ResponderExcluir"Mulher"José Carlos Camapum Barroso: Linda poesia!
Agradecido, Marilda. E parabéns por esse dia!
ExcluirUm ótimo texto, Zé Carlos! 👏👏
ExcluirValeu, Itaney, pelas palavras carinhosas e por sua participação no blog. Abraço!
ExcluirÓtimo texto, completo em trajetória histórica, em Poesia e música, parabéns Zeca... E parabéns as mulheres
ResponderExcluirObrigado, Rodrigo pelas palavras gentis.
ExcluirZé parabens pelo homenagem às mulheres. Linda poesia.
ResponderExcluirValeu, obrigado.
ExcluirMulheres, luta e arte: ótima mistura! Maravilha de texto, tio Zé Carlos!
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