Invisíveis
foram os judeus que conseguiram sobreviver na Berlim nazista até o final da
Segunda Grande Mundial, escapando do extermínio determinado por Adolf Hitler.
Estima-se que sete mil judeus tenham permanecido na capital da Alemanha, mas
somente 1.500 deles sobreviveram à perseguição nazista e ao bombardeio dos
aliados. Conseguiram sobreviver na invisibilidade.
Invisíveis
são os mendigos que dormem nas calçadas das grande cidades. Perambulam pelas
ruas, pedem esmola e ajuda nos sinaleiros sem que sejam vistos ou percebidos.
Sofrem preconceitos. Além de não
possuírem as condições básicas de sobrevivência (comida, água, local para
dormir etc.), estão suscetíveis a maus tratos, violência e principalmente ao
desprezo e ao abandono.
Ilustração das Cidades Invisíveis de Italo Calvino |
Também
são invisíveis os varredores de rua, lixeiros, porteiros, idosos e as crianças.
Estas não são vistas, mas têm a capacidade e a sensibilidade de enxergar aquilo
e aqueles que são, em tese, invisíveis, aos olhos dos adultos. As
crianças acenam, cumprimentam, conversam com esses personagens da sociedade moderna...
Os
invisíveis são vítimas da dureza do cotidiano, do desprezo, da falta de afeto,
do autoritarismo e do fanatismo político, religioso e ideológico. De tão invisíveis
são transparentes, não carregam manchas, nódoas, mágoas ou ressentimentos.
Talvez
por isso mesmo, sobreviveram e sobrevivem. Sobreviverão?
Transparência
José Carlos Camapum Barroso
Invisível transparência
Nessa malemolência
Que endurece a pele
E blinda corações.
Almas que vagueiam
Pelos quatro lados
Do espaço redondo,
De mentes quadradas.
Almas que se perdem
No infinito, adormecem
Em buracos-negros
De tantas indiferenças.
Mãos estendidas em vão
Não superam a solidão,
Inibem, traem a indignação
De tão poucos indignados.
Invisível transparência
Em tempos modernos
De tantas lentes, contatos...
Instantaneamente sós.
Almas que se amoldam
Em becos, ruas e avenidas...
Não dormem, apenas tiram
O sono de passantes.
Porque não acordam,
Trazem recordações
Sempre desprezíveis,
Preservadas na indiferença.
Invisível transparência
De uma dor trespassada,
Transpassada no tempo
De sempre para sempre.
Lindo!
ResponderExcluirBela reflexão... E totalmente atual as discussões políticas.
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