Uruaçu
é um pedaço de terra incrustada no coração de Goiás, do Centro-Oeste, do Brasil
e do mundo – quiçá, do universo, como já tentei demonstrar aqui, em outras
ocasiões, mas ainda carece de alguns cálculos matemáticos. Um lugar que nasceu
de uma simples fazenda da família Fernandes, mas que, ao longo dos anos, foi
agregando valores culturais, principalmente, de nordestinos e mineiros, e se
tornou um recanto bem agradável, danado de bom.
Falo
isso porque mexe com as entranhas da nossa alma saudosista ver uma foto como
essa postada acima. Nela, estão tia Cacilda e o barbeiro Baltazar. Figuras
históricas da nossa cidade. Pessoas simples, mas encorpadas por generosidades e
afabilidades de matar de inveja.
Cacilda
Gualberto Monteiro faz parte da história de Uruaçu e da nossa família. Sempre
esteve presente lá em casa, apoiando dona Iracema, que se casou e se tornou mãe
muito novinha, de 15 para 16 anos. Tia Cacilda está quase chegando aos 87 anos
de idade, mantém-se jovial, alegre e com aquele ar de tranquilidade que sempre
marcou seu estilo de ser.
Baltazar
Cardoso é o mais legítimo representante dos antigos barbeiros, das barbearias
tradicionais dos nossos tempos de criança. Como ainda está em atividade,
aproveito o seu nome, seu currículo e as fotos acima para saudar e relembrar os
barbeiros Valdomiro e Zé Paraibano. Aquele, um cidadão pernambucano da gema, sério,dono da barbearia
que ficava lá em frente da nossa casa; este, como apelido atesta, um paraibano bem-humorado,
gozador e que atraía a nossa atenção pela sua graça e presença de espírito. Na
segunda foto, a barbearia do Valdomiro ficava situada no meio dessa quadra, bem atrás
da primeira árvore do lado esquerdo.
Meus
tempos de criança estão mais vinculados a Valdomiro e Zé Paraibano. O modus
operandi de cortar nosso cabelo era simples e exótico: colocavam a mão logo acima
da testa e raspavam tudo em volta. Ficava aquele topete meio punk, um tanto
progressista e ao mesmo tempo horroroso de se ver.
O
tempo passa rápido, mas uma simples fotografia nos faz retroceder na velocidade
da luz. Salvem tia Cacilda, Baltazar e tantos outros conterrâneos.
O Tempo
José Carlos Camapum Barroso
O tempo do relógio
Não é como o dos
Sentimentos
Que passa como
Passa o vento...
Tempo de relógio
É compassado,
Ritmado, perene...
O tempo da alma
Geme, resistente.
Não passa, ou passa
Tão urgentemente
Que o coração
Não pressente
O descompasso
Entre dor e lamento...
Ah... O tempo...
É o espaço entre
O momento que se foi
E o que ainda virá...
Entre o fogo aceso
E a chama apagada
Em nossa mente...
Onde o amor, presente,
E a dor, ausente,
Tocam-se suavemente.
Ah... O tempo...
Vingança divina
De deuses em ruína
Na imensidão do Universo,
Na exatidão dos versos
De um poeta qualquer...
Quão desmedido é o tempo!
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