Professor Edson com o poeta maior Drummond |
Trago
na memória os dias de domingo. Missa, almoço familiar, jogo de futebol, beira
de rio, entre outras coisas que são marcantes desse dia da semana tão peculiar,
diferente dos demais. Lembro sempre dos preparativos para o almoço, como o frango
domingueiro era preparado naquele tempo...
Veio
tudo isso à memória ao ler um belo poema do professor Edson Arantes Júnior, poeta,
mestre e doutor em História pela Universidade Federal de Goiás (UFG), que mora em Uruaçu (GO),
nossa terrinha, aquela que já disse, e não canso de repetir, está localizada no
centro de Goiás, do Brasil, do mundo e, quiçá, do Universo – este cálculo está sendo
finalizado pelo físico norte-americano Micho Kaku, dando continuidade ao
trabalho iniciado pelo cientista Stephen Hawking, falecido em 2018.
O
poema Dia de Domingo é uma peça inspirada nas lembranças do professor
Edson, de sua infância na periferia de Goiânia. A preparação do frango de
domingo ocorria tal e qual ele narra, costurada pelas memórias de criança que
sempre têm suas particularidades. Nas minhas recordações, esse ritual está
gravado de forma bem semelhante. Ainda ocorre em algumas casas, fazendas,
sítios, nos dias de hoje.
O
amigo Edson Arantes Júnior é um professor
conceituado, respeitado e admirado não só pelas suas qualidades intelectuais, mas também
por sua atuação ativa na vida cultural de Uruaçu e da região. É membro da
Academia Uruaçuense de Letras e candidato à presidência da AUL, cuja eleição
ocorrerá no próximo 11 de novembro.
Edson mora em Uruaçu há 17 anos. Recém-formado na UFG, foi assumir a
cadeira de professor de História Antiga e Medieval da Universidade Estadual de
Goiás (UEG) – Campus Norte. Considera-se um amigo dos poetas, dos artistas e um
divulgador da cultura uruaçuense. Sobre suas atividades no campo literário, diz
simplesmente: “sou um poeta da memória, o que motiva meus textos são minhas
lembranças”.
Ótimas e bem cuidadas lembranças. Que o professor-poeta traga mais obras belas e interessantes como o poema publicado abaixo. A cultura goiana agradece.
Edson Arantes Júnior
Preso no tanque
Um frango gordo
Espera aflito
A velha pega
Mãos ágeis
Firma pés, cabeça
No fim do pescoço
Atraca o polegar
Rodopia as penas
Até estalar
Água fervente
Não pode esperar
Escalda bem
Pra limpar
Rapidamente ele está branco
No fogo ele sapeca
Daqui, dali
- Tem de queimar bem,
Pra não ficar cheiro
Leva pra pia
Lava com bucha e sabão
Seca com esmero
Começa a cortar
- Presta atenção, quem
Sabe abrir um frango
Termina com vinte e um pedaços
- Já cortou? O velho perguntava
Uma velha frigideira
Pouco óleo
O figo no fogo
Só um pouco
Pra tirar gosto
Uma dose de cachaça
Um pedaço pro menino
Tinha angu e quiabo
O frango é novo
Cuidado
De novo o velho
Dividia a moela
Com o menino
O menino não inzonava pra comer
A velha contava um causo
Era tanta
Vida
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