terça-feira, 21 de janeiro de 2025

Viva os compositores que lutam pela sobrevivência

 

Se há uma categoria que precisa e merece ser homenageada é a dos compositores. Mais particularmente os brasileiros, que sofreram e sofrem tanto no afã de exercer com dignidade e grandeza um profissão tão nobre, e enfrentam tantos desafios e mazelas. Trato desse tema um pouco atrasado por que deveria tê-lo feito no dia 15 de janeiro próximo passado, quando se comemorou o Dia Mundial do Compositor.

Na primeira metade do século passado, penaram os nossos talentosos compositores por não serem reconhecidos como tal e receberem a valorização merecida. Tantos deles morreram pobres ou com dificuldades financeiras, vendendo direitos autorais para sobreviver minimamente.

A valorização começou a ocorrer de forma mais justa na segunda metade do século XX. O caso mais significativo foi o resgate do compositor e cantor Agenor de Oliveira, o Cartola, que andava pelas ruas do Rio de Janeiro fazendo bicos. Foi encontrado pelo jornalista Sérgio Porto, o Stanislaw Ponte Preta, lavando carros em um estacionamento. Gravou discos, fez shows e pode ter um resto de vida descente, ao lado da sua sempre querida dona Zica, em Mangueira.

A música brasileira é muito rica em melodias, ritmos e letras. Está entre as melhores do mundo. Já tivemos momentos melhores, mais criativos, mais empolgantes com a nossa riqueza musical do que os atuais. As obras musicais tornaram-se meras peças de valores comerciais – quanto mais descartáveis, mais lucrativas.

Não tenho dom para a arte de compor melodias. Mas, já tive oportunidade de fazer parcerias contribuindo com as letras das canções. Foi assim, durante muitos anos, no Carnaval dos Amigos, em Goiânia, que acontece no sábado anterior ao sábado de carnaval, com desfile de blocos e a valorização de marchinhas, frevos, marchas-rancho e sambas-de-enredo. De alguns anos pra cá, a festa foi completamente deturpada, com a inclusão de blocos de axé-music, rock-in-roll (!) e até mesmo, pasmem, música sertaneja!

Com o amigo Jorge Luiz Carvalho, fizemos algumas marchinhas, frevos, e ajudávamos a incrementar um festa que tinha originalidade, charme e interessante participação popular. Hoje virou um grande negócio. Criaram até uma tal de Liga dos Blocos! Essa instituição, com seu poder de mando de campo, quase impediu, no ano de 2023, que o Bloco dos Amigos, criador e divulgador da festa, saísse às ruas.

Também tive a oportunidade de fazer um poema, Desvario, que recebeu melodia do músico Ocelo Mendonça, da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Cláudio Santoro. Foi gravada pela bela voz do cantor Leonel Laterza.

Outra faceta foi a poesia Chorinho Chorado, que coloquei nas redes sociais à procura de uma melodia. O músico e compositor Rodrigo Kramer, de Uruaçu, fez a melodia, que foi gravada pela linda voz de Larissa Kramer.

Sinto-me parte dessas comemorações mais como admirador e divulgador da cultura brasileira. É bom lembrar que a ideia de se comemorar o Dia Mundial do Compositor surgiu no México. A origem dessa data decorreu em comemoração à fundação da Sociedade de Autores e Compositores do México (SACM), em 1945. No entanto, esta data somente foi oficialmente celebrada no mundo a partir de 1983.

Então, por tudo isso e muito mais, saudemos os compositores!



4 comentários: