quinta-feira, 21 de junho de 2012

Dia da Música, muitas lembranças e alguma poesia

Duas maravilhas deste mundo começam com a letra M – mulher e música. Não necessariamente nesta ordem de importância, até porque, as mulheres, além de toda a beleza e encantamento, são sábias o suficiente para saberem que não dá para concorrer – e nem elas querem – com a rainha das artes.
A palavra tem origem grega: mousikê, que significa a arte das musas e, justamente por isso, incluía poesia e dança. Não é possível dizer quando o homem começou a fazer e a executar música. Seus registros não eram possíveis nos primórdios da nossa história, ao contrário da pintura, por exemplo, inscrita em cavernas. Os homens pré-históricos não fabricavam instrumentos artesanais, mas marcavam o ritmo com os pés e as mãos e podiam assoviar, uivar e gritar, o que, dependendo da harmonia, acabava virando música – isso é atávico em alguns conjuntos de rock.
Desde as suas formas mais primitivas, registradas ou não, a música sempre serviu para produzir emoções, alegrar e acalmar a alma, engrandecer o espírito, descansando e dando vida nova à mente e ao corpo.
Rendo as melhores e mais sinceras homenagens a todos os músicos no Dia da Música. Ela é uma paixão que entrou na minha vida muito cedo. Desde criança, vivia com o ouvido colado no rádio a espera dos programas musicais. Um dos passatempos preferidos da infância era atravessar a rua da minha casa para a de tia Constância, onde existia uma radiola e muitos bolachões. Nos dias de semana, não tínhamos esse privilégio, que só nos era concedido aos domingos e feriados, depois da missa, claro.
Tempos em que Uruaçu não tinha água encanada e tratada, e luz elétrica só em determinados horários. No quintal, cisterna, latada pra lavar e enxugar vasilhas... Muita música e poesia sempre andaram juntas.
No Dia da Música, um pouquinho de poesia, música de Bach, Mozart e Villa-Lobos. E ainda tem um deleite a mais: amanhã é sexta-feira.

Lembranças
José Carlos Camapum Barroso

Naquela latada tem
Velhas vasilhas vazias,
Mãos escorregadias,
Brancas de Branca,
Negras de Generosa...
Amadas e Amélias

Vasilhas luzidias
Entre dedos brilhantes
E lágrimas cortantes.
Águas que jorram...

Naquela latada tem
Um mar de água doce
Por onde Maria se foi...
Quantos baldes,
Tantas Abadias...
Tripa de porco,
Buchada de bode
E sangue de boi

Naquela latada tem
Um espelho d’água,
Rosto de meninos,
Sonhos e mágoas...

Boca de cisterna
Beirada de jirau
Maxixe no monturo
E laranja no quintal

Naquela latada tem
Gotas de orvalho,
Rio de lágrimas e suor...
Sorrisos de crianças
Segredos em dor maior...
Tantas lembranças...

Naquela latada tinha
Uma casa, uma história
Réstias de saudades
E uma foto na memória:
E como dói.


5 comentários:

  1. Que maravilha!!! um verdadeiro presente!!! (as "lembranças" e a música dos mestres...)
    abraços,

    Melissa

    ResponderExcluir
  2. Beleza, amigo ZE. Não esqueça do radio ligado na Mundial (860 Mundial...!) nas escadas da Igreja ou nos bancos das praças, ouvindo musica e sonhando com o San Conrado Hotel.As noites eram quentes e maravilhosas (só tenho boas lembranças!). Antes de dormir, um "mixidão" na casa da querida Iracema ou da saudosa Dona Nenzinha (psiu Leo, não faça barulho!!). Sempre fomos felizes, não?!!!!!! Um beijão

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Também só tenho boas lembranças, amigo Jorginho. Éramos felizes e sabíamos disso. Uruaçu é uma cidade querida que estará sempre em nosso corações. Dona Nenzinha faz parte da nossa memória, assim como tantas outras pessoas queridas que nos deixaram. Outras ainda estão entre nós e merecem reverências, como dona Iracema, minha mãe, e a nossa querida Dona Chiquita. Beijos para nós todos.

      Excluir
  3. Bela poesia meu irmão ! Nossa casa feita por vovô, nossa infância onde brigávamos pouco e nos amávamos muito ! A adolescência ladeada de bons amigos, música, poesia e sonhos. Uruaçu nos deu muito, córregos ao lado de casa, e limpo.Quintais cheios de frutas, galinhdas na madrugada . Fomos felizes e até hoje sou feliz quando lá estou . Bela volta as raízes ! Parabéns !

    ResponderExcluir
  4. Voltar às raízes é sempre muito bom, né, minha irmã. E você é uma privilegiada porque vai com frequência para nossa terrinha. Nossas lembranças são essas e outras. Depois vou cavucar mais um bocadinho. Beijos.

    ResponderExcluir