quinta-feira, 18 de julho de 2024

Chapada dos Veadeiros vive a XVI Aldeia Multiétnica

A XVI Aldeia Multiétnica está sendo realizada com sucesso de público, participação e integração dos diversos povos indígenas e quilombolas, no entorno do Parque Nacional da Chapada do Veadeiros, próximo ao município de Alto Paraíso de Goiás, desde o dia 12 de julho, com final previsto para o dia 27 de julho.

Este ano, o Conselho de Lideranças Indígenas que fazem parte da rede multiétnica que coordena o evento, realizou diversas reuniões mediadas pelas plataformas online para garantir a organização do evento e da programação. Este é o primeiro ano em que é possível determinar a programação e dia das festas de cada etnia.

A Aldeia Multiétnica é um território na Chapada dos Veadeiros dedicado ao fortalecimento das culturas e lutas políticas dos povos indígenas e quilombolas, com princípios de preservação, promoção e acesso ao patrimônio material e imaterial brasileiros. Está localizada em uma área de preservação ambiental do Cerrado e reconhecida como Patrimônio Natural da Humanidade pela Unesco.

Foto: Ester Menezes

Calendário Anual – Lançada em 2007, tornou-se um ponto de encontro entre diferentes povos indígenas e entrou no calendário anual de representantes de muitos povos indígenas como Kayapó/Mebêngôkré (PA); Avá Canoeiro (GO); Krahô (TO); Fulni-ô (PE); Guarani Mbyá (SC); Xavante (MT); e Yawalapiti, Kamayurá e Waurá, do Alto Xingu (MT).

No evento, realizado em toda primeira semana da segunda quinzena do mês de julho, eles se reúnem para apresentar seus saberes, modos de fazer e usos e costumes de diversas maneiras (cantos, dança, gastronomia, pinturas corporais, arte); compartilhar as lutas por seus direitos originários e para manter suas culturas e territórios tradicionais; e debater com indígenas e não-indígenas as temáticas a respeito da realidade nas aldeias, por meio de rodas de conversa e da convivência diária com os participantes.

A Festa Kariri Xocó é marcada pelos cantos e danças tradicionais e pelas histórias e sabedorias deste povo sobre sua cultura, seu território e plantas sagradas. A Dança do Búzio marca a festa no pôr do sol, o Sopro da Cura, e muitos torés e rojões. À noite, ao redor da fogueira, contação de histórias, rezo sagrado com as mulheres e roda de cachimbo, iniciação de pawi. 

Foto: Raissa Azeredo

Saúde Indígena – Muito interessante, também, no evento é a tenda da saúde, que nasceu da ideia da  psicóloga Junguiana, Elaine Burini de entender a integração do corpo, Terra e o poder das plantas. É um ponto de atendimento aos indígenas  e não indígenas durante o evento. Nessa edição  da VXI Aldeia Multiétnica, mestres indígenas e profissionais se juntaram nesse diálogo. Dele saíram frases interessantes, como “nosso povo se livrou do covid defumando alecrim e velaminho”. Finalizaram, de mãos dadas, ao som de um canto sagrado que enleva e carrega  na fumaça e na força das vozes mais um recado aos céus.

No sábado passado (13/7), foi realizada mais uma edição da Feira de Experiências Sustentáveis do Brasil, que contou com artesãos, artesãs, associações e projetos que representam os biomas brasileiros.  Este ano a feira é apoiada pelo Sebrae, começando na Aldeia Multiétnica no dia 13 de julho, e seguindo para o Encontro de Culturas Tradicionais da Chapada dos Veadeiros, com término no dia 27 de julho.

A feira propõe uma imersão na cultura dos povos originários e comunidades tradicionais participantes a partir do comércio dos produtos da sociobiodiversidade. Foi realizada uma minuciosa curadoria que reuniu 20 expositores. Na curadoria, levaram em consideração o quanto os produtos proporcionam uma aproximação aos conhecimentos tradicionais, ancestrais, produzidos de maneira sustentável, celebrando a sociodiversidade e apoiando a economia da floresta em pé.

Foto: Sinvaline Pinheiro

Espiritualidade – Do Canadá,  região do Québec, vieram da Etnia Innu, Uauietilu, Kate e especialmente da etnia Wolastoqiyik a indígena Ivanie Aubin-Malo (foto acima). Uma moça que vive sua cultura na responsabilidade de transmiti-la aos mais jovens, após receber  espiritualmente através de uma serpente o questionamento e uma música ancestral.  A experiência transformou sua vida e hoje vive forte a  espiritualidade, repassando os conhecimentos para os mais jovens com muita garra.

No local, até o momento, existem oito casas indígenas tradicionais construídas na Aldeia, por representantes dos povos Kayapó/Mebengôkré (PA), Krahô (TO), Fulni-ô (PE), Guarani Mbyá (SC), Xavante (MT), Kariri Xocó (AL/DF), Alto Xingu (MT), Yanomami (AM) e Kalunga, do maior território remanescente quilombola do Brasil (GO). Em 2019, a Xapono, casa tradicional Yanomami, foi construída no centro da Aldeia, tornando-se um lugar de trocas e encontros entre todas as etnias. Ela foi desenhada por Davi Kopenawa, importante liderança, especialmente para aquele espaço.

PS – Informações obtidas pelo site Aldeia Multiétnica: www.aldeiamultietnica.com.br

  

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