segunda-feira, 25 de abril de 2016

Redes sociais - ser ou não ser virtual? Eis a questão

 

Recebi um e-mail do amigo Maranhão Viegas – o maior “irresponsável” pela existência deste ZecaBlog – comunicando gentilmente que estava encerrando sua conta no Facebook. As razões? Simples. Estava com aquilo cheio e já não aguentava mais navegar e ser navegado. Para ser fiel, reproduzo as palavras dele:
“Ando cansado dessa superficialidade virtual. Dessa enxurrada de baboseiras, de provocações baratas, de burrice concentrada, de ignorância e de ódio”. Ditas essas palavras, avisa que vai navegar em outros mares, ler livros e reaprender a ver o mundo por outras janelas...
Fica difícil discordar, apresentar argumentos que contradigam tais afirmações. É a mais perfeita síntese do que a gente vê, lê e ouve todos os dias nas redes sociais. E, a essa altura das nossas vidas, buscar novos caminhos pode e deve ser uma aventura bem excitante. O amigo, além de tudo, deu um belo título para modular sua decisão de sair do Facebook: “detox virtual”.


Umberto Eco, o escritor genial que nos deixou em fevereiro deste ano, sempre foi crítico ao que se publica, se lê e se acredita nas redes sociais. É dele a frase lapidar sobre o tema: “No momento em que todos têm direito à palavra na internet temo-la dada aos idiotas, que de outro modo nunca seriam lidos noutro sítio”.
Ele também advertiu que um dos problemas da atual civilização – a da Internet – é a perda do passado. Acrescento: também a falta de cultura, de leitura e de respeito aos que não pensam como nós. Tem razão o escritor italiano. Jamais vamos conseguir entender o presente e pensar no futuro se não nos lembrarmos do passado. E isso está intimamente associado à questão da valorização da cultura.
Uma vez que o Maranhão usou a expressão “detox virtual”, não custa lembrar que Umberto Eco disse, certa vez, que estava escandalizado e incrédulo com as pessoas que compravam (e compram) produtos para fazer crescer o cabelo quando está provado cientificamente que isso é impossível. Neste caso, trata-se do “detox capilar”.


Um bom exemplo de "redes sociais"
Brincadeiras à parte, respeito e entendo, mas discordo da decisão do amigo Maranhão de fechar suas janelas para o mundo virtual. Até disse a ele que esperamos, sinceramente, que essa pausa não seja tão longa que nos inquiete e nem tão curta que não dê a ele o sossego e a paz pretendida.
Continuo a defender que devemos estar lá, nas redes sociais, participando, discutindo, trocando ideias e informações, sempre buscando compreender esse mundo complexo, injusto e ao mesmo tempo tão fascinante. Às vezes, erramos nas nossas ponderações, mas elas não causam danos se são ditas e colocadas com a pureza da alma, ponderadas pela razão e marcadas pelo pulsar do coração.
Não existe mais o mundo sem o campo virtual. As redes sociais vieram para ficar, isso é definitivo. Cabe a todos – escritores, jornalistas, sociólogos, médicos, psicólogos, professores, enfim, a todos que atuam no universo da formação cultural – agir nesse mundo para torná-lo cada vez mais próximo do real. Quanto menos espaço tiverem os idiotas, melhor será para o futuro da humanidade.
Saravá, amigo Maranhão, é vida que segue, mas volte logo! Vamos precisar do seu talento e da sua cultura! Ou, então, a volta que o mundo dá, ficará mais difícil, camará.


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