Se há um fio condutor do mundo das crianças através dos tempos são os
brinquedos. Marcam épocas, culturas, tecnologias e outras grandezas e até mesmo
mazelas que marcam a nossa existência. O Dia das Crianças é sempre uma
oportunidade interessante para refletirmos um pouco sobre o universo infantil.
Os brinquedos ficam arraigados em nossa memória. São reminiscências
que nos lembram de épocas, fatos passageiros e mesmo situações marcantes que
estão associadas às nossas histórias. E isso não apenas no Brasil, nem tão
pouco somente no interior, mas também nos grandes centros urbanos, cercados
pela modernização, e nos países que alcançaram alto grau de desenvolvimento
tecnológico.
Minha memória dos brinquedos está fortemente associada a pessoas e às
estações do tempo. Jogar bola era prazeroso sob o sol quente daquele interior
goiano, ou mesmo debaixo de um toró daqueles que mal se conseguia enxergar a
bola. Mas, rodar pião, que era um brinquedo maravilhoso, está associado ao tempo
seco e quente. Já o triângulo, que tinha esse nome porque as casinhas eram
desenhadas com essa forma geométrica, só podia ser praticado no período das
chuvas.
Buscar caju nas serras e pequi no mato era uma atividade plenamente
associada à determinada época do ano. Chegávamos a chamar as primeiras chuvas
de “chuva do caju”. Tomar banho nos córregos e nos rios só era possível e
permitido em determinadas épocas do ano.
De noite, as brincadeiras enchiam as ruas e geralmente estavam
associadas ao folclore brasileiro e português, com cantigas de roda e outras
danças. Boa hora para se gastar bastante energia com o Pique de Lata,
Cadeirinha Salve e o Pique Esconde. Descer calçada abaixo em carrinho de rolimã
era adrenalina pura. Descer a avenida Tocantins de bicicleta, serpenteando os
postes de energia elétrica, dava um frio bom na barriga.
Meus filhos viveram um tempo de transição, com a chegada do computador
e dos vídeos-games, inicialmente, bem simplesinhos. Depois, bastante
sofisticados. Ramiro nasceu em 1983 e o Jordano, em 1989. Ainda brincaram um
pouco de bolinhas de gude, às quais o pequeno Jojô dizia que eram de “vlido”.
Nossos netos, Juliano e Martina, são de um mundo tecnológico avançado,
com todas as belezas e sonhos que os computadores e a Inteligência Artificial
conseguem oferecer e disponibilizar, com rapidez e muita criatividade, às
crianças do terceiro milênio. Têm um universo de escolhas muito mais amplo, até
porque são influenciados pelos pais e, principalmente(!), pelos avós.
Ele curtem os vídeo games supermodernos, mas também conheceram e
apreciaram brincadeiras como a de jogar peão, bolinha de gude, soltar pipas e
bolinhas de sabão, até fazer e lançar ao ar aviõezinhos de papel. Têm um
universo de escolha muito maior, mesmo vivendo em um tempo em que são mais
vigiados do que os de outrora – as maldades também ganharam novas asas
tecnológicas e avançadas. Neste 12 de outubro de 2022, a Martina (4 anos) pediu
aos pais um unicórnio (foto acima); o Juliano (6 anos), optou por um relógio de pulso bonito e moderno (foto do alto).
E tudo isso é universal. Basta ver o vídeo do grupo português Deolinda, postado abaixo. Outro vídeo bem representativo desse universo é o da canção “Bola de Gude, Bola de Meia”, de Fernando Brant e Milton Nascimento. Lembrei também da canção Papel Machê, de João Bosco e Aldir Blanc. E pra colocar um pouco mais de molho nessa reflexão, resgato o poema “Ser Criança” de minha autoria.
Bom “Dia das Crianças”, boa viagem pelos sonhos e fantasias desse
seres tão especiais. Beijos no coração infantil de todos nós!
José Carlos Camapum Barroso
Há em mim uma criança
Que teima em existir,
Encher de esperança
Um coração tão frágil...
Quer abrir meus olhos
Fechados por anos a servir.
Erguer minha cabeça
Abaixada pelo tempo,
Virada pelo vento
Tempestades do existir.
Quer a mente cheia
De sonhos e ilusões,
Distante das tensões,
Em paz com o porvir.
Uma voz suave
Sussurra no ouvido
E então me acalma.
Uma criança rebelde,
Assim, é a própria paz,
Resgata minha alma
Traz de volta sonhos...
Tudo que perdi.
Lembranças boas de nossas infâncias, meus sobrinhos netos, estão tendo uma infância boa e cheias de histórias para contar, futuramente! Parabéns Zé, bela homenagem! Viva N S Aparecida!!!!
ResponderExcluirViva! Obrigado pela participação aqui no blog.
Excluir