Erasmo
Carlos morreu nesta terça-feira (22/11), Dia do Músico e cinco dias depois de
ganhar o Grammy com o álbum O Futuro Pertence... à Jovem Guarda, na
categoria de “Melhor Álbum de Rock ou de Música Alternativa em Língua
Portuguesa”. O cantor e compositor tinha 81 anos e havia sido internado ontem,
de manhã, no Hospital Barra D’Or, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, às
pressas.
Erasmo
havia recebido alta hospitalar no início do mês, após ficar internado por nove
dias, com um quadro de edema. A esposa Fernanda estava ao lado do cantor no
momento em que ele faleceu. A causa da morte ainda não foi divulgada.
O
Tremendão, como era conhecido, foi o pioneiro do Rock’n’Roll no Brasil. Ao lado
de Roberto Carlos, amigo e eterno parceiro, foram os grande ídolos da jovem
guarda, movimento pop que embalou os adolescentes dos anos 1960 ao ritmo do
iê-iê-iê.
Erasmo
Carlos começou a curtir rock no subúrbio da cidade natal do Rio de Janeiro (RJ)
assim que a revolução sonora, capitaneada por Elvis Presley (1935 – 1977) nos
Estados Unidos, ecoou na mente de jovens cariocas que detectaram no som de
Elvis, Jerry Lee Lewis (1935 – 2022) e Little Richard (1932 – 2020) a mais
completa tradução da rebeldia que sonhavam ter.
Ao
morrer aos 81 anos, Erasmo ainda parecia apegado ao sonho do menino roqueiro
que, no balanço frenético das horas, integrou entre 1957 e 1961conjuntos
juvenis como The Sputniks – do qual participava também o futuro amigo de fé e
parceiro Roberto Carlos, além do invocado Tim Maia (1942 – 1998) – The Boys of
Rock e The Snakes.
Foi
como integrante do Snakes que Erasmo debutou no mercado
fonográfico em julho de 1960, com o single de 78 rotações que trazia as músicas
Pra Sempre (Forever) e Namorando. Esse histórico single saiu três anos antes de
o cantor gravar discos como crooner do conjunto Renato e seus Blue Caps.
Erasmo
Carlos teve três filhos: Gil Eduardo Esteves, Leonardo Esteves e Carlos
Alexandre Esteves, frutos do casamento do Tremendão com Sandra Sayonara Saião
Lobato Esteves, a Narinha, falecida em 1996.
Pai
presente, Erasmo Carlos compartilhou o sofrimento da morte de Carlos Alexandre
Esteves, em 2014, com os fãs. Gugu, como era apelidado pela família e amigos,
foi vítima de um acidente de moto na Orla da Barra da Tijuca, no Rio de
Janeiro. Ele teve traumatismo craniano e morreu após uma semana de internação.
O
Tremendão vinha há alguns meses tratando uma síndrome edemigênica, doença que
ocorre quando há um desequilíbrio bioquímico, dificultando a manutenção dos
líquidos dentro dos vasos sanguíneos. Geralmente é causada por doenças
cardíacas, renais ou dos próprios vasos.
Com
a implantação do reino pop da Jovem Guarda, a partir de agosto de 1965, Erasmo
ganhou fama e virou popstar em carreira solo que começara em maio de 1964 com a
edição do single Jacaré/ Terror dos Namorados. Depois, recebeu impulso
relevante a partir de outubro de 1964, com o lançamento do single que apresentou
o rock Minha Fama de Mau.
Só
que, de mau, Erasmo sempre teve somente a fama alardeada no rock. No trato com
as pessoas e o mundo, Erasmo era gentil, doce, segundo todos aqueles que com o
Tremendão conviveram.
Aberta
em 1963 com o rock Parei na Contramão, a fundamental parceria de Erasmo com
Roberto Carlos conciliou dois universos musicais distintos, ainda que ligados
pelo rock e pelo romantismo. Tanto que a discografia de Erasmo evoluiu bem
diferente da obra fonográfica de Roberto.
Se
as diferenças eram menos nítidas na era da Jovem Guarda, quando Erasmo virou o
Tremendão e lançou álbuns como A Pescaria com Erasmo Carlos (1965) e Você me Acende
(1966), discos repletos de testosterona e rebeldia ingênua, elas ficaram mais
explícitas ao longo dos anos 1970.
Depois
de décadas de sucesso, o roqueiro, de espírito fraterno e sempre jovial, entrou
no século XXI com fôlego renovado. Entre discos ao vivo, o Tremendão renovou o
repertório com os álbuns Pra Falar de Amor (2001), Santa Música (2003) e
Rock'n'Roll (2009).
Produzido
por Liminha, que deu o devido polimento a parcerias inéditas de Erasmo com
Nando Reis e Nelson Motta, o jovial álbum Rock’n’Roll abriu trilogia
revigorante que gerou os álbuns Sexo (2011) e Gigante Gentil (2014), este feito
com Kassin.
Com
o fôlego renovado, Erasmo lançou em 2018 um dos melhores álbuns da vasta obra: Amor
é Isso, gravado sob direção artística de Marcus Preto, também mentor do 33º e
último álbum do Tremendão, O Futuro Pertence à... Jovem Guarda (2022),
produzido por Pupillo e lançado em fevereiro com músicas da Jovem Guarda até
então nunca gravadas por Erasmo, casos de Alguém na Multidão (Rossini Pinto,
1965) e Tijolinho (Wagner Benatti, 1966), destaques do disco agraciado com o
Grammy Latino.
Erasmo
teve tempo de celebrar o prêmio, mas não teve tempo de gravar o álbum de
músicas inéditas que já planejara fazer com Marcus Preto.
Pilar do rock brasileiro quando o país ainda nem tinha um mercado de rock propriamente dito, Erasmo Carlos foi gigante que jamais ficou à sombra de Roberto Carlos. Gigante gentil como a obra afetuosa, atravessada pelo amor às mulheres e à natureza. E marcada pelo culto a esse tal de rock'n'roll, paixão juvenil que acompanhou o artista por toda a vida.
(PS - Pesquisa realizada em sites e veículos de comunicação)
Merecida homenagem ao Tremendão. Somos muito privilegiados por termos tantos ídolos incríveis. Erasmo é um artista plural, deixou muitas marcas em nossas vidas e vai existir eternamente em nossos corações .
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