Fotógrafo pisou na bola com Ronaldo

Ronaldo, o Fenômeno, parou por que a falta de preparo físico não lhe permitia mais dominar a bola com a facilidade e o talento de sempre. Mas quem pisou na bola feio foi o fotógrafo da Agência Estado José Mariano, autor da foto acima, que invadiu a privacidade do ex-craque para fotografá-lo fumando e bebendo em sua casa. Ronaldo disse que sempre respeitou os fotógrafos, mas dessa vez vai mover processo porque abusaram da sua paciência.

O argumento, sempre recorrente, da liberdade de imprensa é insustentável nesse caso. A tese de que ele é um jogador de futebol famoso, ganha muito dinheiro com o uso da sua imagem, e que, portanto, teria que suportar o sacrifício de ter sua intimidade violada pelo interesse da comunidade, não tem respaldo. Primeiro por não existir, nesse caso, o interesse da comunidade, e também porque o jogador estava em uma festa particular, em sua casa, num momento de plena intimidade. Ele não estava na rua fumando e bebendo. Estava em sua residência, com amigos, em uma reunião social. E o curioso: não é mais jogador de futebol. Não tem que dar satisfação nem mesmo à torcida corintiana.

Diz o velho ditado que conselho, se fosse bom, não se dava, vendia-se. Mas, em função da repercussão do assunto, arrisco a dar uma sugestão aos colegas jornalistas, fotógrafos e ao público em geral: leiam o livro do mestre em Direito Arnaldo Siqueira de Lima, O Direito à Imagem - Proteção Jurídica e Limites de Violação (ilustração ao lado). Arnaldo, sim, é uma craque no assunto e jamais pisaria na bola tão feio como fez o fotógrafo da Agência Estado. O livro traz bons exemplos e faz comparações com a legislação de outros países. Principalmente, leiam o item "A imagem de pessoas que gozam de notoriedade", no capítulo 4, página 81 da quarta edição do livro. Aliás, comprem-no, vale a pena tê-lo em casa.