Escuto essa história de que o mundo
vai se acabar em tal dia, ou em determinado ano, desde os tempos de criança.
Com o passar dos anos, aprendi que isso estava mais pra conto de carochinha do
que para previsão baseada em estudos astrológicos, visões místicas ou mesmo em
algum delírio profético. Várias delas foram caindo por terra e viraram
anedotas.
Lá pelos anos de 1960, sentado na
calçada em frente à casa de meu avô, que lutava para vencer um câncer de
garganta, ouvimos de um adolescente aquela célebre frase: “mil chegará, mas de dois mil não passará”. Em outras
palavras, tratava-se da badalada previsão de que o mundo iria se acabar no ano 2000. Com
certeza, acabou para milhões e milhões de pessoas, inclusive para meu avô, que
não resistiu ao câncer.
Antes disso, antigos estudiosos do
Apocalipse garantiam que o mundo iria se acabar mil anos após o nascimento de
Jesus Cristo. Depois, mudaram a previsão para mil anos após a morte de Cristo,
no ano de 1033, com o mundo sendo consumido por labaredas de fogo. Como também
não se confirmou, um profeta do anabatismo (movimento religioso protestante),
chamado Melchior Hoffmann, resolveu estender essa previsão para um milênio e
meio depois da morte de Cristo, portanto no ano de 1533. Como o planeta não
pegou fogo, Hoffmann escapou por pouco de morrer queimado na fogueira, sendo
condenado apenas a prisão.
Os astrólogos também andaram metendo a
colher nesse mundo do catastrofismo. Previram que o mundo chegaria ao fim no
dia 1º de fevereiro de 1524, mas, dessa vez, o planeta Terra se transformaria
em um grande aquário. A inundação começaria por Londres. No dia marcado, na
capital inglesa, não caiu uma gota de água.
Essa previsão do calendário Maia, registrada
numa pedra e que decretaria o fim do mundo para o dia 21 de dezembro de 2012, portanto
amanhã para nós que vivemos no lado ocidental do planeta (os Maia também
viviam), virou piada antes mesmo de se saber se será ou não concretizada. Na
verdade, antropólogos e historiadores dizem que lá não está previsto nada com
relação à hecatombe final, mas sim, pelo contrário, fala da vinda de um senhor
dos céus, tendo em vista o fim de um ciclo numérico.
Pra aumentar ainda mais a confusão, na
pedra está registrada a data de 23 de dezembro de 2012, referindo-se ao Bactum
XIII, que significa o início de uma nova era, segundo o pesquisador José Luís
Romero, subdiretor do Instituto Nacional de Antropologia e História do México.
Por causa dessa e de tantas outras
confusões, que vieram se sucedendo através dos séculos, o melhor mesmo é
confiar desconfiando, amar intensamente, viver cada minuto como se fosse o
último, e acreditar que se o mundo não acabar amanhã, estaremos iniciando um
novo ciclo numérico, cheio de prosperidade, solidariedade e companheirismo. Talvez, por entender dessa forma, uma grupo muito grande de pessoas resolveu aguardar o fim do mundo em Alto Paraíso, Goiás.
Outra possibilidade é ironizar todas essas
maluquices e fazer como o compositor Assis Valente, que, em 1938, às vésperas de eclodir a
Segunda Grande Guerra, compôs o choro E o
Mundo Não Se Acabou, gravado por Carmen Miranda, recentemente regravado por Adriana
Calcanhoto, em estilo bem diferente.
Se sobrevivermos, vamos continuar analisando as
próximas profecias... Uma hora dessas, os profetas do apocalipse acertam.
Menos mal se acabar com a gente ouvindo a boa música brasileira, como essa de Assis Valente!
ResponderExcluirUm amigo comentou esses dias que era muita pretensão da humanidade achar que o mundo vai acabar antes dela. Não tenho como discordar.
ResponderExcluirCaro Matheus, boa observação desse seu amigo. Realmente, eu também não consigo discordar. Grande abraço.
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