Encontrei
nos alfarrábios de minha mãe um texto poético do meu saudoso e grandioso tio e
padrinho Batista Coelho Barroso. Sempre fuço os calhamaços de Iracema à procura
de peças raras e preciosas da nossa memória familiar. Fotos antigas, textos já
esquecidos, objetos e peças às vezes desfigurados pelo tempo, mas de valor
incalculável para a nossa história, brotam como passe de mágica daquelas pastas
e caixas antigas, envelhecidas...
Um
dos momentos mais belos e emocionantes que vivi foi a noite de comemoração dos
50 anos de casados de Batista e Marilha, na nossa sempre querida Uruaçu, no
interior de Goiás. O Clube Recreativo Uruaçuense estava lotado de amigos, que
eram muitos, e de parentes que se deslocaram de todos os cantos de Goiás e de
outros estados para prestigiar o evento e, ao mesmo, tempo, trazer
solidariedade ao casal.
Eles tinham acabado de perder, de forma trágica, o filho João Batista. Uma partida dolorosa, prematura, surpreendente, que abalou toda a comunidade e deixou a família sem chão para apoiar os pés. Foi um daqueles acontecimentos que marcam a todos, de forma inimaginável, para sempre, de tristezas e saudades – mais ainda, pai e mãe!
Tio
Batista leu esse poema com a voz sufocada, engasgada pela dor, porém resoluta
por que não poderia deixar de fazê-lo naquele momento tão significativo de sua
vida. Seus 50 anos de casados foram repletos de amor, solidariedade e carinho mútuos, para
com os parentes, amigos, conhecidos e mesmo para com os então desconhecidos que
o procuravam. O que dizer, então, do seu amor para com os filhos Edmar, João e Marisa?
Nós,
sobrinhos, todos, somos testemunhas dessa grandeza e ao mesmo tempo devedores
de tanto apoio que recebemos do meu padrinho Batista. A comunidade uruaçuense sempre
manifestou, e manifesta hoje e sempre, todo o respeito e gratidão que guarda dessa
figura inesquecível e inigualável.
Agora
está, ao lado de sua querida Marilha, lendo, sob as bençãos de Deus, aos ouvidos
do João, esses mesmos versos, mas, de forma suave, mansa, sem engasgar a voz...
Nosso
querido primo João é todo ouvidos, com seu jeito tímido, calado, cabeça baixa.
Não estará mais entristecido: papai e mamãe estão por aqui.
As
saudades agora são nossas.
Batista Barroso
Eu sou a brisa que beija e balança a copa florida e perfumada das árvores
Eu sou o murmúrio das águas cristalinas que desce em cascatas nas cachoeiras cantando uma canção de ninar
Eu sou o canto sonoro do sabiá apaixonado que desperta a natureza com sua sonata saudosa do alvorecer
Eu sou o sorriso meigo da criança que ainda tem esperança de um dia chegar ao esplendor de seu sonho
Eu sou o irmão pedinte que vaga maltrapilho implorando caridade
Eu sou o amor que consola a criança que chora
Eu sou o bem maior que dá equilíbrio ao universo
Eu sou o asteroide desgarrado do planeta mãe, vagando na imensidão do cosmo em busca de luz
Eu sou o sonho do sono que não desperta
Eu sou a porta sempre aberta esperando você chegar...
E agora... Que faço do meu coração que está partindo em pedaços desde que você se foi?
E agora?
Estás em tudo
E não te encontro em nada
E agora?
Sempre bom ler histórias...
ResponderExcluirToda a bela história de amor toca o coração e que linda poesia que bela declaração de amor em "E agora" emocionante 💖
ResponderExcluirMuito linda! Sr Batista foi um exemplo de pessoa humana, excelente no seu jeito de ser ! Que saudades do casal ! Meus grandes amigos, deixaram belas lembranças !
ResponderExcluirMuito bom! Gostei demais.
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