O
Projeto Águas de Oxalá veio para purificar mentes e corações do povo de
Brasília. Começou segunda-feira (8/7) e vai se estender, em várias etapas, até
dia 26/7 (sexta-feira), com rituais de lavagem e oficinas abertas à comunidade
mediante inscrição, sob o comando da Mãe Francys Baiana do Acarajé ou Doné
Francys de Oyá. Um dos pontos auges da programação será neste sábado (13/7), às
17h, em Samambaia, com o ritual de lavagem para encerrar o primeiro ciclo.
Sincretismo
religioso e tradição cultural centenária estão nas raízes do projeto. Além de
celebrar essa rica manifestação cultural e religiosa nascida na Bahia, Águas de
Oxalá cumpre o importante papel de dar visibilidade à cerimônia, ajudando a
preservar valores formadores da identidade nacional. Ao mesmo tempo, produz
informação clara para auxiliar outros segmentos da sociedade a superarem
posturas racistas e preconceituosas, na medida em que compartilha a mensagem
ampla de paz e congraçamento representada pelas lavagens.
O
projeto Águas de Oxalá é realizado com recursos do Fundo de Apoio à Cultura do
Distrito Federal, através da Secretaria de Estado de Cultura e Economia
Criativa do Distrito Federal e conta com o apoio da Gerência do Complexo
Cultural de Samambaia.
“A
lavagem é um importante exemplo de como as comunidades de matriz africana estão
lutando para reivindicar seus direitos e afirmar sua cultura e religiosidade.
Temos avanços, mas também percebemos um aumento da intolerância. Há muito a ser
feito para garantir a igualdade de direitos e o respeito às diferenças no país.
Estes elementos fundamentais da nossa história devem ser valorizados, ou, no
mínimo, compreendidos como parte da diversidade cultural do Brasil. Nosso
projeto é um ato que pede paz, tolerância e, compartilha, principalmente, o
amor ao próximo”, defende Mãe Francys.
O
projeto tem duas frentes principais: os rituais de lavagens e as oficinas
abertas à comunidade mediante inscrição feita nos locais da oficina ou através
de um link em ambiente digital. Com duração de 20 horas cada, as oficinas,
oferecidas a grupos de 20 pessoas em espaços como o Complexo Cultural de
Samambaia, GRES Águia Imperial e Instituto AMPB Rancho Sol Nascente, abordarão
o ritual da Lavagem, discorrendo sobre significado, história, indumentárias,
musicalidade e culinária que fazem parte dessa tradição. Com as aulas
realizadas durante a semana, os alunos são convidados a participar das lavagens
no fim de semana, junto com a comunidade, guiados pelos orixás principais desta
celebração: Oxalá, Iemanjá e Oxum.
Os
rituais que acontecem como um cortejo de fé, união e devoção a santos católicos
e a orixás do candomblé, duram cerca de três horas. O início se dá com o
encontro de integrantes da lavagem vestidos de branco e capoeiristas,
simbolizando o encontro das águas. A partir daí, os integrantes “lavam” o local
com água de cheiro, ao som de toques de atabaque e cânticos afro-religiosos,
numa celebração ecumênica. No caso do projeto, ao final, todos confraternizarão
com música e um delicioso festival de acarajé. A tradição vem sendo difundida
por Mãe Francys há cerca de três anos, principalmente em Samambaia. Em 2022,
por exemplo, um público ainda maior teve a oportunidade de acompanhar o ritual
da lavagem em ocasiões como a posse da ministra da Cultura Margareth Menezes,
abertura do Carnaval de Brasília, aniversário da Caixa Econômica Federal e
folguedo do Boi de Seu Teodoro.
Origem – As
cerimônias de lavagem surgiram como rituais de purificação e renovação do
universo das religiões afrodescendentes. Os povos escravizados, forçados a
abandonar suas crenças, religiões e culturas na África, foram impedidos de
praticar livremente sua fé no Brasil. Como resultado, houve o surgimento de um
sincretismo religioso, que incluiu a devoção à Nossa Senhora Aparecida e outros
santos. A sua origem se dá, precisamente, na escadaria da Igreja Nosso Senhor
do Bonfim, patrimônio imaterial do Brasil.
Ritual
importante para a população e os herdeiros culturais da África, a Lavagem
representa a limpeza de todos os males, incluindo pensamentos negativos,
intolerância e racismo religioso. Ela é feita com água e ervas preparadas pelos
sacerdotes dessas religiões, onde a água, o elemento sagrado, é usada para
purificar o corpo e a alma.
Águas de Oxalá
Oficina 1 (restrita a 20 pessoas):
Local: Complexo Cultural de Samambaia
Data: De 08 a 13/07
Horário: das 14 às 18:00 (sábado, 13/7, às 17h)
Oficina 2 (restrita a 20 pessoas):
Local: GRES Águia Imperial
Data: De 15 a 19/07
Horário: das 14 às 18:00
Oficina 3 (restrita a 20 pessoas):
Local: Instituto AMPB Rancho Sol Nascente
Data: De 22 a 26/07
Horário: das 14 às 18:00
Oficina 4 (restrita a 20 pessoas): a definir
Serviço:
Inscrições no local das oficinas ou através de link disponibilizado nas redes sociais do projeto
Mais informações: aguasdeoxaladffac@gmail.com
Tiktok
Muito bom este projeto, ainda existe muito preconceito contra religião de matriz africana... Esses ações ajudam a população a entender quero que está sendo repassado, éo amor.
ResponderExcluirConcordo. Temos que fazer a nossa parte para melhorar esse cenário. Obrigado.
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