quinta-feira, 27 de março de 2025

Áurea Martins encanta Brasília de sexta a domingo

O show Senhora das Folhas, da cantora Áurea Martins, é um dos mais belos espetáculos musicais deste ano. Nele, assim como no álbum homônimo (Biscoito Fino), Áurea Martins homenageia o poder feminino curador e mergulha no universo do sagrado feminino. Dona de uma bela voz, a cantora transita, com talento e desenvoltura, da canção medieval até o coco de roda, passando por canto indígena e sambas e ainda traz canções de artistas contemporâneos, como Projota, Flaira Ferro e Arlindo Cruz.

Ela estará em Brasília, desta sexta-feira (28) até domingo (30/3). Mostra para o público que sabe encarnar o feminino curador em canções que homenageiam as rezadeiras, curandeiras e benzedeiras do Brasil, mulheres matriz fundamentais no esgarçado tecido social deste país profundo. No repertório, apresenta Incelenças do sertão de Minas Gerais e bendito medieval com roupagem luxuosa e camerística, unindo-se à viola caipira, violoncelo e viola da gamba.

A direção musical é do renomado multi-instrumentista e cantor Lui Coimbra, que assume o violoncelo, o violão, a rabeca, o charango andino e os vocais, sendo acompanhado por Fred Ferreira, que se destaca na viola, nas guitarras e vocais. O experiente Marcos Suzano assume o pandeiro e a percussão. Pedro Aune, com seu contrabaixo acústico, e André Gabeh na voz, completam o conjunto de excelência que, juntos a Áurea Martins, elevam a experiência musical do espetáculo.

Àurea Martins - crédito Dan Coelho

Áurea Martins é uma artista diamantífera, única. Nascida para a música no contexto da bossa nova é uma das poucas cantoras negras da cena. Sua carreira contempla mais de 50 anos de shows, 9 discos solo, inúmeras participações em outros, prêmio de Melhor Cantora no PMB 2009, um curta metragem sobre sua vida com mais de 21 prêmios (inclusive de melhor atriz).

Neste ano, Áurea comemora 85 anos como se debutasse, cheia de vigor e energia telúrica, divulgando seu álbum mais recente e fazendo shows ao lado de parceiros cinco décadas mais jovens. Áurea sabe que seu tempo de colher é hoje. Ela está vivíssima. E dando frutos.

É preciso falar um pouco mais sobre o álbum Senhora das Folhas (Biscoito Fino). Nele, Áurea Martins apresenta também canções ultrajovens como “A Rezadeira”, do rapper Projota; “Ponto das Caboclas”, de Camila Costa, um canto do povo Parakanã, um poema da etnia Macuxi, sambas do Recôncavo e do Rio de Janeiro.

Áurea Martins- crédito Sérgio Cadahh

O resultado é um álbum surpreendente e contemporâneo, reverente e iconoclasta que tece como num bordado o diálogo entre os imaginários urbano e rural do país. Unindo os vários Brasis e as duas pontas da vida, Áurea visita sua ancestralidade e ganha o terreiro do qual é rainha por herança e direito: o solo fértil das miscigenações afro-indígenas, caboclo-encantadas, orixás-pajé, recebendo de braços abertos o novo.

Senhora das Flores faz contato com a nossa essência formativa e ilumina o lugar da mulher como protagonista e guardiã dos saberes deste país diverso. Estabelecendo a possibilidade real de elevar a potência do seu alcance na cena nacional, para ser universal, Áurea fala da sua aldeia. 

 

Ficha Técnica:
Áurea Martins: voz
Lui Coimbra: violoncelo, violões, rabeca e charango
Fred Ferreira: violas e guitarras
Marcos Suzano: pandeiro e percussões
Pedro Aune: contrabaixo
André Gabeh: vocais
Direção Artística e de Produção: Renata Grecco
Direção Musical: Lui Coimbra
Arranjos: Lui Coimbra, Fred Ferreira, Alfredo Del Penho
Figurino Áurea Martins: Ronaldo Fraga
Iluminação:  Kátia Barreto
Som: Carlos Rocha
Produção executiva: Cibele Lopes
Realização Aquarela Carioca Produções Artísticas
 
