sexta-feira, 7 de novembro de 2025

20º Salão do Artesanato tem trilha sonora plural

Foto de Bel Gandolfo

O 20º Salão do Artesanato, no Pavilhão do Parque da Cidade, em Brasília, está sendo embalado por uma trilha sonora que celebra a pluralidade da música brasileira. Mais do que isso, traz apresentações que preenchem o ambiente com sons que dialogam diretamente com o conceito do evento: o encontro entre tradição e criatividade na valorização das raízes brasileiras. Ao todo, são 12 apresentações que começaram quarta-feira (5/11) e só terminam na noite deste domingo (9/11).

A programação contempla artistas que transitam por diferentes estilos, compondo uma experiência sonora plural e acolhedora. Do folclórico ao forró, da MPB à música negra, do sertanejo ao pop rock, as atrações agradam ao público diverso, que pode participar do evento gratuitamente. A animação na noite desta sexta-feira está por conta do Bacurau Arretado, no embalo do forró pé de serra e de Fellipe Salles, com o romantismo do sertanejo.

Foto de Célio Maciel

Os embalos de sábado, à noite e durante o dia, estarão por conta de Leonel Laterza (foto acima) Quarteto, com a sofisticação da Bossa Nova contemporânea, às 13h; a vibrante Orquestra Alada do Fuá do Seu Estrelo (foto do alto), transformando o palco em um grande terreiro de celebração do Cerrado, às 18h30; e o sertanejo romântico de Leon Correia (foto abaixo), que, com muita energia, demonstra porque é um nome em ascensão no sertanejo brasiliense, às 20h30.

Para o público domingueiro, Gustavo Damas, com o espetáculo “Os Jorges do Brasil”, às 13h; Decibelos, com releituras do pop rock nacional, às 18h30; e Ariston Lima, em um show voz e violão que fecha o evento com leveza e afeto, às 20h30.

Foto: Divulgação

Encontro Cultural – Mais do que uma feira, o Salão é um ponto de encontro entre arte, cultura e experiência sensorial. A programação inclui ainda 35 oficinas gratuitas de gastronomia e artesanato, voltadas ao aprendizado e à troca de saberes. Na cozinha, o Senac-DF conduz um roteiro pelos sabores do Cerrado, com receitas que valorizam ingredientes regionais como pequi, baru e rapadura. Já as oficinas de artesanato convidam o público a colocar a mão na massa -- na argila, no tecido e no papel -- em atividades que vão de cerâmica e escultura a crochê, fuxico, kokedamas, joias de papel de cimento e até criação com inteligência artificial.

Com entrada gratuita, o evento reúne mais de 300 artesãos do Distrito Federal, Entorno e de estados como Minas Gerais, Goiás, Paraíba, Pernambuco, Piauí, entre outros, num mosaico de técnicas, tradições e estilos regionais. Realizado pela Rome Eventos, com patrocínio da Caixa e Governo do Brasil, o Salão conta com o apoio da Setur-DF e Senac-DF e participação do Sebrae-MG e Sebrae-DF.

Serviço:

20º Salão do Artesanato
De 05 a 09 de novembro de 2025
Pavilhão do Parque da Cidade – Brasília (DF)
Quarta a sexta: das 16h às 22h | Sábado e domingo: das 11h às 22h
Entrada gratuita | Classificação: livre
www.salaodoartesanato.com.br
@salaodoartesanatooficial 

segunda-feira, 27 de outubro de 2025

Maestro Cláudio Cohen é Embaixador da Paz

Cláudio Cohen e o presidente da UPF, Peter Haider

O mês de outubro está chegando ao fim com uma notícia relevante e gratificante na música brasileira. O maestro brasiliense Cláudio Cohen recebeu, este mês, o título de Embaixador da Paz, concedido pela Universal Peace Federation (UPF), numa cerimônia realizada em Viena, na Áustria. O prêmio, uma das mais relevantes honrarias internacionais, foi concedido pelo talento de Cohen na condução de concertos e por sua dedicação à cultura e à promoção de valores humanitários.

O maestro titular e diretor artístico da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro se disse feliz por ter sido reconhecido entre os embaixadores da paz e considera o título “uma honra que transcende o plano pessoal, pois representa um chamado à responsabilidade e à continuidade de um ideal: o de que a paz nasce da cultura, da arte e do respeito ao ser humano”.

