Nei
Lopes completou 80 anos nesta segunda-feira. Nós brasileiros, amantes da cultura,
temos que comemorar e agradecer aos céus pela existência de um artista tão
sublime. Nascido no Rio de Janeiro, em 9 de maio de 1942, Nei Lopes é escritor,
cantor, compositor e estudioso das culturas africanas, formado em Direito e
Ciências Sociais pela antiga Universidade Brasil, hoje Universidade Federal do
Rio de Janeiro (UFRJ).
Um
currículo para ninguém botar defeito. Mas antes disso, e acima de tudo isso, um
cidadão brasileiro, talentoso, apaixonado pelas artes e orgulhoso do seu povo,
sua gente, suas origens. Tem mostrado isso, com graça, charme e bom humor, em
tudo que faz na vida, principalmente nas canções e nos livros.
Nei
Lopes completou mais um ano de vida com 44 livros publicados, 10 discos
lançados e uma dezena de prêmios e títulos recebidos, entre eles, o de Doutor
Honoris Causa pelas universidades estadual e federal do Rio de Janeiro.
Nos
álbuns que lançou como cantor, aprofundou o olhar da diáspora africana sob o
prisma da música, utilizando como ferramenta o samba, mas também por meio de
ritmos ancestrais como jongo, lundu, maxixe e xiba. Gêneros musicais que
prepararam o terreiro para o samba.
Negro
Mesmo (1983), disco editado pela gravadora Lira Paulistana com distribuição da
Continental, é referência no tema. É desse álbum o Jongo do Irmão Café, uma das
obras-primas da parceria do compositor com o conterrâneo carioca Wilson Moreira
(1936 – 2018).
A
dupla gerou músicas que reverberam ainda hoje, como Ao Povo em Forma de Arte
(1977, samba apresentado por ninguém menos do que o engajado Candeia), Coisa da
Antiga (partido alto gravado por Clara Nunes em 1977), Candongueiro (composição
apresentada pela mesma Clara Nunes em disco de 1978), Gostoso Veneno (samba
lançado por Alcione no álbum homônimo de 1979) e Senhora Liberdade (samba
apresentado na voz de Zezé Motta em 1979).
Nei
Lopes também lançou álbuns de carreira solo, como Sincopando o Breque, Partido
ao Cubo e Chutando o Balde, todos marcados por forte suingue e perfeitamente harmonizados
com o que escreveu em seus livros, enfocando suas origens.
No
ano de 1981, uma tragédia mudaria significativamente o artista. Como ele mesmo
conta, em uma entrevista a Carta Capital. “Perdi o mais novo de meus dois
filhos, que tinha completado 4 anos na véspera, em um acidente no mar. A partir
daí, depois de muito sofrimento, minha vida tomou outro rumo, felizmente pra
melhor. Tudo o que produzi de mais significativo começou aí. Este tem sido meu
caminho”, revelou à revista.
O
povo brasileiro, a cultura do país e da nossa gente deve muito a Nei Lopes, um
artista grandioso e um ser humano admirado por todos que o conhecem.
Viva Nei Lopes! E obrigado por tudo!
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