Serviço:
Áurea Martins – show Senhora das Folhas
Local: Teatro da Caixa Cultural Brasília – Setor Bancário Sul Q. 4|Lotes 3/4 - Asa Sul, Brasília (DF)
Datas: Sexta, 28/03, e sábado, 29/03, às 20h | Domingo, 30/03, às 19h
Ingressos: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia)
início das vendas em 22/03, pelo site Bilheteria Cultural
Duração: 80 minutos
Classificação Indicativa: livre
Meia-entrada: clientes Caixa e outros casos previstos por lei
Horário de funcionamento da bilheteria: terça a sexta e domingo, das 13h às 21h; sábado, das 9h às 21h. 

sábado, 15 de março de 2025

Poemas resgatados trazem lembranças de um tempo bom...

Lá nos alfarrábios da minha mãe Iracema, de onde resgatei e publiquei aqui o belo poema de Batista Barroso, meu tio e padrinho, encontrei páginas com poemas datilografados, de minha autoria, escritos nos anos 1970, ainda bem jovem, cheio de sonhos e outras coisitas mais que o tempo arrefece, naturalmente.

Chamou-me a atenção um texto intitulado Momento Picante, por ser curioso, com uma boa pitada de humor, mas que de picante não tem quase nada, ou muito pouco...

Outro texto curioso tem o título Lado a Lado. Com uma visão social, mística de uma realidade muito comum naquele Brasil do século passado, mais acentuadamente nas regiões interioranas, incluindo aí o meu querido estado de Goiás.

São textos que resgatam uma época muito dinâmica, participativa e divertida da nossa juventude nas décadas de 1970 e 1980. Éramos felizes e sabíamos. Todos os nossos ainda estavam vivos e sempre próximos, juntos, e em plena e bela sintonia.

Não poderia deixar de pedir desculpas por algumas imprecisões, erros mesmos, e o visível descompasso das teclas da máquina de datilografia ao “imprimir” o texto na folha de papel almaço. Um texto que nunca foi relido, revisto e muito menos revisado. Mas, é divertido resgatar tudo isso...

Ademã que eu vou em frente!

PS - Lá embaixo, está escrito com as letrinhas da minha querida mãe: De Zé Carlos Barroso. Lindo demais, né gente? Beijos no coração.





domingo, 9 de março de 2025

Papel guardado traz sempre boa surpresa aos nossos corações

Encontrei nos alfarrábios de minha mãe um texto poético do meu saudoso e grandioso tio e padrinho Batista Coelho Barroso. Sempre fuço os calhamaços de Iracema à procura de peças raras e preciosas da nossa memória familiar. Fotos antigas, textos já esquecidos, objetos e peças às vezes desfigurados pelo tempo, mas de valor incalculável para a nossa história, brotam como passe de mágica daquelas pastas e caixas antigas, envelhecidas...

Um dos momentos mais belos e emocionantes que vivi foi a noite de comemoração dos 50 anos de casados de Batista e Marilha, na nossa sempre querida Uruaçu, no interior de Goiás. O Clube Recreativo Uruaçuense estava lotado de amigos, que eram muitos, e de parentes que se deslocaram de todos os cantos de Goiás e de outros estados para prestigiar o evento e, ao mesmo tempo, trazer solidariedade ao casal.

Eles tinham acabado de perder, de forma trágica, o filho João Batista. Uma partida dolorosa, prematura, surpreendente, que abalou toda a comunidade e deixou a família sem chão para apoiar os pés. Foi um daqueles acontecimentos que marcam a todos, de forma inimaginável, para sempre, de tristezas e saudades – mais ainda, pai e mãe!

Tio Batista leu esse poema com a voz sufocada, engasgada pela dor, porém resoluta por que não poderia deixar de fazê-lo naquele momento tão significativo de sua vida. Seus 50 anos de casados foram repletos de amor, solidariedade e carinho para com os parentes, amigos, conhecidos e mesmo para com os desconhecidos que o procuravam. O que dizer, então, do seu amor para com os filhos Edmar, João e Marisa?

Nós, sobrinhos, todos, somos testemunhas dessa grandeza e ao mesmo tempo devedores de tanto apoio que recebemos do meu padrinho Batista. A comunidade uruaçuense sempre manifestou, e manifesta hoje e sempre, todo o respeito e gratidão que guarda dessa figura inesquecível e inigualável.

