segunda-feira, 30 de abril de 2018

Mulher, música e poesia, tudo a ver nesta data


Certa vez, perguntaram-me, de chofre: "qual é a coisa que você mais aprecia nesta vida?" Ponderei se não poderia ser mais de uma... pelo menos duas. Concordaram. Aí respondi, com firmeza:
- Mulher e música!
Minha mulher, que estava do meu lado, interferiu:
- Não necessariamente nesta ordem, né?

É. Tive de concordar. A música vem em primeiro lugar. Entre muitas outra razões pelo fato de ter sido uma criação e produção, ao longo de milênios, de mulheres e homens. Tenho convicção plena de que as ilustres representantes do sexo feminino não querem ser, nem se consideram, mais importantes nesta existência do que a música, esta arte que nos contagia, inebria e entontece.

Neste Dia Nacional da Mulher, peço licença à música e aos músicos para render minhas homenagens e referências a elas que ficaram relegadas ao segundo lugar entre as grandes paixões da minha vida. E começo por lembrar e advertir a todos para o fato de que essa data de hoje é desconhecida da imensa maioria dos brasileiros e brasileiras.


Data essa que foi criada, em junho de 1980, justamente para reforçar o desenvolvimento e a reeducação social e os direitos que as mulheres têm, devem ter, na sociedade. Esse dia foi escolhido por ser a data de nascimento da enfermeira Jerônima Mesquita, que nasceu no ano de 1880 e morreu em 1972.

Jerônima, em sua trajetória, desenvolveu laços de estreita amizade com duas importantes personalidades na luta pela libertação da mulher: Bertha Lutz e Stela Guerra Duval, consolidando, juntas, uma atuação pioneira e relevante na conquista de direitos para as mulheres. Ela foi uma das fundadoras da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, no ano de  em 1922, quando o modernismo brasileiro abria portas para um visão diferente e ousada da sociedade.

Jerônima foi também uma das pioneiras na luta pelo direito ao voto feminino, participando ativamente do movimento sufragista de 1932. Com Bertha Lutz e Maria Eugênia, em 14 de agosto de 1934, lançaram um manifesto à nação, que ficou famoso como Manifesto Feminista.


Em 1947, ao lado de um grupo de companheiras fundou o Conselho Nacional das Mulheres (Rio de Janeiro). Jerônima destacou-se também por ser a fundadora da Associação das Girl Guides do Brasil (primeiro nome da Federação de Bandeirantes do Brasil), em 1919. O Movimento Bandeirantes apresentou-se e se consolidou como uma proposta de educação pioneira, por acreditar na importância da mulher em assumir um papel mais atuante nas mudanças da sociedade. O nome Bandeirantes foi escolhido por significar “aqueles que abrem caminho”.

Para uma mulher abrir caminho numa sociedade tão preconceituosa e machista como a nossa, nunca foi tarefa fácil. Imaginem, então, nas últimas décadas do século XIX e nas primeiras do século XX, incluindo aí duas grandes guerras mundiais e o surgimento do nazismo e do fascismo na Europa.

Pois é, amigas e amigos aqui do ZecaBlog, não podemos deixar passar despercebida data tão importante e significativa para nossa existência enquanto seres humanos. Nos dias atuais, essa visão mais inclusiva e justa das pessoas na sociedade anda em baixa. Por isso mesmo, é preciso preservar memórias...

Mulher
José Carlos Camapum Barroso
 
Nem com uma flor
Se bate numa mulher.
Ela é fonte de amor,
Pétala do bem-me-quer.
 
Nem com um buquê
De rosas deve apanhar...
Se nãos sabes por quê?
Logo, logo saberás
 
Ponhas num vaso
O buquê de flores.
Em cima, por acaso,
Um cartão de amores.
 
Em volta espalhes
Rosa, lírio, jasmim...
Como a lembrares
Um canto do jardim.
 
Verás, então, surgir
Nos lábios da mulher
Um sorriso, elixir
Para dor qualquer...
 
No rosto, corado,
Verás a expressão
De um ser amado
A revelar gratidão.
 
E olhos... brilhantes,
Marejados de prazer,
Desejos cintilantes
Estarão a oferecer
 
Abraços e beijos
Regados de emoção...
Revelam desejos
Que brotam do coração.
 
Saberás que mulher
Não é para apanhar.
Mas, sim, para ser
Objeto do verbo amar.


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