Quem
hoje é vivo corre perigo, como disse de forma poética e profética o compositor
Jatobá, na bela música Matança, gravada com tanto esmero por Xangai, em
2005, no álbum Que Qui Tu Tem Canário. Tudo que está vivo na fauna e na
flora da Mata Atlântica está condenado à morte ou à extinção. Esse é o cenário
que deslumbramos no Dia Nacional da Mata Atlântica, comemorado hoje (27/05) sem
que se tenha algo a festejar.
Na
verdade, devemos usar esta data como instrumento de conscientização e de luta
pela preservação deste que é, nos dias atuais, o bioma mais ameaçado do mundo.
Destruição que recai sobre uma mata que serve de lar para 70% da população
brasileira, envolvendo 17 estados do Piauí ao Rio Grande do Sul, e engloba uma
parte da Argentina e do Paraguai.
A
Mata Atlântica é uma das regiões mais ricas do mundo em biodiversidade, mas conta
com apenas 12,5% de suas florestas originais. Um bioma que chegou a ocupar área
de mais de 1,1 milhão de quilômetros quadrados e cobrir 15% de todo o
território nacional.
A
maioria dos animais e plantas ameaçadas de extinção do Brasil pertencem a este
bioma, e das sete espécies brasileiras consideradas extintas em tempos
recentes, todas se encontravam distribuídas na Mata Atlântica, além de outras
exterminadas localmente. A maior parte das nações indígenas que habitavam a
região por ocasião da colonização já foi dizimada, sendo que as remanescentes
subsistem em situação precária, em terras progressivamente ameaçadas por
interesses diversos.
A
Mata Atlântica e seu bioma significam também abrigo para várias populações
tradicionais e garantia de abastecimento de água para mais de 100 milhões de
pessoas. Parte significativa de seus remanescentes está hoje localizada em
encostas de grande declividade. Sua proteção é a maior garantia para a
estabilidade geológica dessas áreas, com o que se evitaria grandes catástrofes
que já ocorreram onde a floresta foi suprimida, resultando em consequências
econômicas e sociais extremamente graves. A Mata Atlântica abriga ainda
belíssimas paisagens, cuja proteção é essencial ao desenvolvimento do
ecoturismo, uma das atividades econômicas que mais crescem no mundo.
Entre
os principais motivos para sua preservação podemos citar alguns: ela regula o
fluxo dos mananciais hídricos; assegura a fertilidade do solo da região; suas
paisagens oferecem belezas cênicas; controla o equilíbrio climático; protege
escarpas e encostas das serras; fonte de alimentos e plantas medicinais; lazer,
ecoturismo, geração de renda e qualidade de vida; além, claro, de preservar um
patrimônio histórico e cultural imenso.
Logo
após o descobrimento do Brasil, grande parte da vegetação da Mata Atlântica foi
destruída devido à exploração intensiva e desordenada da floresta. O pau-brasil
foi o principal alvo de extração e exportação dos exploradores que colonizaram
a região e hoje está quase extinto. O primeiro contrato comercial para a
exploração do pau-brasil foi feito em 1502, o que levou o Brasil a ser
conhecido como “Terra Brasilis”, ligando o nome do país à exploração dessa madeira
avermelhada como brasa.
Outras
madeiras de valor também foram exploradas até a extinção, como por exemplo a
tapinhoã, sucupira, canela, canjarana, jacarandá, araribá, pequi, jenipaparana,
peroba, urucurana e vinhático. Muitas delas estão citadas na música Matança,
que publicamos abaixo.
O
que temos hoje nesse bioma é muito pouco. E precisa de muito para ser
preservado. O desastre poderá ser ainda maior. Salvemos a Mata Atlântica,
antes que seja tarde.
Nenhum comentário:
Postar um comentário