O título da UPF é concedido a personalidades que, por meio da arte, educação, diplomacia ou ação social, contribuem concretamente para a construção de uma cultura de paz. O evento reuniu autoridades diplomáticas e convidados especiais, entre eles o embaixador do Brasil na Áustria, Eduardo Saboia, e o embaixador da Áustria, Stefan Scholz. Ambos enalteceram a trajetória de Cohen em discursos que destacaram sua contribuição para a paz por meio da música e da diplomacia cultural.

A cerimônia, conduzida pelo presidente da UPF, Peter Haider, foi encerrada com uma apresentação especial do flautista James Strauss e da harpista italiana Veronika Klavzar, em um momento simbólico que uniu arte e diplomacia.

Quem é Cláudio Cohen – Nasceu em Belém do Pará, em 1962. É advogado com pós-graduação em Direito Processual Civil e MBA em Comércio Exterior e Negócios Internacionais pela Fundação Getúlio Vargas. 

Por influência da mãe, pianista amadora, começou a estudar música clássica aos 5 anos de idade. Aos 7 começou a estudar violino na Escola de Música de Brasília e aos 12 anos já participava de orquestras juvenis.

Aos 16 anos entrou como violinista para a Orquestra Sinfônica de Brasília, na qual atua há mais de 40 anos, ocupando vários postos de liderança até chegar a maestro em 2011. Fez parte do Quarteto de Brasília. É membro da Academia Brasileira de Letras e Músicas. Foi professor de violino na UnB e dirigiu mais de 50 orquestras em 20 países.


domingo, 26 de outubro de 2025

Quando morre um poeta, todos morrem...

Ilustração de Nova Escola

A morte é o grande mistério da humanidade. Religião, ciência e filosofia debatem sobre o tema há séculos. Todos nós sentimos e sofremos com a perda dos entes queridos, dos amigos e das pessoas que admiramos e temos como fonte de luz e de inspiração nesta existência.

Assim, lamentamos e choramos quando morrem pessoas famosas, artistas, escritores, músicos que de uma forma ou de outra foram fontes de aprendizados, ou simplesmente de contentamento, conforto, prazeres e alegrias.

De igual modo, sentimos tristeza profunda, como se o chão estivesse sido arrancado dos nossos pés, quando morre um poeta. Se é que morrem... alguém já disse que os poetas não morrem, apenas dormem. Sentimos a poesia como uma forma de eternidade. Os poetas perseguem o sonho e a eternidade, e a arte os transcende após a morte física.

No Brasil, este ano, perdemos dois nomes grandiosos: Affonso Romano de Sant’Anna e Luís Fernando Veríssimo. Mesmo já tendo ocorrido há algum tempo, quem não sofreu, e ainda sofre, com a morte de Vinícius de Moraes, nosso querido e amado poetinha? Com a perda de Carlos Drummond de Andrade, o poeta maior? De Manoel Bandeira, com sua obra grandiosa, e de João Cabral de Melo Neto, com toda sua singularidade...?

Somos todos filhos dos poetas, adotados pela poesia. Não há como fugir dessa sabedoria como não se escapa da morte. A todos esses poetas que já se foram desse mundo, minha admiração e gratidão nos versos abaixo e na música postada logo a seguir.

Bom domingo, cheio de versos e musicalidade.

Morte de um Poeta
José Carlos Camapum Barroso
 
Quando os poetas morrem,
Lágrimas do céu escorrem
Por esse mundo de Deus...
 
As flores se despetalam
Até os pássaros se calam,
Silenciam os cantos seus...
 
A lua e o sol, entristecidos
O brilho e a luz amortecidos,
Eclipse infindo de Zeus...
 
A terra treme, o mar
Faz onda misturar areia
E espuma em véus...
 
Quando os poetas morrem
Palavras frágeis escorrem
Por versos que não são meus...
 
Estrelas riscam, na noite
Escura, sonhos incandescentes,
Desejos que sobem aos céus... 

domingo, 12 de outubro de 2025

Dia das Crianças e as belezas das nossas memórias

Se há um fio condutor do mundo das crianças através dos tempos são os brinquedos. Marcam épocas, culturas, tecnologias e outras grandezas e até mesmo mazelas que marcam a nossa existência. O Dia das Crianças é sempre uma oportunidade interessante para refletirmos um pouco sobre o universo infantil.

