segunda-feira, 21 de abril de 2014

Brasília, aos 54 anos, é a mãe de todos-os-sonhos

                                                                                Foto de Ronaldo Silva
Vir para Brasília é sempre uma decisão difícil, complicada. Sair daqui é quase impossível. O motivo maior talvez seja a forma acolhedora e generosa com a qual a cidade recebe os migrantes vindos de todo e qualquer canto. Brasília é sinônimo de acolhimento, paciência e compreensão para com os que vêm pra cá em busca de um sonho.
A cidade não tem os atrativos de regiões litorâneas. Não tem a densidade cultural, histórica de cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Recife e tantas outras. Mal consegue disputar até mesmo com a jovem e vizinha cidade de Goiânia em quesitos como vida noturna, shows, barzinhos... Paul McCartney vem ao Brasil, dá show em várias cidades, mas Brasília não é incluída no roteiro. Muito triste.

                                                                             Foto de Pedro Ventura
Mas Brasília nos cativa pela sua capacidade de proporcionar oportunidades. Abre seu coração como se fosse mãe de todos os brasileiros, e mesmo dos estrangeiros. Isso nos aprisiona a ela com uma densidade impressionante. Deixá-la ainda é muito mais difícil do que vir pra cá.
Cheguei por aqui em 1973. Uma época difícil da ditadura militar, sangrenta, estúpida e inválida. Mesmo assim, Brasília estava com seus braços, como sempre, abertos, complacentes e generosos. Brasília faz 54 anos e eu estou aqui há 41 anos. Ou seja, faço parte de quase 80% de sua história. Nossos filhos, que aqui nasceram e estão sendo criados, aprofundaram essas raízes.
Sair de Brasília não é fácil, deixá-la é difícil, esquecê-la, jamais.
Parabéns, Brasília! Damos graças por nos proporcionar tantos sonhos!
 

Superquadras

José Carlos Camapum Barroso

 
Quadras quadradas,
Retângulos obtusos,
Saídas em círculos
De retas infinitas...
Triângulo (in) vértice,
Curvas imaginárias,
Onde paralelas finitas
Enfim se encontram
Entre duas asas.
 
Povo e povoado
Distantes do amanhã.
Casa e casebre...
Longe, perto, edifício...
Um mato que mata
Um sonho, pesadelo.
Árvore arvoredo...
De buscar bem cedo
Antes que o retorno
Sombrio da noite
Tire o Eixo dos eixos.
 
Brasília em brasa.
Círculo do circo
Que teima em circular.
Brasília de traços
Vistos do horizonte...
Hoje ainda de manhã,
Belas tardes de ontem.

 

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