Agora está, ao lado de sua querida Marilha, lendo, sob as bençãos de Deus, aos ouvidos do João, esses mesmos versos, mas, de forma suave, mansa, sem engasgar a voz...

Nosso querido primo João é todo ouvidos, com seu jeito tímido, calado, cabeça baixa. Não estará mais entristecido: papai e mamãe estão por aqui.

As saudades agora são nossas.

 

E agora?
Batista Barroso
 
Eu sou a brisa que beija e balança a copa florida e perfumada das árvores
Eu sou o murmúrio das águas cristalinas que desce em cascatas nas cachoeiras cantando uma canção de ninar
Eu sou o canto sonoro do sabiá apaixonado que desperta a natureza com sua sonata saudosa do alvorecer
Eu sou o sorriso meigo da criança que ainda tem esperança de um dia chegar ao esplendor de seu sonho
Eu sou o irmão pedinte que vaga maltrapilho implorando caridade
Eu sou o amor que consola a criança que chora
Eu sou o bem maior que dá equilíbrio ao universo
Eu sou o asteroide desgarrado do planeta mãe, vagando na imensidão do cosmo em busca de luz
Eu sou o sonho do sono que não desperta
Eu sou a porta sempre aberta esperando você chegar...
E agora... Que faço do meu coração que está partindo em pedaços desde que você se foi?
E agora?
Estás em tudo
E não te encontro em nada
E agora?

 

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2025

Turnê Obatalá será encerrada em Brasília esta semana

Grupo Ofá, em foto de Geovane Peixoto

Brasília está se tornando uma cidade rica em shows, apresentações e projetos culturais. Para ampliar e reforçar essa percepção, o Centro Cultural Banco do Brasil Brasília (CCBB Brasília) apresenta Obatalá: Uma Conexão Salvador-África-Brasil. O projeto, que celebra a riqueza da cultura afrodiaspórica, é composto por oficinas de percussão e dança afro, que serão ministradas, nesta terça-feira (18/2), e grande show musical com Grupo Ofá, com participação especial da cantora Irma Ferreira, na quarta-feira (19/2).

A passagem pela capital do país encerra a turnê nacional que encantou as plateias dos Centros Culturais Banco do Brasil Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte. O acesso ao show e às atividades é gratuito mediante retirada de ingressos e inscrição antecipada.

O Grupo Ofá, de Salvador, é formado por integrantes do Terreiro do Gantois, casa tradicional de religião de matriz africana no Brasil. Entre eles estão Iuri Passos, Yomar Asogbá e Luciana Baraúna, que ao lado de Irma Ferreira apresentarão seu repertório de cânticos aos orixás e interpretarão composições de artistas brasileiros também conhecidos por valorizar as raízes da identidade desta nação, caso de Caetano Veloso, Gilberto Gil, João Donato, Nelson Rufino e Zeca Pagodinho.

O espetáculo ofertará ao público temas em orikis, forma poética nagô-iorubá, invocações cantadas com toques ancestrais de atabaques considerados sagrados, em conjunto com arranjos e elementos da música brasileira.  Ofá quer dizer uma união de vozes que ecoa ritmos, acordes, histórias, ancestralidades e amor”, explica Yomar Asogbá, um dos fundadores do grupo.

O diretor musical Iuri Passos afirma a respeito da musicalidade do grupo: “Nós experimentamos também, indo além das harmonias do terreiro, buscando espaço da nossa música negra e popular”. Sobre a convidada especial para o show, a conexão superou as expectativas. “Nosso encontro vai além do técnico, do preciosismo. Nós temos um respeito e uma irmandade que vem para a música também”, afirma.

Foto: Israel Fagundes

Oficina de Ritmos Afro – Coordenada por Iuri Passos, diretor musical do grupo, além de arranjador, produtor e mestre em Etnomusicologia pela UFBA, a Oficina de Ritmos Afro tem como objetivo ensinar as técnicas para que o participante possa tocar os ritmos de matriz africana nos atabaques: instrumentos que compõem a orquestra musical do candomblé. A partir dos ritmos Daró, Agèrè, Vasi, Alujá e Ijexá, essa experiência sobre os ritmos afro pretende resgatar e difundir as culturas dos ritmos ancestrais da Bahia. Para uma experiência mais personalizada, quem tiver poderá levar o próprio instrumento: conga, atabaque ou agogô.

