A
XVI Aldeia Multiétnica está sendo realizada com sucesso de público, participação
e integração dos diversos povos indígenas e quilombolas, no entorno do Parque
Nacional da Chapada do Veadeiros, próximo ao município de Alto Paraíso de Goiás,
desde o dia 12 de julho, com final previsto para o dia 27 de julho.
Este ano, o Conselho de Lideranças Indígenas que fazem parte da rede multiétnica que coordena o evento, realizou diversas reuniões mediadas pelas plataformas online para garantir a organização do evento e da programação. Este é o primeiro ano em que é possível determinar a programação e dia das festas de cada etnia.
A
Aldeia Multiétnica é um território na Chapada dos Veadeiros dedicado ao
fortalecimento das culturas e lutas políticas dos povos indígenas e
quilombolas, com princípios de preservação, promoção e acesso ao patrimônio
material e imaterial brasileiros. Está localizada em uma área de preservação
ambiental do Cerrado e reconhecida como Patrimônio Natural da Humanidade pela Unesco.
Foto: Ester Menezes |
Calendário Anual – Lançada
em 2007, tornou-se um ponto de encontro entre diferentes povos indígenas e
entrou no calendário anual de representantes de muitos povos indígenas como
Kayapó/Mebêngôkré (PA); Avá Canoeiro (GO); Krahô (TO); Fulni-ô (PE); Guarani
Mbyá (SC); Xavante (MT); e Yawalapiti, Kamayurá e Waurá, do Alto Xingu (MT).
No
evento, realizado em toda primeira semana da segunda quinzena do mês de julho,
eles se reúnem para apresentar seus saberes, modos de fazer e usos e costumes
de diversas maneiras (cantos, dança, gastronomia, pinturas corporais, arte);
compartilhar as lutas por seus direitos originários e para manter suas culturas
e territórios tradicionais; e debater com indígenas e não-indígenas as
temáticas a respeito da realidade nas aldeias, por meio de rodas de conversa e
da convivência diária com os participantes.
A
Festa Kariri Xocó é marcada pelos cantos e danças tradicionais e pelas
histórias e sabedorias deste povo sobre sua cultura, seu território e plantas
sagradas. A Dança do Búzio marca a festa no pôr do sol, o Sopro da Cura, e
muitos torés e rojões. À noite, ao redor da fogueira, contação de histórias,
rezo sagrado com as mulheres e roda de cachimbo, iniciação de pawi.
Foto: Raissa Azeredo |
Saúde Indígena – Muito
interessante, também, no evento é a tenda da saúde, que nasceu da ideia da psicóloga Junguiana, Elaine Burini de
entender a integração do corpo, Terra e o poder das plantas. É um ponto de
atendimento aos indígenas e não
indígenas durante o evento. Nessa edição
da VXI Aldeia Multiétnica, mestres indígenas e profissionais se juntaram
nesse diálogo. Dele saíram frases interessantes, como “nosso povo se livrou do
covid defumando alecrim e velaminho”. Finalizaram, de mãos dadas, ao som de um
canto sagrado que enleva e carrega na
fumaça e na força das vozes mais um recado aos céus.
No
sábado passado (13/7), foi realizada mais uma edição da Feira de Experiências
Sustentáveis do Brasil, que contou com artesãos, artesãs, associações e
projetos que representam os biomas brasileiros.
Este ano a feira é apoiada pelo Sebrae, começando na Aldeia Multiétnica
no dia 13 de julho, e seguindo para o Encontro de Culturas Tradicionais da
Chapada dos Veadeiros, com término no dia 27 de julho.
A
feira propõe uma imersão na cultura dos povos originários e comunidades
tradicionais participantes a partir do comércio dos produtos da
sociobiodiversidade. Foi realizada uma minuciosa curadoria que reuniu 20
expositores. Na curadoria, levaram em consideração o quanto os produtos
proporcionam uma aproximação aos conhecimentos tradicionais, ancestrais,
produzidos de maneira sustentável, celebrando a sociodiversidade e apoiando a
economia da floresta em pé.
Foto: Sinvaline Pinheiro |
Espiritualidade – Do Canadá, região do Québec, vieram da Etnia Innu, Uauietilu, Kate e especialmente da etnia Wolastoqiyik a indígena Ivanie Aubin-Malo (foto acima). Uma moça que vive sua cultura na responsabilidade de transmiti-la aos mais jovens, após receber espiritualmente através de uma serpente o questionamento e uma música ancestral. A experiência transformou sua vida e hoje vive forte a espiritualidade, repassando os conhecimentos para os mais jovens com muita garra.
No local, até o momento, existem oito casas indígenas tradicionais construídas na Aldeia, por representantes dos povos Kayapó/Mebengôkré (PA), Krahô (TO), Fulni-ô (PE), Guarani Mbyá (SC), Xavante (MT), Kariri Xocó (AL/DF), Alto Xingu (MT), Yanomami (AM) e Kalunga, do maior território remanescente quilombola do Brasil (GO). Em 2019, a Xapono, casa tradicional Yanomami, foi construída no centro da Aldeia, tornando-se um lugar de trocas e encontros entre todas as etnias. Ela foi desenhada por Davi Kopenawa, importante liderança, especialmente para aquele espaço.
PS – Informações
obtidas pelo site Aldeia Multiétnica: www.aldeiamultietnica.com.br
Muito bom!!!!
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