Os brinquedos ficam arraigados em nossa memória. São reminiscências que nos lembram de épocas, fatos passageiros e mesmo situações marcantes que estão associadas às nossas histórias. E isso não apenas no Brasil, nem tão pouco somente no interior, mas também nos grandes centros urbanos, cercados pela modernização, e nos países que alcançaram alto grau de desenvolvimento tecnológico.

=

Minha memória dos brinquedos está fortemente associada a pessoas e às estações do tempo. Jogar bola era prazeroso sob o sol quente daquele interior goiano, ou mesmo debaixo de um toró daqueles que mal se conseguia enxergar a bola. Mas, rodar pião, que era um brinquedo maravilhoso, está associado ao tempo seco e quente. Já o triângulo, que tinha esse nome porque as casinhas eram desenhadas com essa forma geométrica, só podia ser praticado no período das chuvas.

Buscar caju nas serras e pequi no mato era uma atividade plenamente associada à determinada época do ano. Chegávamos a chamar as primeiras chuvas de “chuva do caju”. Tomar banho nos córregos e nos rios só era possível e permitido em determinadas épocas do ano.

De noite, as brincadeiras enchiam as ruas e geralmente estavam associadas ao folclore brasileiro e português, com cantigas de roda e outras danças. Boa hora para se gastar bastante energia com o Pique de Lata, Cadeirinha Salve e o Pique Esconde. Descer calçada abaixo em carrinho de rolimã era adrenalina pura. Descer a avenida Tocantins de bicicleta, serpenteando os postes de energia elétrica, dava um frio bom na barriga.

Meus filhos viveram um tempo de transição, com a chegada do computador e dos vídeos-games, inicialmente, bem simplesinhos. Depois, bastante sofisticados. Ramiro nasceu em 1983 e o Jordano, em 1989. Ainda brincaram um pouco de bolinhas de gude, às quais o pequeno Jojô dizia que eram de “vlido”.

Nossos netos, Juliano e Martina, são de um mundo tecnológico avançado, com todas as belezas e sonhos que os computadores e a Inteligência Artificial conseguem oferecer e disponibilizar, com rapidez e muita criatividade, às crianças do terceiro milênio. Têm um universo de escolhas muito mais amplo, até porque são influenciados pelos pais e, principalmente(!), pelos avós.

Ele curtem os vídeo games supermodernos, mas também conheceram e apreciaram brincadeiras como a de jogar peão, bolinha de gude, soltar pipas e bolinhas de sabão, até fazer e lançar ao ar aviõezinhos de papel. Têm um universo de escolha muito maior, mesmo vivendo em um tempo em que são mais vigiados do que os de outrora – as maldades também ganharam novas asas tecnológicas e avançadas. Neste 12 de outubro de 2022, a Martina (4 anos) pediu aos pais um unicórnio (foto acima); o Juliano (6 anos), optou por um relógio de pulso bonito e moderno (foto do alto).

E tudo isso é universal. Basta ver o vídeo do grupo português Deolinda, postado abaixo. Outro vídeo bem representativo desse universo é o da canção “Bola de Gude, Bola de Meia”, de Fernando Brant e Milton Nascimento. Lembrei também da canção Papel Machê, de João Bosco e Aldir Blanc. E pra colocar um pouco mais de molho nessa reflexão, resgato o poema “Ser Criança” de minha autoria. 

Bom “Dia das Crianças”, boa viagem pelos sonhos e fantasias desse seres tão especiais. Beijos no coração infantil de todos nós!

 

Ser criança
José Carlos Camapum Barroso
 
Há em mim uma criança
Que teima em existir,
Encher de esperança
Um coração tão frágil...
 
Quer abrir meus olhos
Fechados por anos a servir.
Erguer minha cabeça
Abaixada pelo tempo,
Virada pelo vento
Tempestades do existir.
 
Quer a mente cheia
De sonhos e ilusões,
Distante das tensões,
Em paz com o porvir.
 
Uma voz suave
Sussurra no ouvido
E então me acalma.
 
