quarta-feira, 13 de abril de 2016

Quando uma foto nos faz viajar no tempo das recordações...


Uruaçu é um pedaço de terra incrustada no coração de Goiás, do Centro-Oeste, do Brasil e do mundo – quiçá, do universo, como já tentei demonstrar aqui, em outras ocasiões, mas ainda carece de alguns cálculos matemáticos. Um lugar que nasceu de uma simples fazenda da família Fernandes, mas que, ao longo dos anos, foi agregando valores culturais, principalmente, de nordestinos e mineiros, e se tornou um recanto bem agradável, danado de bom.
Falo isso porque mexe com as entranhas da nossa alma saudosista ver uma foto como essa postada acima. Nela, estão tia Cacilda e o barbeiro Baltazar. Figuras históricas da nossa cidade. Pessoas simples, mas encorpadas por generosidades e afabilidades de matar de inveja.
Cacilda Gualberto Monteiro faz parte da história de Uruaçu e da nossa família. Sempre esteve presente lá em casa, apoiando dona Iracema, que se casou e se tornou mãe muito novinha, de 15 para 16 anos. Tia Cacilda está quase chegando aos 87 anos de idade, mantém-se jovial, alegre e com aquele ar de tranquilidade que sempre marcou seu estilo de ser.

Baltazar Cardoso é o mais legítimo representante dos antigos barbeiros, das barbearias tradicionais dos nossos tempos de criança. Como ainda está em atividade, aproveito o seu nome, seu currículo e as fotos acima para saudar e relembrar os barbeiros Valdomiro e Zé Paraibano. Aquele, um cidadão pernambucano da gema, sério,dono da barbearia que ficava lá em frente da nossa casa; este, como apelido atesta, um paraibano bem-humorado, gozador e que atraía a nossa atenção pela sua graça e presença de espírito. Na segunda foto, a barbearia do Valdomiro ficava situada no meio dessa quadra, bem atrás da primeira árvore do lado esquerdo.
Meus tempos de criança estão mais vinculados a Valdomiro e Zé Paraibano. O modus operandi de cortar nosso cabelo era simples e exótico: colocavam a mão logo acima da testa e raspavam tudo em volta. Ficava aquele topete meio punk, um tanto progressista e ao mesmo tempo horroroso de se ver.
O tempo passa rápido, mas uma simples fotografia nos faz retroceder na velocidade da luz. Salvem tia Cacilda, Baltazar e tantos outros conterrâneos.

O Tempo
José Carlos Camapum Barroso

O tempo do relógio
Não é como o dos
Sentimentos
Que passa como
Passa o vento...
Tempo de relógio
É compassado,
Ritmado, perene...
O tempo da alma
Geme, resistente.
Não passa, ou passa
Tão urgentemente
Que o coração
Não pressente
O descompasso
Entre dor e lamento...

Ah... O tempo...
É o espaço entre
O momento que se foi
E o que ainda virá...
Entre o fogo aceso
E a chama apagada
Em nossa mente...
Onde o amor, presente,
E a dor, ausente,
Tocam-se suavemente.

Ah... O tempo...
Vingança divina
De deuses em ruína
Na imensidão do Universo,
Na exatidão dos versos
De um poeta qualquer...
Quão desmedido é o tempo!

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