Oficina de Dança Afro – Luciana Baraúna, cantora, professora, bailarina e coreógrafa, está à frente da atividade. A Oficina de Dança Afro tem como base a técnica dos corpos das mulheres negras do candomblé da Bahia. A prática é acompanhada por música ao vivo, seguindo a linha tradicional onde os Atabaques Hun, Hunpí, Lé e Agogô dialogam com os corpos em movimento, entrando em profunda sincronia em uma harmônica coreografia. A oficina começa com a preparação corporal, integrando o fortalecimento, alongamento e condicionamento físico. Passa por movimentos dançantes que despertam a mobilidade e a consciência corporal que é fundamentada dentro dos princípios da dança de matriz africana. A dinâmica leva em consideração o grau de conhecimento, a idade e o tipo físico de cada participante, com movimentos personalizados.

União de vozes e ancestralidade – O grupo, com mais de 20 anos de existência, é composto por 12 integrantes e faz uma fusão dos instrumentos percussivos com baixo, guitarra e piano, além dos seus cantores. Ao longo de sua trajetória, lançou dois álbuns: Odum Orim: Festa da Música de Candomblé (2000) e Obatalá - Homenagem a Mãe Carmem (2019), este último produzido por Flora Gil e com participações especiais de Alcione, Carlinhos Brown, Daniela Mercury, Gal Costa, Gilberto Gil, Ivete Sangalo, Jorge Ben Jor, Lazzo Matumbi, Margareth Menezes, Marisa Monte, Mateus Aleluia, Nelson Rufino e Zeca Pagodinho.

Pelo disco Mãe Carmem, em 2020 recebeu a indicação ao Grammy Latino na categoria Melhor Álbum de Música de Raízes em Língua Portuguesa. O álbum, com 17 músicas, busca preservar os cânticos sagrados de matriz africana, com cada convidado fazendo referência a um Orixá.

O Grupo Ofá é formado por Iuri Passos (diretor musical e percussão), Yomar Asogbá (voz e percussão), Luciana Baraúna (voz), Brenda Silva (percussão), Luan Badaró (percussão), Leilson Santos (percussão), Júnior Ivo (percussão), Joaquim Izaias (contrabaixo), Fernando Jesus (teclado), Tarcísio Santos (guitarra e violão), Angela Velloso (backing vocal), Lito Martins (backing vocal). O show conta com direção geral de Glauber Amaral e produção da Barravento Artes.


Serviço:
Obatalá: Uma Conexão Salvador-África-Brasil
Entrada Gratuita
Show do Grupo Ofá
Dia 19/02, quarta-feira, às 20h
Ingressos disponíveis no site bb.com.br/cultura e na bilheteria do CCBB Brasília a partir de 18/02, terça-feira, às 12h
Oficina de Dança Afro com Luciana Baraúna
Dia 18/02, terça-feira, às 15h
Oficina de Ritmos Afro com Iuri Passos
Dia 18/02, terça-feira, às 17h30

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2025

Orquestra popular vai tocar no carnaval, Salve Glória!

“Salve Glória” é o nome da orquestra popular da maestra, flautista e arranjadora Diana Mota. Para nossa glória e graça, estará se apresentando durante 45 dias, em Brasília, inclusive em pleno carnaval. Os shows têm o nome de Brasilidade, começam neste sábado (15/2) e só terminam junto com as águas de março, lá pelo dia 30. E ainda teremos um concurso musical para escolher a letra da música Flutuando, composta por Diana.

Toda essa glória vai propiciar ao público um repertório com muito frevo, carimbó, baião, maracatu e ijexá, numa homenagem a ritmos autênticos brasileiros. O projeto “Circulação da Orquestra Popular Salve Glória”, que é realizado com recursos do Fundo de Apoio à Cultura do Distrito Federal, contemplará as plateias de Taguatinga, Samambaia, Planaltina e do Plano Piloto que poderão adquirir ingressos a preços populares.

