A cantora paulista
Paula Sanches está lançando amanhã, em São Paulo, um dos mais belos discos de samba
da nossa história musical. Por mais incrível que possa parecer, esse é o
primeiro álbum da carreira dessa intérprete, depois de mais de 20 anos de dedicação
e pesquisa na cena do sampa de São Paulo. A obra, que já está disponível nas
plataformas de streamings, celebra o que Paula encontrou e apreciou ao longo
dessas duas décadas: samba de breque, samba-choro, samba-sincopado e outros.
O
álbum está sendo lançado em um show, nesta quinta-feira (9), às 21h, no teatro
do Sesc Pompeia, com a cantora acompanhada por um regional que inclui músicos
de primeira linha. No repertório, o samba sincopado "Projeto de
Samba", de José Thadeu e José Gonçalves, mais conhecido nas rodas como Zé
da Zilda ou Zé com Fome, o samba choro "Maria Perigosa", de Ary
Monteiro e José Maria de Souza, gravado pela primeira e única vez há 80 anos,
pela cantora Marilu, e outras tantas preciosidades também estão no repertório.
No álbum, são 9 faixas, sendo 7 regravações e duas
inéditas. Clássicos que se eternizaram na voz de intérpretes como Isaurinha
Garcia, Marilu, Carmen Miranda, Elizeth Cardoso, entre outras. A direção musical
é de Edmilson Capelupi, grande “chorão”, mestre e professor, arranjador de
primeira, que soube trazer um resultado sonoro com a grandeza das canções escolhidas.
O Regional é impecável. Tem nomes como de Carlos Moura, Violão 7 cordas; Gustavo Cândido, no Cavaquinho; Maik Oliveira, no Bandolim; Cleber Silveira, Acordeom; Pedro Pita, Pandeiro; e Cacá Sorriso, na Caxeta, tamborim, surdo e reco-reco.
Na
gravação, todos os instrumentos tocam juntos, à moda antiga. O álbum traz
estilos de samba distintos, entre eles, o samba sincopado, samba de breque,
samba choro e o samba canção através de regravações de sete faixas, além de
duas inéditas, sendo uma delas de Miriam Batucada.
Paula Sanches é intérprete que conta com mais de 20 anos de
experiência e já atuou, entre vários artistas, ao lado de gente do ramo como
Paulo Vanzolini (1924-2013), Monarco (1933-2021), Dona Ivone Lara (1921-2018),
Wilson Moreira (1936-2018) e Cristina Buarque.
Ao
falar com a imprensa sobre seu projeto, a cantora disse que o samba sempre foi
sua ferramenta de luta no mundo. “É o que transforma a nossa dura realidade em
magia e esperança. É a minha base, minha formação de caráter e princípios. Vem
dos nossos ancestrais e exalta o que temos de mais lindo e poderoso. Vejo o
samba como base de educação e amor pela nossa história", acrescentou a
artista.
O
escritor Caio Silveira Ramos disse, com muita precisão: “Paula faz parte de uma linhagem de
cantoras brasileiras nascidas em São Paulo que trazem na sua personalidade
artística o sotaque paulista, uma malandragem no dizer o samba (algo sempre
atribuído aos cantores homens) em que se apropria do ritmo e faz dele o que bem
entende. Esse jeito de cantar o samba recebeu atenção da cantora, que vem se
notabilizando por imprimir esse efeito versátil na divisão rítmica, que é raro
no interpretar feminino nos dias de hoje”.
Paula
Sanches foca, resgata e valoriza, neste seu primeiro registro, a fase
considerada como a época de ouro do rádio, que ocorreu durante as décadas de 30
a 50, protagonizada por cantoras como Carmen Miranda (1909-1955), Aracy de
Almeida (1914-1988), Linda Batista (1919-1988), Isaurinha Garcia (1923-1993) e
Marilu, que está com 104 anos de idade.
Taí um álbum mais do que recomendado para quem gosta de boa música, aprecia o samba e sabe valorizar uma artista de talento, acompanhada por músicos excepcionais. O samba vive, pulsa e não morre, jamais.
Como
diria Caetano Veloso, “sem samba não dá”, Paula Sanches responde à clássica
pergunta de Chico Buarque: “que tal um samba?”: com o samba dá, tudo é possível.
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