sexta-feira, 18 de março de 2016

Caminhar é preciso, viver não é preciso




Caminhar
José Carlos Camapum Barroso


Ando como posso
Pelas ruas, descalço.
Pelos becos, calado.
Ouvindo o eco
Dos meus passos...
Na multidão, contido.
Nas filas, cabisbaixo.
Sentindo o peso
Dos meus ombros.

Quando sozinho,
Ouço uma voz rouca.
Sinto que gritei
Mais alto que pude,
Acima das montanhas.

Melhor, só o silêncio
De noites passadas
No mar de angústias.
Maior, a fome e a sede
Dos dias que virão.

Como os passos doem...
Como pernas se curvam...
Na imensidão dos tempos,
Uma passada a mais
E o presente, ausente,
Já ficou para trás...
Andar (sobre) passos
Traçados pelo destino,
Espalhados pelas aves
De arribação.

Ando como posso.
Uma mão no peito,
Outra sobre os olhos...
Passo a cada passo.
A dor é de saudade,
O sorriso é de afeição.



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