Diana Mota considera uma “alegria imensurável poder realizar um projeto musical de tamanha representatividade da nossa música junto com músicos amigos que integram a orquestra”. Considera o feito a realização de um grande objetivo, e, para além das apresentações, “espero inspirar outras mulheres a ocupar este espaço da música popular como realizadoras, onde o cenário ainda é uma minoria”, acrescenta a musicista, que além de reger, canta e toca flauta em alguns números da apresentação, numa performance surpreendente.

Sob a batuta de Diana Mota, instrumentistas da melhor safra de Brasília prometem encantar.  São eles Fabianne Gotelipe (Violino), Leandro Barcelos (sax tenor e flauta), Jackson Delano (sax alto e clarineta), Marina Vanéli (sax barítono), Nilson Carvalho, Robson Pereira, Rayan Carvalho (trompetes), Paulinho do Trombone, Filipe Silva Valmir Nunes (trombones), Flávio Rodrigues (piano/sanfona), Ancleves Nascimento (contrabaixo), Pedro Mota, Artur Mota, Bella Mota (percussões), Luciana de Oliveira (bateria). Como técnico de áudio, o músico e compositor Di Stéffano.

Flautista transversal desde a adolescência, Diana é formada pela Universidade de Brasília e pela Escola de Música de Brasília, onde realizou o curso técnico em arranjo. Ao longo dos seus mais de 30 anos de carreira, ela percebeu a variedade das expressões afro-luso-brasileiras, e decidiu construir um pequeno panorama dessa riqueza musical, ao mesmo tempo em que presta uma homenagem à sua mãe. Assim nasceu a concepção Orquestra Popular Salve Gloria e, para integrar sua orquestra, Diana reuniu 17 músicos de peso, compondo um grupo amplo o suficiente para refletir várias faces desse cristal que é a música brasileira.

Diana Mota, primeira mulher arranjadora e maestra à frente de sua própria orquestra popular no formato Big Band, no Centro-Oeste, mostra que neste universo, ainda muito masculino, a mulher tem seu lugar, algo que aprendeu com sua mãe. Diana é filha de Glória Maria, a grande estrela do Piano Bar do Brasília Palace, primeira cantora profissional de Brasília e personalidade expressiva da história da música na capital federal.

Serviço:

Show Brasilidades
Circulação da Orquestra Popular Salve Glória
15 e 16/02 - 17h - Complexo Cultural de Samambaia
15 e 16/03 -17h - Complexo Cultural Planaltina
21/03 - 20h - Clube do Choro - a confirmar
28/03 - 20h – Thomas Jefferson Hall no Sextas Musicais (706 Sul)
29 e 30/03 - 17h - Sesc Paulo Autran (Taguatinga)
Ingressos: R$10 (inteira) e R$5 (meia)


domingo, 2 de fevereiro de 2025

Bolsonaristas nem sabem o que é complexo de vira-latas

 

Complexo de vira-latas – criado pelo magistral Nelson Rodrigues – é um conceito que não se aplica adequadamente aos bolsonaristas de extrema-direita, bajuladores de Donald Trump e dos cortesãos recém chegados à Casa Branca – Elon Musk principalmente! O cachorro vira-lata tem valores que essa gente nunca ouviu falar, nem gostaria de ouvi-los. Sem falar que esses farsantes vivem em um mundo paralelo, não querem saber do Brasil real, fazem questão de ignorar nossa história, não querem preservar aquilo que temos de bom e muito menos mudar o que ainda temos de atraso. Muito pelo contrário!

Se não, vejamos. Jair Bolsonaro, o golpista-farofeiro, gritou em alto e bom som, ao ser “convidado” para a posse do presidente norte-americano e antes de ser barrado no baile pelo STF:

-- Estou me sentindo criança de novo com o convite de Trump. Estou animado. Não vou nem tomar mais Viagra – disse o submisso, revelando toda sua capacidade de ficar excitado com aquele visual extremista do diabo loiro, mesmo sem a ajuda de estimulantes. Ficou subtendido que, para as obrigações caseiras, vai continuar precisando de apoio...

