Amigo é coisa pra se guarda do lado esquerdo do peito... Assim falava a canção de Milton Nascimento, e deve continuar assim dizendo hoje e sempre. Nos dias atuais, mais ainda. Estamos rompendo, gradativamente, com o tempo de isolamentos, distantes de familiares e dos amigos. Durante quase dois anos, nos afastamos daquelas pessoas que podiam nos apoiar e emprestar um ombro reconfortante, uma palavra amiga e estimulante para que enfrentássemos tantos desafios.
O
cruel desse tempo de pandemia – ainda não totalmente superado – é que ficamos
distantes dos amigos de copo e de bar. Aqueles fiéis e autênticos companheiros,
que são capazes até de tomar uma, ou até mesmo duas!, em homenagem a um parceiro
ausente, distante, ou mesmo para aqueles que os deixaram por um outro mundo,
provavelmente melhor que este. O desprendimento dos amigos costuma ser tanto
que chegam a oferecer “um gole pro santo”... Isso é que é grandeza.
E
nós brasileiros valorizamos tanto a amizade que o Dia do Amigo é comemorado por
aqui duas vezes no ano. A primeira comemoração, mais popular e bem conhecida,
acontece no dia 18 de abril. No Brasil, Uruguai, Argentina e Moçambique a
comemoração ocorre no dia de hoje, 20 de julho, em função do já consagrado Dia
Internacional do Amigo, criado pelo argentino Enrique Ernesto Frebbaro, por
considerar a chegada do homem à lua um símbolo de união entre todos os seres
humanos. Várias nações consideram o 30 de julho como O Dia Internacional da
Amizade.
O
cartunista Péricles Maranhão, da revista O Cruzeiro, que deixou de circular há
muitos anos, criou o personagem Amigo da Onça e por consequência a expressão
que se tornou popular, justamente por trazer no seu bojo uma crítica àquele
sujeito que pensa mais em si do que nos amigos.
O
personagem foi baseado em um garçom que sempre se aproximava de Péricles para
saber o que o freguês estava fazendo. O cartunista explicou que ganhava a vida
assim, fazendo aqueles desenhos de humor para a revista Cruzeiro. E o garçom
não titubeou: “Puxa, eu queria ter um vidão desse”.
Na verdade, Péricles tirou a expressão de uma piada antiga e bastante popular, que não nos fará mal algum recordá-la nesta página:
-
O que você faria se estivesse na selva e aparecesse uma onça na sua frente?
-
Dava um tiro nela
-
E se você não tivesse uma arma de fogo?
-
Furava ela com minha peixeira
-
E se você não tivesse uma peixeira?
-
Pegava qualquer coisa, como um grosso pedaço de pau, para me defender
-
E se não encontrasse um pedaço de pau?
-
Subia numa árvore
-
E se não tivesse nenhuma árvore por perto?
-
Saía correndo
-
E se suas pernas ficassem paralisadas de medo?
Nisso,
o outro perdeu a paciência e explodiu:
- Peraí! Você é meu amigo ou amigo da onça?"
Amizade
é um bem que não faz mal a ninguém e é bem mais feliz quem a tem. Digo isso
porque jogo naquele time das pessoas que valorizam os amigos. Sem eles, a vida
perde muito da razão de ser. As grandes tragédias da humanidade, além de outras
motivações, revelavam sempre por trás o dedo forte e temerário da inimizade. Os
nazistas, por exemplo, tinham por princípio considerar o povo judeu seus
inimigos. Deu no que deu.
O
bom mesmo é ter sempre, ao nosso redor, verdadeiros amigos, e deixar os amigos
da onça, os falsos amigos, apenas para o universo das piadas e das charges
humorísticas.
Melhor
repetir com Milton Nascimento que “amigo é coisa pra se guardar do lado esquerdo
do peito”...
👏👏👏
ResponderExcluir👏👏👏👏👏👏👏👏
ResponderExcluirTemos que brindar nossa amizade qualquer dia desses.
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