quarta-feira, 15 de março de 2017

Poesia sobre a Natureza e os que se vão


A natureza não precisa de palavras. Ela fala por si só. Os poetas percebem e são capazes de expressar essa característica, razão maior de toda a beleza que salta aos nossos olhos e que, muitas vezes, nos emociona. É o que minha irmã Juracema, com sensibilidade, nos mostra nesse poema postado nas redes sociais. Na mesma semana, o conterrâneo e amigo Ítalo Campos fazia circular esse poema tão expressivo aos que se vão, longe, muito além da imaginação, quando embalados pelas asas “que mantêm o desejo”.


Resolvi juntar essas peças neste espaço. Quem sabe, abrir as portas para uma leitura menos diluída e mais literária desses dois textos tão interessantes. Crônicas, poesias, músicas e tantas outras manifestações artísticas andam meio soltas, por aí, nesses tempos de comunicação on line, instantânea, interativa, mas, ao mesmo tempo, tão dispersa.
Então, que falem os poetas. Mesmo que seja aos que se foram ou ao silêncio eloquente da Natureza.


Natureza silente
Juracema Barroso Camapum

Deste silêncio intenso
O que nasce, nasce de súbito,
Fim da procura se fechando...

Fitar a alma confundida,
Ter um centro no mundo,
Lançar ao vento tantas perguntas -
O riacho cantante traz suspiros
Ao corpo imerso e pleno.

Rescaldado sol do cerrado,
Alegria feminina no silêncio do sol.
Sons da natureza ao alcance, 
Personalidade que ri, grita, ama e chora.

Compartilhar os amores da natureza
As maravilhas observadas no silêncio
Transparente, receptivo e calmo.


Aos que se vão
Ítalo Campos

Posto que asas não são postas
às cobras e aos ratos,
porque esses vivem de rastros
e restos de chão,
para trajetos curtos, rumos pequenos,
os que se arrastam
não chegam.


E se têm desejos, fracos,
não os levam além, se recolhem
a pequenos frascos,
solúveis à pressão.
As asas são para outros
que vão longe,
que se atiram.
São asas que atravessam trevas,
nuvens, lugares.
São asas que transformam os
sonhos, as tristezas e a esperança.
São asas que avançam o que se lança
da imaginação.
São asas que mantêm o desejo
o que sustenta a civilização.


Posto que meus filhos não são ratos,
porque meu amor lhes deu asas,
agora partem.
E aqui ficamos com nossas asas recolhidas
a admirar os pássaros na construção
de suas novas vidas.


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