O coordenador da trupe – sem intenções de trocadinhos – foi o filho 02 do clã bolsonarista, também conhecido por Eduardinho, ou por Bananinha para os íntimos. Refresco a memória daqueles que, mesmo assim, ainda não identificaram quem é jovem neofacista. É aquele que quase virou embaixador do Brasil nos Estados Unidos por que tinha habilidades para fritar almôndegas – ops, perdão!, fritar hambúrgueres. Almôndegas, ele nem conhece. É coisa de terceiro-mundista.

Bananinha teve um encontro de longos 30 segundos com Donald Trump Jr., o filho de sua majestade. Foi o suficiente para colocar um vídeo nas redes sociais agradecendo pelo “respeito que você e sua família têm pelo Brasil”. Sabemos que, se Trump cumprir metade das suas promessas de campanha relacionadas ao nosso país, será desastroso para a economia nacional, mas, os neofacistas estarão felizes por entenderem que o presidente Lula vai pagar caro por tentar implantar no Brasil o comunismo (!).

Michele Bolsonaro, a ex-terceira-dama, desacompanhada do marido, foi barrada no baile e não pode entrar no Capitólio, contentando-se em assistir a posse pela telão em uma arena de esportes. Poderia ter assistido pela televisão, com o marido, no Brasil.

A deputada Carla Zambelli – aquela que está cassada pelo TRE e zambelou pelas ruas de São Paulo, de arma em punho, para caçar (com cedilha) um adversário político – foi bem mais humilde como bajuladora. Contentou-se com o diabo quase loiro de olhos claros Javier Milei. Fez um vídeo para agradecer ao presidente argentino pela parceria na cruzada contra o comunismo. Também não precisava ir aos EUA para tal façanha...

O resumo dessa ópera bufa é que, realmente, não se pode chamar essa gente de vira-latas. Estes têm muitas qualidade e honram, respeitam os lugares onde moram, ou pelo menos onde tentam viver, sobreviver, mesmo que seja em uma simples viela. Assumem as pulgas que carregam, e coçam e se roçam e só se viciam por aqui mesmo. Não precisam torrar dinheiro público para abanar o rabo numa arena esportiva de cães primeiro-mundistas.

Nosso vira-latas têm mais dignidade. E muitas outras qualidades que essa gente rastaquera não tem.


sábado, 1 de fevereiro de 2025

Porque hoje é sábado, lavram-se poesia e música

Hoje é sábado, dia de descanso para todos os filhos de Deus. Impossível fugir dessa realidade, como diria Carlos Drummond de Andrade. Nesse momento, os bares estão repletos de homens vazios.

Porque hoje é sábado, também é tempo de poesia, para encantar nossa alma, enaltecer aqueles que merecem ser enaltecidos, lembrados e perpetuados no tempo e na história.

Tempo de música e ouvir melodias que há anos nos trazem encantos e contentamento.

Porque hoje é sábado, brindemos aos poetas, cultivemos a poesia, como o lavrador cultiva a sua terra e usa o suor para abrandar a dor.

Tempos difíceis. Século de dor e ódio. Música e poesia que falam daqueles que semeiam a terra e geram flores e frutos, alimentos para nosso sustento, são sempre bem vindos aos nossos ouvidos, sossega a alma e alivia o coração.


Lavrador
José Carlos Camapum Barroso
 
Lavra, lavra lavrador
A dor de todos nós
Terra que é do senhor
Que te deu esta voz
 
Lavra bem a mandioca
Fruto que irás dividir
Em nacos, em tapioca
Ou em sacos do porvir
 
Lavra e colha o feijão
Milho, batata, o arroz
Salgados na tua dor,
 
Adoçados no coração,
Desatam todos os nós
Da vida de um lavrador


quarta-feira, 22 de janeiro de 2025

ZecaBlog chega a meio milhão de visualizações de páginas

 

Neste domingo, 21 de janeiro de 2024, o ZecaBlog alcançou a marca de 500 mil visualizações desde que começou a flutuar pelo mundo digital, em fevereiro de 2011. Em outras palavras, mais retumbantes, passamos hoje (22/1) de meio milhão de leituras em nossas páginas! Temos muito o que comemorar e mais ainda a realizar pela cultura, em favor das artes, do pensamento, da liberdade e da democracia.

Esses números significam que, ao longo de menos de 14 anos, com média diária de 100 visualizações, milhares de pessoas entraram 500.230 vezes para ler alguma publicação postada nestas páginas. Parece pouco, mas é muito se levarmos em conta duas questões: não é um blog voltado para assuntos fast foods e nem conta, nunca contou, com qualquer incentivo publicitário.

