quarta-feira, 27 de junho de 2012

O Okê, Okê de Roque Ferreira e outros quês a mais

Roque Ferreira, baiano, é cantor e compositor há mais de três décadas, mas só no ano passado gravou seu primeiro CD solo: Tem Samba no Mar. A exemplo de Cartola, Roque Ferreira compôs belos sambas sozinho e com parceiros, mas só conseguiu gravar seu próprio disco aos 56 anos de idade. Roque é um fenômeno do samba feito na Bahia, principalmente do samba de roda.
Suas composições têm musicalidade, muito ritmo e letras belíssimas. Surgiu no cenário musical no LP Esperança de Clara Nunes, em 1979. De lá pra cá, tornou-se uma realidade, abrilhantando discos de Zeca Pagodinho, Dudu Nobre, Elton Medeiros, Martinho da Vila e Beth Carvalho. Sem falar na participação marcante no CD Oásis de Maria Bethânia, um dos mais belos discos deste ano. Roque contribuiu com três canções, sendo uma inédita: Casablanca, que reproduzo abaixo.
Além dessa vertente artística mostrada em seu próprio disco, que valoriza muito o ritmo – basta ouvir a canção Oxossi postada abaixo –, e também o estilo samba-canção, romântico, presente no trabalho de Bethânia, Roque ganhou uma roupagem interessante de Roberta Sá e do Trio Madeira Brasil (foto abaixo), que fizeram, em 2010, o CD que ganhou o nome saboroso de Quando o Canto é Reza.
A verdade é que a MPB, graças às infinitas possibilidades abertas pelo samba, ganhou um impulso extraordinário da década passada pra cá, com o surgimento de músicos, cantores e cantoras de altíssimo nível. Esse pessoal do Trio Madeira Brasil é de um talento de dar inveja, com a virtuosidade de Marcello Gonçalves (violão de sete cordas), Zé Paulo Becker (violão e viola caipira) e Ronaldo do Bandolim. Além de bons instrumentistas, sabem lidar com arranjos e harmonias. Um exemplo disso: a canção Mandinga, de Roque Ferreira, postada abaixo, com um arranjo de influência clássica que lembra uma Fuga Bachiana.
Outra vertente interessante do baiano Roque Ferreira é a roupagem dada às suas músicas pelo carioca Zeca Pagodinho. Com seu estilo popular, bem alegre e despojado, Pagodinho valoriza o samba de roda de Roque, inclusive nessa bela gravação com orquestra e back vocal da música Samba Pras Moças, que deu nome ao CD lançado em 1995.
Roque é isso e muito mais. Basta ouvir suas canções para dar a esse baiano de Nazaré das Farinhas, nascido em 1947, o valor que ele merece. E a música popular brasileira segue em frente, esbanjando talento e criatividade.



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