Se há uma categoria
que precisa e merece ser homenageada é a dos compositores. Mais particularmente
os brasileiros, que sofreram e sofrem tanto no afã de exercer com dignidade e
grandeza um profissão tão nobre, e enfrentam tantos desafios e mazelas. Trato
desse tema um pouco atrasado por que deveria tê-lo feito no dia 15 de janeiro
próximo passado, quando se comemorou o Dia Mundial do Compositor.
Na primeira metade
do século passado, penaram os nossos talentosos compositores por não serem reconhecidos
como tal e receberem a valorização merecida. Tantos deles morreram pobres ou
com dificuldades financeiras, vendendo direitos autorais para sobreviver
minimamente.
A valorização
começou a ocorrer de forma mais justa na segunda metade do século XX. O caso
mais significativo foi o resgate do compositor e cantor Agenor de Oliveira, o
Cartola, que andava pelas ruas do Rio de Janeiro fazendo bicos. Foi encontrado
pelo jornalista Sérgio Porto, o Stanislaw Ponte Preta, lavando carros em um
estacionamento. Gravou discos, fez shows e pode ter um resto de vida descente,
ao lado da sua sempre querida dona Zica, em Mangueira.
A música brasileira
é muito rica em melodias, ritmos e letras. Está entre as melhores do mundo. Já
tivemos momentos melhores, mais criativos, mais empolgantes com a nossa riqueza
musical do que os atuais. As obras musicais tornaram-se meras peças de valores comerciais
– quanto mais descartáveis, mais lucrativas.
Não tenho dom para a
arte de compor melodias. Mas, já tive oportunidade de fazer parcerias contribuindo
com as letras das canções. Foi assim, durante muitos anos, no Carnaval dos
Amigos, em Goiânia, que acontece no sábado anterior ao sábado de carnaval, com
desfile de blocos e a valorização de marchinhas, frevos, marchas-rancho e
sambas-de-enredo. De alguns anos pra cá, a festa foi completamente deturpada,
com a inclusão de blocos de axé-music, rock-in-roll (!) e até mesmo, pasmem,
música sertaneja!
Com o amigo Jorge
Luiz Carvalho, fizemos algumas marchinhas, frevos, e ajudávamos a incrementar
um festa que tinha originalidade, charme e interessante participação popular.
Hoje virou um grande negócio. Criaram até uma tal de Liga dos Blocos! Essa
instituição, com seu poder de mando de campo, quase impediu, no ano de 2023,
que o Bloco dos Amigos, criador e divulgador da festa, saísse às ruas.
Também tive a
oportunidade de fazer um poema, Desvario, que recebeu melodia do músico Ocelo Mendonça, da
Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Cláudio Santoro. Foi gravada pela bela voz do cantor Leonel Laterza.
Outra faceta foi a poesia
Chorinho Chorado, que coloquei nas redes sociais à procura de uma melodia. O
músico e compositor Rodrigo Kramer, de Uruaçu, fez a melodia, que foi gravada
pela linda voz de Larissa Kramer.
Sinto-me parte dessas
comemorações mais como admirador e divulgador da cultura brasileira. É bom
lembrar que a ideia de se comemorar o Dia Mundial do Compositor surgiu no
México. A origem dessa data decorreu em comemoração à fundação da Sociedade de
Autores e Compositores do México (SACM), em 1945. No entanto, esta data somente
foi oficialmente celebrada no mundo a partir de 1983.
Então, por tudo isso
e muito mais, saudemos os compositores!
Que coisa linda Zeca, dormirei com muito mais amor.
ResponderExcluirQue bom, querido amigo! Obrigado.
ResponderExcluirOs compositores de letras ou/e melodias são os auto-falante de Deus.
ResponderExcluirPerfeito! Assino embaixo. Obrigado.
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