Comediante
é uma das profissões mais antigas da humanidade. Remonta aos tempos dos teatros
de tragédias e comédias, feitos com máscaras, ainda na Grécia Antiga. Depois,
foi ganhando contornos, textos, roteiros e chegou-se ao humorista, que a rigor
nunca deixa de ser comediante.
Falando
sério, rir não é brincadeira. Para dominar a arte de ser comediante é preciso
talento para que predominem a comicidade, o sorriso e a alegria. Trabalhar com
o humor exige, também, sensibilidade, bom-senso e uma capacidade nata de
encontrar o timing – sem ele, o bom-humor desaba.
Neste
dia 26 é mais uma data feliz no calendário dos profissionais do riso: o Dia do
Comediante. O Dia do Humorista é comemorado em 12 de abril, data em que nasceu
Chico Anysio, um dos maiores expoentes do mundo da comédia e do humor, que
deixou personagens marcantes na televisão.
A
comédia, veio da palavra “komoidia”, que é a junção de duas palavras: “komos”
(profissão jocosa, engraçada) e “oidé”: canto. Ou seja, comédia, nada mais é do
que um “canto engraçado”.
É um gênero que tem como principal objetivo “acabar” com o clima de
seriedade do público. Humoristas e comediantes entram em ação com o mesmo
objetivo. No Brasil, esses profissionais, por meio de um texto, já divertiram
inúmeras gerações. As histórias apresentadas, em cena, fictícias ou verídicas,
são redigidas, sempre, com coesão e coerência. Portanto, o roteiro deve ter
sentido e mais que isso: entendido por quem o assiste.
Sobre
a questão entre comediante e roteirista, o ator e roteirista, Jamerson Andrade,
explica que o comediante, ao seu ver, tem mais liberdade para brincar com
qualquer tema ou oportunidade, a fim de levar alegria à plateia, assim como o
humorista. Só que este trabalha, também, em cima de textos e direção. “São
livres, no entanto, seguem um fio condutor, via texto”.
Na
nossa pequena Uruaçu, lembro de alguns personagens que eram verdadeiros
comediantes, embora não exercessem esse dom como um profissão. Numa roda de amigos,
de conversas fiadas, tomavam conta da situação, tornando o ambiente leve, bem-humorado
e agradável.
Luiz
Coelho, primo primeiro da minha mãe, era um sujeito engraçado, tocava tudo na troça.
Boêmio, meio irresponsável, levava a vida na flauta. Já o barbeiro Zé Paraibano,
que trabalhava no salão do Valdomiro, em frente ao armazém do meu pai, era um cidadão
sério, trabalhador, cumpridor do seu dever, mas que raramente abria a boca se
não fosse para fazer uma pilhéria.
Luizinho,
meu primo, entrou no armazém, às pressas, dizendo “Zé, vamos pro salão do
Valdomiro; Luiz Coelho tá cortando cabelo com Zé Paraibano”. Atravessamos a Avenida
Tocantins a mil por hora. Sentamo-nos naquelas cadeiras azuis, encostadas junto
à parede, reservadas para os próximos clientes.
Demos
risadas até sentir dor de barriga e não aguentar mais. Lembro que, ao final e
ao cabo, Luiz Coelho levou uma relativa vantagem: saiu sem pagar, com o cabelo
cortado e a barba feita. Disse para Zé Paraibano que a condução para Mara Rosa
já estava saindo e ele não podia perdê-la. Depois, voltaria para pagar.
Zé
Paraibano só resmungou: “Amarrei no rabo da égua. Vou morrer sem ver a cor desse
dinheiro”. Depois praguejou: “É um sujeito muito atoa, nem parece ser parente
de dona Iracema. Que Deus lhe dê uma boa dor de barriga”.
Comediante
é isso, engraçado mesmo quando está mal-humorado. Saudemos esses verdadeiros
artistas. São um expoente importante da nossa cultura.
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