Então, imaginemos assim: quem passou por este espaço tem afinidades com os temas aqui tratados. Gosta de músicas, poesias, literatura, teatro, cinema, fotografia, pintura e todos os assuntos que dizem respeito ao mundo da cultura.

Em sua maioria, as visualizações vieram do Brasil. Os Estados Unidos estão em segundo lugar, provavelmente graças à nossa imensa colônia de brasileiros por lá. O terceiro lugar foi conquistado pelos alemães. Acho que devo essa à querida sobrinha Ana Laura Campos, que mora em Hamburgo, e deve estar fazendo propaganda desse espaço por aquelas bandas.

Mas, como explicar o quarto lugar alcançado por Singapura, que deixou para trás os nossos patrícios portugueses, agora na quinta colocação. Lembro que Portugal já esteve na terceira posição e eu tenho por lá a querida sobrinha Carolina Freitas, amigos e conhecidos. Depois vêm leitores da Rússia, Canadá, França e, surpreendentemente, de Hong Kong.

Estivemos sempre preocupados com o que há de novo no mundo das artes, da cultura e do saber. Sempre foi assim e assim sempre será, desde aquele primeiro passo, dado no dia 16 de fevereiro de 2011, com a belíssima poesia Áspera Flor, do mestre Itaney Francisco Campos, desembargador, poeta e, acima de tudo, um grande amigo (para ler, clique aqui).

Também transitaram, por essa plaga, poetas-amigos e amigos-poetas, pintores, escritores, contistas, desenhistas, romancistas, músicos, compositores e instrumentistas, cantores e cantoras, e tantos outros talentos conhecidos, reconhecidos, ou não, no mundo das artes.

Ressaltamos, por aqui, a vida; a ausência de tantos que já nos deixaram; tragédia como a da Covid-19, que vivemos recentemente; desastres que abalaram culturas milenares, como a do tsunami no Japão; a beleza de festas como as proporcionadas pelo frevo, carnaval ou pelo samba, seja por aqui, pela Europa ou pelas ilhas de Cabo Verde; as festas populares, de Minas, Goiás, do Nordeste, do Sul e de todos os lugares; o bom humor e o lado cultural do futebol também ganharam espaço nestas páginas...

E assim vamos vivendo e sobrevivendo, agradecendo e agradecido, seguindo em frente, sem esquecer o passado, mas de olhos bem abertos para as coisas do presente e com o coração pronto para o futuro.

Devo agradecer sempre ao colega, amigo, jornalista e poeta Maranhão Viegas, que também tem o seu Blog do Viegas. Além de ter servido de inspiração para que eu trilhasse esse rumo, recebi dele, muito gentilmente, dicas sobre como postar, editar e manter o ZecaBlog.

Vamos em frente! Que chegue logo a marca de um milhão de visualizações de páginas. Beijos no coração minhas caríssimas e caros leitores!


terça-feira, 21 de janeiro de 2025

Viva os compositores que lutam pela sobrevivência

 

Se há uma categoria que precisa e merece ser homenageada é a dos compositores. Mais particularmente os brasileiros, que sofreram e sofrem tanto no afã de exercer com dignidade e grandeza um profissão tão nobre, e enfrentam tantos desafios e mazelas. Trato desse tema um pouco atrasado por que deveria tê-lo feito no dia 15 de janeiro próximo passado, quando se comemorou o Dia Mundial do Compositor.

Na primeira metade do século passado, penaram os nossos talentosos compositores por não serem reconhecidos como tal e receberem a valorização merecida. Tantos deles morreram pobres ou com dificuldades financeiras, vendendo direitos autorais para sobreviver minimamente.

A valorização começou a ocorrer de forma mais justa na segunda metade do século XX. O caso mais significativo foi o resgate do compositor e cantor Agenor de Oliveira, o Cartola, que andava pelas ruas do Rio de Janeiro fazendo bicos. Foi encontrado pelo jornalista Sérgio Porto, o Stanislaw Ponte Preta, lavando carros em um estacionamento. Gravou discos, fez shows e pode ter um resto de vida decente, ao lado da sua sempre querida dona Zica, em Mangueira.

