Medo de tudo
José Carlos Camapum
Barroso
Tenho medo da dor
Que arranca da garganta
De uma criança gemidos
Oprimidos pela fome.
Que tira das entranhas
Suspiros abafados
Pelos braços da mãe,
Por lágrimas contidas
Em lábios ressacados.
Um olhar distante,
Perdido no infinito
De infinita bondade...
Medo de ser o ser
Que o nada consome
Antes mesmo de haver
O tempo dos homens.
Tenho medo de vagar
Pela escuridão dos dias
Que sucedem as noites.
Mergulhar no obscuro
Tempo do racionalismo
Que envolve a paixão.
Envolver-me no pesadelo
Dos tempos de repressão,
Acordar agasalhado
Pelos braços da opressão
Disfarçada em fantasia.
Tenho medo de tudo
Que não acaba em poesia.
Que lindo!!!!!!
ResponderExcluirEsse tempo assusta mesmo.
Lindamente dito por sua poesia
Para refletirmos...
Do amigo, poeta e psicanalista Ítalo Campos, recebi o seguinte comentário por e-mail:
ResponderExcluir"Magnífico poema sobre os nossos dias: desamparo, desafeto, desigualdades, desrespeito.
Bjs. Italo Campos"
Lindo poema, o medo é um eterno companheiro . Parabéns !
ResponderExcluirSeu blog é muito importante para ficar tanto tempo distante.
ResponderExcluirVoce é meu idolo, mas prefiro outras indagações
Um beijo
1) Fiz ranger as folhas de jornal
abrindo-lhes as pálpebras piscantes.
E logo
de cada fronteira distante
subiu um cheiro de pólvora
perseguindo-me até em casa.
Nestes últimos vinte anos
nada de novo há
no rugir das tempestades.
Não estamos alegres,
é certo,
mas também por que razão
haveríamos de ficar tristes?
O mar da história
é agitado.
As ameaças
e as guerras
havemos de atravessá-las,
rompê-las ao meio,
cortando-as
Como uma quilha corta
as ondas
João Bosco by Maiakovski
2) - Todos estes que aí estão
Atravancando "nosso" caminho,
Eles passarão
Eu passarinho!
É isso aí, parceiro, Jorginho. Poesia, muitas vezes, é estado de espírito. Grande e forte abraço.
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