quarta-feira, 13 de dezembro de 2023

Seminário vê convergências entre literatura russa e brasileira

Fiódor Dostoiévski

Taí um tema que sempre me foi caro: o que há em comum entre obras literárias brasileiras e russas? Particularmente, vejo algumas boas e interessantes convergências, embora os cenários culturais sejam tão distintos. Graciliano Ramos, com sua Angústia, tem muito de Fiódor Dostoiévski, com seu Crime e Castigo e outras obras desse extraordinário escritor russo.

Esse é o tema central, enriquecido por questões diversas, do seminário “Uma Conversa Íntima - Convergências entre as Literaturas Russa e Brasileira”, encontro literário que acontecerá nesta sexta-feira (15/12), na Biblioteca Nacional de Brasília, das 19 às 21h30. Realizado pela Agência Russa Para Cooperação Internacional Humanitária “Rossotrúdnichestvo” e pelo Instituto Cultural Casa de Autores, o seminário tem o apoio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal e Biblioteca Nacional de Brasília.

Graciliano Ramos

Um dos objetivos do encontro literário é apresentar os fios semânticos que conectam os dois povos, estimulando os participantes a mergulharem no estudo dos laços culturais e humanitários através de um conhecimento mais substantivo da cultura russa.

Andrey Prokin, diretor da Casa Russa no Brasil, destaca que “apesar da distância geográfica, há temas e influências mútuas na criatividade entre os nossos países”. Segundo ele, há pontos de entrelaçamento na literatura que podem ser encontrados tanto na prosa quanto na poesia. “A cultura russa, especialmente a popular, inspirou escritores e poetas no Brasil. Autores modernos de Brasília e de Moscou, em suas obras, tentam dar respostas a questões muito semelhantes. E se o Brasil é formado a partir das ‘três raças tristes’ descritas por Vinícius de Morais, na canção deste país também há uma lágrima russa”, acrescenta Prokin.

Cecília Meireles

O fenômeno promove situações curiosas, como a relatada por Maurício Melo Júnior, presidente da Casa de Autores. “Por muitos anos um poema de Eduardo Alves da Costa circulou pela internet que teimava em atribuir o texto ao poeta russo Vladimir Maiakovski. Isso se dá por conta das experiências pessoais dos autores, marcados por questões sociais, como a pobreza e a falta de perspectiva”.

Andrei Prokin e Maurício Melo Jr.

Maurício relembra que autores como Nelson Rodrigues, por exemplo, diziam-se fortemente influenciados por Dostoiévski. Enquanto outros intelectuais brasileiros fizeram imersões na Rússia, construindo pontes. Ferreira Gullar e Jorge Amado, este bastante lido na Rússia, chegaram a morar em Moscou.

Todas essas nuances, histórias e casos poderão e deverão surgir nesse bate-papo literário, bem apropriado para uma sexta-feira... 


2 comentários:

  1. Nunca tinha imaginado essa singularidade entre as duas literaturas... Que beleza sou admirador de todos os escritores que mencionou os brasileiros e o russo.

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