quarta-feira, 11 de junho de 2014

Poesia sobre o medo, ausência do medo, fome e opressão

 

Medo de tudo
José Carlos Camapum Barroso

 
Tenho medo da dor

Que arranca da garganta

De uma criança gemidos

Oprimidos pela fome.

Que tira das entranhas

Suspiros abafados

Pelos braços da mãe,

Por lágrimas contidas

Em lábios ressacados.

Um olhar distante,

Perdido no infinito

De infinita bondade...

Medo de ser o ser

Que o nada consome

Antes mesmo de haver

O tempo dos homens.

Tenho medo de vagar

Pela escuridão dos dias

Que sucedem as noites.

Mergulhar no obscuro

Tempo do racionalismo

Que envolve a paixão.

Envolver-me no pesadelo

Dos tempos de repressão,

Acordar agasalhado

Pelos braços da opressão

Disfarçada em fantasia.

Tenho medo de tudo

Que não acaba em poesia.
 
 
 


5 comentários:

  1. Que lindo!!!!!!
    Esse tempo assusta mesmo.
    Lindamente dito por sua poesia
    Para refletirmos...

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  2. Do amigo, poeta e psicanalista Ítalo Campos, recebi o seguinte comentário por e-mail:
    "Magnífico poema sobre os nossos dias: desamparo, desafeto, desigualdades, desrespeito.
    Bjs. Italo Campos"

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  3. Lindo poema, o medo é um eterno companheiro . Parabéns !

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  4. Seu blog é muito importante para ficar tanto tempo distante.
    Voce é meu idolo, mas prefiro outras indagações
    Um beijo

    1) Fiz ranger as folhas de jornal
    abrindo-lhes as pálpebras piscantes.
    E logo
    de cada fronteira distante
    subiu um cheiro de pólvora
    perseguindo-me até em casa.
    Nestes últimos vinte anos
    nada de novo há
    no rugir das tempestades.
    Não estamos alegres,
    é certo,
    mas também por que razão
    haveríamos de ficar tristes?
    O mar da história
    é agitado.
    As ameaças
    e as guerras
    havemos de atravessá-las,
    rompê-las ao meio,
    cortando-as
    Como uma quilha corta
    as ondas
    João Bosco by Maiakovski

    2) - Todos estes que aí estão
    Atravancando "nosso" caminho,
    Eles passarão
    Eu passarinho!

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    1. É isso aí, parceiro, Jorginho. Poesia, muitas vezes, é estado de espírito. Grande e forte abraço.

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