Uma criança rebelde,
Assim, é a própria paz,
Resgata minha alma
Traz de volta sonhos...
 Tudo que perdi.





domingo, 5 de outubro de 2025

Vem, Ainda Há Poesia, a obra grandiosa de Sinvaline

Vem, Ainda Há Poesia, é muito mais que um livro a nos encantar pelas belezas poéticas e pelo lirismo tradicional e antológico que traz em suas 105 páginas. É uma obra que consegue apresentar, na essência de sua alma e do seu ser, Sinvaline Pinheiro, com toda a grandeza da sua existência nesses tempos de tantas opressões, preconceitos e injustiças. Uma escritora e poeta que nasceu, vive e floresce, lá do seu cantinho no Sítio da Vó Quirina para o mundo, vasto mundo, como diria o poeta maior Carlos Drummond de Andrade.

É muito raro um obra abarcar a grandeza de vida e a visão de mundo do autor, autora. O recém lançado livro dessa uruaçuense da gema alcança tal proeza, graças ao talento, à perseverança e ao espírito de luta dessa mulher indígena, quilombola, apegada às tradições e aos valores da vida e da natureza que as cercam.

Tudo, literalmente tudo, em Sinvaline – carinhosamente chamada de Sinva –, é poesia, naquilo que há de mais profundo e transformador nessa arte que nos abraça, promove e transforma desde os tempos de Homero, na Grécia Antiga. Sinvaline tem a poesia como uma missão de vida a acender faróis, iluminar caminhos e retirar obstáculos que sempre foram impostos às mulheres, prostitutas, indígenas, quilombolas e aos animais silvestres e domésticos, todos devidamente lembrados em sua dedicatória de Vem, Ainda Há Poesia.

Peço licença para acrescentar: Ainda há Justiça, ainda há Esperança, Fé e Amor. Está tudo lá, devidamente costurado, alinhavado, enaltecido em versos que beberam na fonte de uma formação grandiosa dada pela avó Quirina, pelos pais Sinval e dona Nena, pelas páginas de livros e versículos da Bíblia Sagrada.

Sinvaline, seus versos, sua obra literária, seus conhecimentos e visão de mundo não brotaram por acaso, do nada. É uma existência que tem começo, meio e se projeta por horizontes promissores, graças aos ensinamentos que recebeu da família, dos animais, das prostitutas dos becos, de poetas como Manoel de Barros, de mestres como Altair Sales Barbosa, de amigos e amigas como Verônica Aldé. Todos por influenciarem sua vida, seus versos, seu caminho de luta por igualdade e justiça social, estão devidamente referenciados em sua dedicatória.

“O sentimento estará em mim, na poesia, nas fronteiras do mundo e na alma do tempo”, diz esse belo e pujante verso de um simples Psiu!. Para acrescentar, nos Bastidores da Vida, que nas manhãs os sonhos estão mais à flor da pele, mas, “não sei da perfeição, e sigo extravasando em poesia, na busca de um novo amanhecer”.

Apesar da noite escura e do amanhecer incerto, Sinvaline nos faz ver, em uma sequência de belos poemas e versos líricos tão próximos do nosso existir, que “há poesia...”.  Pelo simples e sublime fato de que “saborear o milagre de mais um dia, voar alto, abraçar os troncos, bom dias às flores e ao mundo... vamos... vem, ainda há poesia!”

PS – A biografia de Sinvaline Pinheiro, nas últimas páginas do livro, 

é uma capítulo à parte na construção dessa obra grandiosa. 
Nos convida, a ler tudo de novo, como se um mundo novo estivesse, ali, 
abrindo suas portas para nossa humilde existência. 

sexta-feira, 3 de outubro de 2025

Festival Adorei as Almas é no Terreiro da Vovó Conga

 

Quem não é do terreiro, bom sujeito não é; não tem ginga no corpo e nem ritmo no pé. Mas, pra tudo tem remédio e jeito neste mundão de Deus. Está na praça, ou melhor, no Terreiro da Vovó Conga, o Festival Adorei as Almas, em sua 18ª edição, com atividades gratuitas e inclusivas, que abraçam saberes tradicionais, Oficina de Benzimento e Produção de Garrafadas, Chás, Tinturas e Pomadas, Oficina de Construção de Berimbau, Rítmicas e Capoeira – Uso do Instrumento e será encerrado com a tradicional Feijoada da Vovó Maria Conga, em novembro.

