Inacreditável!
Em pleno século XXI, mais de dois mil anos depois de Jesus Cristo pregar e
espalhar o amor e a justiça entre homens e mulheres, o feminicídio no Brasil
bateu recorde no ano de 2022. Foram 1,4 mil mulheres mortas apenas pelo fato de
serem mulheres – uma média de uma a cada seis horas. O maior índice desde que a
Lei do Feminicídio entrou em vigor, em 2015.
Isso
nos reforça a visão de que o Dia Internacional da Mulher é muito mais de luta
do que de comemorações. Principalmente no Brasil que ocupa a 80ª colocação num
levantamento que analisa a qualidade de vida para as mulheres, ficando ao lado
de Fiji e Suriname. Enquanto o orçamento do governo federal para o combate à
violência contra mulheres é o menor em quatro anos, a cada 10 minutos uma
mulher é vítima de estupro e a cada 6 horas uma mulher é vítima de feminicídio
no país. Nada a comemorar.
Muitas
razões para se ampliar a luta em defesa das mulheres, seu direitos e aspirações
em uma sociedade terrivelmente machista. Elas, ao lado das crianças e dos
idosos, foram as vítimas mais atingidas por uma nova realidade imposta pela
pandemia da covid-19. Como se não bastasse, também o crescimento das redes
sociais e o maior acesso à internet trouxeram um aumento da violência política
contra as mulheres, intensificando os ataques virtuais.
A
luta pelos direitos das mulheres vem de longa data. O 8 de março foi escolhido
para homenagear 129 mulheres que foram mortas pela repressão ao movimento grevista
de uma fábrica, em Nova Iorque. Lutavam pela redução da jornada de trabalho,
então de 16 horas, para 10 horas diárias, equiparação de salários com os
homens, que chegavam a ganhar três vezes mais do que as mulheres, e tratamento
digno no ambiente de trabalho.
O
ano era o de 1857. Durante uma manifestação, a companhia Triangle Shirtwaist
foi fechada. Um incêndio começou e se alastrou tão rapidamente que foi
impossível evitar a morte de 146 pessoas (129 operárias e 17 operários, que
estavam na fábrica na hora do protesto), apesar dos esforços dos bombeiros.
Muitas vítimas morreram queimadas e algumas, sufocadas pela ingestão de fumaça.
Somente
no ano de 1910, a data foi declarada como o Dia Internacional da Mulher,
durante uma conferência realizada na Dinamarca. No ano de 1975, a Organização
das Nações Unidas (ONU) declarou a data como dia oficial da luta das mulheres
pelos direitos sociais. Daquele longínquo ano de 1857 até os dias de hoje,
foram duras e muitas as lutas das mulheres pelos seus direitos. De lá pra cá,
as conquistas foram se sucedendo, mas ainda há muito a ser conquistado. E
muitas injustiças a serem combatidas.
Precisava
passar tantos anos e acontecer tantas tragédias para que a sociedade
reconhecesse os direitos da mulher? Direitos óbvios: remuneração digna,
compatível com a dos homens, tratamento justo nos locais de trabalho, direito
de votar, direito à licença maternidade e tantos outros que foram sendo
conquistados ao longo dos anos...
Talvez,
por todas essas injustiças acumuladas e mantidas para com as mulheres através
dos tempos e dos espaços, os homens buscam recompensá-las, enchendo-as de
flores, presentes, versos, canções e monólogos de amor...
Eu
também fiz esses meus versos, postados abaixo, numa tentativa de ajudar a aplacar
um pouco das minhas dívidas para com as amigas, companheiras, colegas de
trabalho e de profissão e, principalmente, para com aquela que sofre ao meu
lado, no dia a dia, todas as pequenas, médias e grandes injustiças. Publico,
também, os versos do psicanalista, poeta e amigo Ítalo Campos, um artista no
manuseio das palavras.
No
campo musical, uma Nova Ilusão, de Pedro Caetano e Claudionor Cruz é uma bela
homenagem às mulheres, elegantemente apresentada na voz suave e macia de
Paulinho da Viola.
Passada
a euforia das comemorações, não podemos nos esquecer de que o dia da mulher não
se encerra à meia-noite deste 08 de março de 2023. Pelo contrário, continua
pelos dias, meses e anos afora, assim como a luta delas pelos direitos iguais.
A luta continua, companheiras!
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