domingo, 15 de maio de 2016

Quando a poesia vence a burocracia no serviço público

Aline em seu cantinho de trabalho na Caesb
Poucas coisas neste mundo conseguem ser eficientes para driblar a burocracia do serviço público. Uma delas, que me enche de alegria, é a poesia. Já contei aqui no blog o caso do poeta que peticionou um habeas corpus, em versos, para livrar da cadeia o violão apreendido. E recebeu do juiz, também em versos, célere, elegante e justa decisão (para ler ou reler este caso, clique aqui).
Episódio semelhante se deu aqui em Brasília, mas precisamente na empresa de saneamento ambiental que eu trabalho, a Caesb. Luís Carlos Garcia, morador do bairro Lago Norte, optou por reclamar de um conta de valor bem acima do habitual por meio de um texto poético. Pela gentileza e elegância de suas palavras, chamou a atenção de todos, inclusive da Diretoria da Empresa, onde a carta foi parar. Como não tenho o texto digitalizado, reproduzo a carta aqui no formato de imagem (clicando em cada imagem, facilita a leitura).






Pra dar sequência ao viés literário da solicitação de serviço, por sorte, o texto foi parar nas mãos da supervisora Aline Santos, empregada de carreira da Caesb há cinco anos, e que confessa uma paixão inigualável pela palavra, por poesia e pela literatura. Um dom que, segundo ela, deve à sua mãe dona Hylda, já falecida. "Foi ela que me ensinou a brincar enquanto é tempo, e a ler Fernando Pessoa e Clarice Lispector no momento certo e imprescindível", relembra Aline, com um sorriso muito espontâneo nos lábios.
Por toda essa influência e pelo prazer ao trabalho que executa, decidiu responder ao senhor Luís Carlos, em versos, relatando o problema encontrado e a solução tomada pelos técnicos da Caesb. 




Como se pode notar, além de solucionar prontamente o problema - a conta de água do Luís Carlos baixou de R$ 1.150,00 para R$ 127,00 -, a Caesb, por meio de seus técnicos e da empregada Aline Santos, ainda conseguiu espaço para valorização da arte, da cultura, por intermédio da poesia e do valor das palavras, ditas e empregadas com talento. O episódio virou matéria no DFTV, segunda edição da TV Globo de Brasília. Depois, foi postada na página do G1. Quem ainda não assistiu, pode fazê-lo pelo link abaixo.
Salve a poesia, a cultura e parabéns para Aline Santos e Luís Carlos Garcia. A burocracia, desta vez, perdeu feio pro poder da arte.

http://g1.globo.com/distrito-federal/noticia/2016/05/homem-reduz-valor-de-conta-de-agua-no-df-com-queixa-em-forma-de-poesia.html 

4 comentários:

  1. Perdeu mesmo... muito feio....
    Ahhhh... quantos presentes eu ganhei...
    Obrigadas, meninos Carlos

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    1. Graças ao seu talento e sensibilidade. Nosso mundo precisa muito de atitudes assim... Parabéns.

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  2. Que delícia de notícia entre tantos atropelos
    Fazer uso da língua não devia ser pesadelo
    Dessa forma reclamante e reclamado
    Outrora seres armados
    Com ira, muchocho ou desídia
    Se valem da graça da letra
    Jogam por terra e sepultam
    A infeliz burocracia.
    (desculpem, não resisti ...)

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    1. Beleza, Carlos. Comentários assim engrandecem o blog. Obrigado pela participação.

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