O Festival começou em setembro com a primeira oficina, que está em andamento e será encerrada, neste sábado (4/10). A oficina de construção de Berimbau, Rítmicas e Capoeira acontece nos dias 25 deste mês e em 1º e 8 de novembro. Segundo a Mãe Maria do Cerrado, idealizadora do projeto, que neste ano está sob a execução de Marcos Antonio Sousa Madeira, o Festival tem o compromisso de manter vivas práticas ancestrais que atravessam gerações, aproximando a comunidade de expressões artísticas, religiosas e sociais, gerando oportunidade de crescimento pessoal, profissional e integração comunitária.

Realizado pela primeira vez em 2007, o Festival é uma iniciativa inspirada na força simbólica da Vovó Maria Conga, figura histórica e espiritual que dá nome ao terreiro. Liderança quilombola no século XIX e, ao mesmo tempo, reverenciada como Preta Velha da Umbanda, Maria Conga representa resistência, sabedoria e acolhimento. É essa herança que norteia a realização do festival: um espaço de celebração da ancestralidade, da fé e da cultura afro-brasileira, transformando práticas tradicionais em experiências coletivas de aprendizado, memória e convivência. O Terreiro da Vovó Maria Conga, a partir do Projeto de Lei 1.279 de 2022, tornou-se uma Unidade Tradicional de Terreiro (UTT).


Serviço:

Oficina de Benzimento e Produção de Garrafadas, Chás, Tinturas e Pomadas
6, 13, 20 e 27 de setembro e 4 de outubro
Das 8h às 18h | 32h de carga horária
30 vagas (20% reservadas a PcD e público LGBTQIA+) | Idade mínima: 16 anos
Tradução em Libras e audiodescrição
 
Oficina de Construção de Berimbau, Rítmicas e Capoeira – Uso do Instrumento
25 de outubro, 1º e 8 de novembro
Ensaios: 4 e 11 de novembro de 2025
Das 8h às 12h| 32h de carga horária
30 vagas (20% reservadas a PcD e público LGBTQIA+) | Idade mínima: 16 anos
Tradução em Libras e audiodescrição
 
Local: Terreiro da Vovó Maria Conga – Santuário de Maria (DF)
 
Endereço: DF 130 KM 05, Sítios Agrovale, chácara Santa Fé número 02- Planaltina DF
 
Inscrições

sexta-feira, 15 de agosto de 2025

"Sob os Pés do Mundo" valoriza experiência sensorial

O Festival Mês da Fotografia oferece uma opção interessante para os amantes de obras de arte, neste final de semana, das 9h às 17h, no Museu Nacional de Brasília: a exposição Sob os Pés do Mundo, uma experiência sensorial em Brasília, resultado do projeto artístico-sociocultural Arte no Espaço Público x Arte como Espaço Público: Arte e Inclusão Social.

A mostra, na Galeria 2 do Museu, apresenta 17 obras táteis criadas a partir das calçadas e espaços públicos do Distrito Federal, em diálogo com as trajetórias e memórias de pessoas cegas e com baixa visão. Tem a proposta de experimentar os caminhos da cidade e não, simplesmente, caminhar por eles, o corpo, o toque e a escuta foram usados na elaboração das obras de arte.

Idealizado pelo artista visual e sociólogo Flavio Marzadro, o projeto adotou técnicas como os decalques táteis em base siliconada, para transformar superfícies urbanas em obras sensoriais. O objetivo foi incluir pessoas com deficiência visual no universo das artes visuais, para provocar reflexões sobre acessibilidade, pertencimento e direito à cidade, além de compartilhar outras formas de “enxergar” com os demais públicos.

As obras nasceram de um processo artístico profundamente colaborativo, que uniu oficinas sensoriais e vivências urbanas em diferentes regiões do Distrito Federal. Conduzidos por Flavio Marzadro e pela ceramista Geusa Joseph, os encontros propuseram o toque como linguagem e a memória como matéria-prima. Ao explorar superfícies como pedra portuguesa, azulejos e pisos táteis, os participantes compartilharam suas histórias, afetos e modos de perceber a cidade com o corpo inteiro.

O projeto inaugura uma metodologia participativa e descentralizada, que enxerga o espaço urbano como suporte artístico e os sentidos como instrumentos legítimos de criação. A iniciativa também dialoga com experiências anteriores de Marzadro, como o projeto Borboletando – Arte Inclusiva, Arte do Amor, realizado em parceria com Geusa Joseph, que mobilizou centenas de participantes com deficiência na criação de uma escultura coletiva em cerâmica, exibida no Museu de Arte de Brasília e publicado neste blog (para ler clique aqui).

