sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Dia Nacional da Cachaça - saúde!


A sabedoria popular ensina que quem não sabe beber cachaça não deve se meter a besta. Aliás, como toda e qualquer bebida, precisa ser apreciada com moderação, não por questões morais, mas, sim, por questões éticas e estéticas. A cachaça, popularmente também conhecida como pinga, é uma bebida que pode ser degustada prazerosamente, tal qual um bom uísque, um vinho de qualidade, uma cerveja ou rum. Passamos a ter consciência dessa peculiaridade de algumas décadas pra cá. Isso porque o produto ganhou em qualidade, aceitabilidade no mercado, e nos tornamos mais conscientes quanto à melhor forma de aprecia-lo. 
No dia 13 de setembro, comemora-se o Dia Nacional da Cachaça. Mas o grande presente para essa bebida aconteceu mesmo em abril de 2013, quando os Estados Unidos reconheceram, finalmente, a cachaça como bebida exclusiva e genuinamente brasileira. Caiu por terra o maior preconceito para com essa bebida tão nacional quanto o samba e a paixão pelo futebol.
A cachaça é a segunda bebida mais vendida no Brasil, perdendo apenas para a cerveja, que é fermentada. O mercado brasileiro movimenta  anualmente algo em torno de um bilhão de reais com o produto, comercializando cerca de 1,3 bilhão de litros por ano. O Brasil tem como meta aumentar em até dez vezes a venda do produto no exterior em uma década. Os países que mais importam o nosso produto são justamente aqueles que, há muitos anos, reconhecem a cachaça como genuinamente brasileira: Inglaterra e Alemanha. Com a decisão dos americanos, nossas exportações vão aumentar e por consequência a produção, com geração de mais renda e empregos. Os empresários brasileiros comemoraram e nós, apreciadores dessa bebida, também, porque a tendência é termos mais investimento em qualidade.
O produto feito de forma artesanal, em alambiques de cobre, e depois curtido em toneis de madeira, vem ganhando mercado aqui e lá fora pela sua qualidade. Ao contrário de bebidas como uísques, brandies e também vinho, que vão sempre para envelhecimento em toneis de carvalho, a cachaça tem a notável particularidade de ser envelhecida em diversas madeiras. Além do próprio carvalho, usamos a umburana, bálsamo, ipê, eucalipto, jequitibá, amendoim e muitas outras. Ainda temos a expertise de envelhecer a pinga em mais de uma madeira, dando a ela a formatação de blend.

De todas elas, o amendoim, segundo especialistas, é a rainha das madeiras para o envelhecimento da cachaça. Hoje é uma madeira rara, em extinção, de extração proibida ou controlada em lei, mas ainda pode ser encontrada no Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, geralmente em reservas ou parques florestais.
O amendoim assenta o caráter, as características organolépticas (palavra que não dá pra ser dita depois de tomar uma) da cachaça, sem modificá-la significativamente. Dizem os estudiosos que, quando curtida, preparada adequadamente, essa madeira realiza o verdadeiro envelhecimento: revela e acentua as virtudes da cachaça, exibe a alma da pinga. A cor pode ser levemente alterada para o amarelo muito claro, pálido. O aroma e o gosto da verdadeira cachaça, isto é, o perfume e o sabor da cana, são preservados. O amendoim abaixa um pouco a acidez e o teor alcoólico da cachaça, mantendo o caráter e a integridade da bebida.
Como disse no início, a cachaça deve e tem que ser apreciada com moderação, engenho e arte. E pra não ficar mal na fita, eu acrescento: Se beber, não dirija!
E se dirigir, não beba, aumenta muito o risco de ficar tonto mais rapidamente.
Boa noite e saúde!
PS - Tonico e Tinoco cantam aqui que a Marvada Pinga é que me atrapaia. Na canção de Chico Buarque, o compositor diz que é "da cachaça muito mais do que do amor".



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