Só um ano
depois do lançamento do livro De Ponta-cabeça, da jornalista Beth
Fernandes, tive a oportunidade e o prazer de conhecê-lo e poder mergulhar, como
o título sugere, de corpo e alma nessa obra feita no formato “de bolsa” mas que
tem o tamanho do coração de poeta.
A pista
de que o leitor não fará um mergulho no escuro, de ponta-cabeça, está logo no prefácio
do sempre nosso professor Climério Ferreira, músico, poeta, cantor e compositor.
“De ponta-cabeça é que o poeta se lança na vertiginosa aventura lírica na
companhia de seus leitores ávidos dessa emoção solidária”, define Climério.
E haja
coração para tanta emoção! Em doses curtas, objetivas, sem perder a linguagem
poética, lírica, Beth nos faz viajar por temas tão próximos do cotidiano das
pessoas, como as estações, as andanças, as madrugadas, noite de lua cheia,
presenças e ausências.
É o mundo
visto pelo olhar feminino de alguém com extraordinária sensibilidade para as
coisas da vida. Fica claro que as mulheres são o ponto central dos poemas que
permeiam o livro. A autora diz que a mulher “ora apaixonada, ora ocupada nas
multitarefas, ora decepcionada, ela segue, sempre”. Ressalte-se também que De
Ponta-cabeça “é um resumo da resistência que seguimos sendo, desde o
nascimento”.
Beth começou a escrever aos 13 anos e diz que acumula escritos desde aquela época. Começou a ter apreço pela leitura bem antes, aos quatro anos de idade. Está em permanente sintonia com a arte de escrever. Como ela mesma diz: “seja como jornalista, poeta, prosadora, as letrinhas povoam meu cérebro e pedem para sair”.
Letras,
palavras, frases e versos que saem e contam, mostram, o que se passa na alma das
mulheres e destacam a capacidade de resistência que vem desde o nascimento.
"As poesias contam
o que se passa na alma, na fantasia, no dia a dia da mulher que tem mil funções
e mil faces, que só ela conhece. Pode ser o cheiro bom da casa, pode ser a
saudade doida acordada por um fio de barba esquecido na pia, pode ser a música
dos passarinhos", descreveu a autora em entrevista ao Correio Braziliense
por ocasião do lançamento do livro.
Recomendo
esse pequeno grande livro de Beth Fernandes às amigas e aos amigos aqui do blog.
Podem mergulhar de ponta-cabeça como fez a autora. Voltaremos todos à tona bem
mais felizes, engrandecidos, peito reconfortado e alma lavada.
Isso é
poesia.
Noite
de Lua
Beth Fernandes
Como
posso ser triste
se a luz
me clareia
quando
invade o quarto,
se esparrama
na cama
e faz da
insônia
alegre
vigília.
Como
posso ser só
se a luz
me atiça
tal
amante dedicado,
percorre
pele e pelos
e faz da
vigília
festa dos
sentidos.
Como
posso ser uma
se a luz
me penetra
explode
em fragmentos
dissolve
o corpo
e faz da
fêmea
sete
cores de arco-íris.
Ótima dica!
ResponderExcluirObrigada.