Amostra - A exposição, que só termina no dia 7 de setembro, reúne 17 quadros táteis de diferentes dimensões — entre eles, um painel de 130x90 cm — que retratam os lugares percorridos e sentidos durante o projeto. Os trabalhos contam com títulos em Braille, letras ampliadas, audiodescrição e paisagens sonoras de 20 minutos, com os ruídos originais de cada local.

Para estimular diferentes formas de percepção, dois dos quadros estarão disponíveis para o toque de todos os visitantes. A proposta é simples e profunda: olhar com as mãos, ou fechar os olhos e permitir-se experimentar o mundo de outra maneira. Assim, a visita se torna também um gesto de empatia e descoberta.

A experiência convida à escuta tátil, ao toque atento, ao reconhecimento da cidade por outros caminhos sensoriais e à admiração artística muito além do que os olhos podem ver. Uma forma poética e política de imaginar espaços mais inclusivos e partilhados.


Serviço:
Exposição
Sob os Pés do Mundo: uma experiência sensorial em Brasília
Data: de 05/08 a 07/09
Horário de visitação: de terça a domingo, das 9h às 17h
Dinâmica Troca-Troca conduzida pelo grupo Teatro no Escuro (Olho no Lance) 

quinta-feira, 14 de agosto de 2025

Matou o gari e foi para a academia

Cristão, marido, pai e patriota (Christian, husband, father & patriot). Esse é o perfil, postado em inglês nas redes sociais do empresário Renê da Silva Nogueira Júnior, 47 anos, preso em flagrante pela morte do gari Laudemir de Souza Fernandes, 46 anos. O homem de Deus atirou no homem da rua, no bairro Vista Alegre, na cidade de Belo Horizonte. Foi preso em flagrante, poucas horas depois, enquanto cuidava do próprio corpo e relaxava a mente em uma academia.

O veículo de coleta de resíduos “atrapalhava o trânsito”, e estava sendo dirigido por uma mulher da rua, a gari Eledias Aparecida Rodrigues, 42 anos, que teve a ousadia de encostar o caminhão para que Renê passasse com seu possante e moderno BYD –  em inglês Build Your Dreams, melhor dizendo, em português, Construa Seus Sonhos.

Eledias e seus companheiros de trabalho estavam a dificultar que o homem cristão e patriota, pai e esposo, passasse folgada e confortavelmente pela rua em busca da construção dos seus sonhos.

Para a família de Laudemir, restou apenas o pesadelo, expresso em alto e bom som, em frases banhadas de lágrimas, pela esposa Liliane França da Silva, durante o velório na manhã desta terça-feira (13/8): “queremos justiça!”. Laudemir era descrito como um pai de família grandioso, um trabalhador honesto e será lembrado por ser uma pessoa alegre e de coração gigante.

Laudemir tinha pressa. Cuidava da família e iria receber naquele dia a visita do Conselho Tutelar. Contou aos colegas que tinha conseguido, recentemente, a guarda de sua filha.

Renê tinha pressa. Cuidava com zelo do carro e do corpo. Restos de lixo, naquela rua estreita, tomada por carros inferiores, poderiam atingir o veículo dos sonhos e manchá-lo para sempre. Não podia perder horário na academia onde malhava regularmente e conseguia manter um corpo atlético e admirado pelos entes queridos.

 “Vai matar a gente trabalhando?”, teria perguntado um dos colegas de trabalho de Laudemir diante das ameaças “de atirar na sua cara”, feitas por Renê. A resposta do agressor veio por meio de uma bala certeira e mortal. O gari foi socorrido, mas não resistiu aos ferimentos. Morreu no hospital, provavelmente no mesmo momento em que o assassino cuidava do corpo e relaxava a mente, ambos cansados da rotina tão estressante da cidade grande, poluída de garis por todos os lados.

Laudemir não vai poder dar a sua filha a guarda conquistada com tanto amor e carinho. Não conseguiu chegar em casa mais cedo. Quando chegou ao hospital já era tarde demais. 

domingo, 10 de agosto de 2025

Dia dos Pais – de hoje, de ontem e de sempre...