A música brasileira é muito rica em melodias, ritmos e letras. Está entre as melhores do mundo. Já tivemos momentos melhores, mais criativos, mais empolgantes com a nossa riqueza musical do que os atuais. As obras musicais tornaram-se meras peças de valores comerciais – quanto mais descartáveis, mais lucrativas.

Não tenho dom para a arte de compor melodias. Mas, já tive oportunidade de fazer parcerias contribuindo com as letras das canções. Foi assim, durante muitos anos, no Carnaval dos Amigos, em Goiânia, que acontece no sábado anterior ao sábado de carnaval, com desfile de blocos e a valorização de marchinhas, frevos, marchas-rancho e sambas-de-enredo. De alguns anos pra cá, a festa foi completamente deturpada, com a inclusão de blocos de axé-music, rock-in-roll (!) e até mesmo, pasmem, música sertaneja!

Com o amigo Jorge Luiz Carvalho, fizemos algumas marchinhas, frevos, e ajudávamos a incrementar um festa que tinha originalidade, charme e interessante participação popular. Hoje virou um grande negócio. Criaram até uma tal de Liga dos Blocos! Essa instituição, com seu poder de mando de campo, quase impediu, no ano de 2023, que o Bloco dos Amigos, criador e divulgador da festa, saísse às ruas.

Também tive a oportunidade de fazer um poema, Desvario, que recebeu melodia do músico Ocelo Mendonça, da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Cláudio Santoro. Foi gravada pela bela voz do cantor Leonel Laterza.

Outra faceta foi a poesia Chorinho Chorado, que coloquei nas redes sociais à procura de uma melodia. O músico e compositor Rodrigo Kramer, de Uruaçu, fez a melodia, que foi gravada pela linda voz de Larissa Kramer.

Sinto-me parte dessas comemorações mais como admirador e divulgador da cultura brasileira. É bom lembrar que a ideia de se comemorar o Dia Mundial do Compositor surgiu no México. A origem dessa data decorreu em comemoração à fundação da Sociedade de Autores e Compositores do México (SACM), em 1945. No entanto, esta data só foi oficialmente celebrada no mundo a partir de 1983.

Então, por tudo isso e muito mais, saudemos os compositores!


domingo, 12 de janeiro de 2025

Santa Tereza, no Rio, é só vibração cultural neste domingo

O tradicional bairro de Santa Tereza, no Rio de Janeiro, está em festa no melhor estilo musical e informativo, com apresentações de reggae e palestra com o gestor cultural Gustavo Vasconcellos, de Brasília. O evento será no Centro Cultural Municipal Glória Maria, no eterno Parque das Ruínas, com show do músico Jr. China – produção de Patrícia Moreira –, levando a reggae music e muita vibração, neste domingo, das 15h às 18h.

Patrícia garante que “será um encontro vibrante, com muita música, energia positiva e um ambiente que promove a união entre as pessoas”. Segundo ela, “também uma oportunidade única para reunir fãs do reggae e admiradores de mensagens de paz, amor e resistência em um ambiente inesquecível”.

No evento, que será gratuito, a banda Bob Marley Cover fará uma homenagem especial ao artista jamaicano, que estaria fazendo 80 anos se não nos tivesse deixado tão cedo, aos 46 anos. Nas palavras do líder da banda Jr. China “um só amor, um só destino: Jah Rastafari não nos deixa sozinhos! Jah está no controle”.

O gestor cultural Gustavo Vasconcellos apresenta a palestra “Acessibilidade + Mobilidade é = Sustentabilidade?”. Nas palavras dele, “naquela bela paisagem carioca, gratuitamente, para toda a comunidade da música do Rio de Janeiro que converge ou convergirá com os pilares da trajetória desta boutique global de música, media e entretenimento baseada em Brasília e trabalhando em todo o país e pela estrada afora”.

Este domingo maravilhoso, “Cantando para Marley”, é uma realização da Prefeitura do Rio, com apoio de Tribak e Mandala (catering), Mãos Amigas (projeto de arrecadação de fundos para projetos sociais ligados ao reggae), Visto Rasta (marca de boné, camiseta e eventos) e Cachaça Crew (brindes).