A
Vegetariana, de Han Kang, ganhadora do Prêmio Nobel de Literatura 2024, é muito
mais do que uma obra sobre opção de vida em uma sociedade moderna, como a
decisão de não comer carne ou produtos oriundos do reino animal. É um posicionamento
grandioso dessa escritora sul-coreana contra todos os tipos de opressão numa
sociedade patriarcal, opressora e violenta.
O
livro está estruturado em três partes, narradas por personagens diferentes, mas
sempre sobre a perspectiva da personagem principal Yeonghye. Ela opta pelo
vegetarianismo levada por pesadelos perturbadores. É o ponto de partida que a
autora usa para explorar questões mais complexas de identidade e resistência.
Com
uma narrativa inovadora, Han Kang, trata temas complexos e universais a partir
do olhar regional, de uma cultura específica. Nos leva a refletirmos sobre a condição
humana e o impacto das convenções sociais na vida de cada indivíduo. Estão,
nesse universo, o peso do patriarcalismo, a importância dada ao emprego do marido numa
sociedade globalizada e impulsionada pela concorrência, a violência e a
opressão que frequentemente desumanizam.
Han Kang, em foto de Jean Chung |
Um
romance psicológico que desafia e provoca do início ao fim. A loucura de
Yeonghye tira os leitores da zona de conforto, em que há mais certezas do que
dúvidas sobre a nossa capacidade de ser livre e permitir a liberdade dos
outros.
A
Vegetariana serve também como uma leitura sobre o incômodo que uma mulher,
submissa e silenciosa – praticamente sem voz na obra, a não ser pela
descrição de seus sonhos –, causa em todos nós ao se recusar a comer
carne, ao deixar de usar sutiã e de manter relações sexuais com o marido, nem aceitando se portar de esposa em jantares de negócio.
Uma
obra-prima, com extraordinário valor literário. Além do Nobel, conquistou Man
Booker International Prize, em 2016. Foi publicado no Brasil pela editora
Todavia, com tradução de Jae Hyung Woo.
Imperdível!
Onde encontro?
ResponderExcluirComprei no Amazon.
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