LEGENDA:
Juarez Alencar Camapum – pai de José Carlos, Mozart, Juracema e Celiana; Padrinho Batista Barroso – um segundo pai para os filhos de Juarez; José Carlos Camapum Barroso – pai de Ramiro e Jordano; e Ramiro Freitas de Alencar Barroso – pai de Juliano e Martina

Canção dos pais
José Carlos Camapum Barroso
 
Ser pai é padecer no paraíso.
Quando for preciso, ser mãe,
Onde não basta ser pai...
 
Não basta participar...
Ser pai é expulsar da alma
Toda a dureza do coração,
Fraquezas do sim e do não,
Certeza de que há um talvez...
 
Ser filho outra vez...
Avô, padrinho, amigo, irmão.
Ser pai... Como sabê-lo,
Se nem conhecemos o ser?
Se não há receita à mão?
Se não tem varinha de condão?
 
Vestir-se de humildade,
Beber vinho da caridade
Suplicar pelos filhos
Que, um dia, pais serão.
 
Ser pai não apenas ao dizer:
- Meu filho, um sucesso!
Também quando se esvai,
Desce a vida na contramão.
 
Ser pai: ontem, hoje e sempre.
Ser pai! Eis a questão.


 

sexta-feira, 8 de agosto de 2025

Dia do Amante do Livro é uma novidade boa

Já escrevi sobre as mais diversas datas comemorativas relacionadas, de alguma forma, à cultura. Mas, sinceramente, não tinha conhecimento sobre o Dia do Amante do Livro, comemorado neste sábado, 9 de agosto. Um feriado informal, criado para inspirar os amantes da leitura e da escrita. Recomendam-se às pessoas que removam os seus smartphones e todas as distrações tecnológicas possíveis e peguem um livro para ler.

O Dia do Amante do Livro é celebrado em uma escala global, mas a sua origem e autor ainda são desconhecidos. O espírito que norteia a data é bem interessante. Procura-se despertar o gosto pela leitura em pessoas que trazem em si uma certa resistência. Para alguns, ler é a última forma de relaxamento e diversão. Outros, consideram a leitura uma tarefa difícil, penosa.

Todas as dificuldades podem estar ocorrendo por falta de políticas inteligentes e eficientes para estimular o hábito da leitura. Pode ocorrer também dificuldade para encontrar o melhor livro para si. Deixo, como dica, A Vegetariana, de Han Kang, que terminei de ler recentemente; A Noite do Meu Bem, de Ruy Castro, que estou lendo; e Arrabalde – Em busca da Amazônia, de João Moreira Salles, que pretendo ler em breve.

Imagem: Depositphotos

O Dia do Amante do Livro é importante para refletirmos sobre o papel essencial da leitura na formação de cidadãos mais críticos e conscientes. Não apenas pelo livro em si, mas o que ele representa em nossas vidas, como instrumento de democratização do conhecimento e para a construção de uma sociedade mais justa, bem informada e que seja, de fato, democrática.

O livro foi a primeira e grande invenção a revolucionar a existência humana. Depois dele, vieram outras tantas e quantas, mas, nenhuma delas tão associada à essência do ser. Alcançamos a capacidade de produzir energia das mais diversas fontes até à colocação de máquinas em movimento, seja na terra, no ar ou mesmo no espaço sideral. Chegamos ao computador e sua capacidade de impulsionar a humanidade por caminhos nunca vistos, nem mesmos imaginados. Até os dias atuais das redes sociais e da Inteligência Artificial...

Imagem: Depositphotos

Mas, continuo achando que o livro é a maior invenção da humanidade. Minha cunhada, Vênus Mara, de saudosa memória, discordava. Dizia que a maior invenção do homem foi o liquidificador. Depois dele, ninguém mais passou mal ao misturar os mais esdrúxulos alimentos. Até mesmo manga com leite. Tinha lá suas razões...

Saudemos o livro e incentivemos as novas gerações a colocarem essa invenção próxima à mente e perto do coração. A alma que surgirá daí será infinitamente superior a tudo que vimos e fizemos até hoje.

Beijos no coração!

Eu livro

José Carlos Camapum Barroso
 
Há um livro em mim
Moto contínuo, impulsionador
Do ser pela imensidão dos tempos.
 
O livro na minha mente...
São células a espalhar sementes
Por um corpo rude, limitado.
 
O livro no coração
É compasso de extra-sístole,
Descontrole da arritmia...
 
O livro é o bálsamo
De tantas dores contraídas
Em noites obscurantizadas...
 
Meu espírito infinito,
O livro é alma que acalma
E transita por tantas vidas.