sábado, 30 de dezembro de 2017

2017 foi um ano bem musical, apesar de tantos pesares

Por mais incrível que possa parecer, o ano de 2017 foi bom demais da conta para a música brasileira. No sentido de termos tido produção de coisas boas, de qualidade, e não no sentido de que elas tenham obtido sucesso e veiculação nos meios de comunicação. A indústria cultural, como sói acontecer, valorizou a produção de baixa qualidade musical, descartável e que assegura lucro fácil, e isso vai de Anita a Wesley Safadão, passando por tanto lixo cultural que anda por aí.
Mas, este ano entra para a história musical pelo belo disco de Chico Buarque de Holanda, Caravanas; pelo trabalho cuidadoso e talentoso de Mônica Salmaso, em Caipira; também pelo CD maravilhoso de João Bosco, Mano Que Zuera; pelo álbum duplo de Hermeto Pascoal, No Mundo dos Sons; e, como se não bastasse, fomos presenteados com Viajando Com o Som, uma gravação de 1976 de Hermeto com o Grupo Vice-Versa, que estava desaparecida, com quatro faixas inéditas; além de shows maravilhosos como o de Caetano Veloso com seus filhos, entre outros.


João Bosco, um mineiro cada vez mais carioca, mostra a cidade maravilhosa, em Quantos Rios e na faixa Ultra Leve, que tem a participação de Julia Bosco. O disco traz bons arranjos e destaques para instrumentos de sopro, com a presença sempre marcante do violão do cantor e compositor. Destaque também para a gravação do clássico Sinhá, composição em parceria com Chico Buarque.
Hermeto Pascoal dispensa comentários. Sua genialidade assusta. Não é à toa que o compositor Miles Davis o considerava “o músico mais impressionante do mundo”. No álbum duplo, No Mundos dos Sons, ele homenageia cidades, lugares e músicos que ele admirava, como Tom Jobim, Carlos Malta, Edu Lobo, Chick Corea, Astor Piazzolla, Miles Davis e Ron Carter.


Viajando Com o Som é de fato uma viagem pelo som e pelas infinitas possibilidades que a musicalidade dos artistas propicia. Em 1976, depois de um belo show no Teatro Bandeirantes, em São Paulo, Hermeto e o Grupo Vice-Versa foram para o Vice-Versa Studio Session, do maestro Rogério Duprat, e gravaram quatro faixas: Dança do Pajé, Navumvavumpefoco, Natal e Casinha Pequenina. Essas quatro gravações estavam desaparecidas e foram agora resgatadas pela Far Out Recording.
Músicos que faziam parte desse Grupo Vice-Versa: Zé Eduardo Nazario (bateria), Zeca Assumpção (baixo), Lelo Nazario (piano elétrico), Toninho Horta (guitarra), o trio Mauro Senise, Raul Mascarenhas e Nivaldo Ornelas comandando a sessão de metais, além da cantora Aleuda Chaves.
Pois é, amigos e amigas aqui do ZecaBlog, 2017 foi um ano especial para a música brasileira, apesar de tantos pesares.
Que 2018 seja melhor ainda!




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